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25 anos do tetracampeonato


Ontem (17) completou-se 25 anos da conquista do tetra campeonato de futebol pela Seleção Brasileira de Futebol. Havia uma grande expectativa em todo o país naquele domingo, dia 17 de julho de 1994. Naquele ano, faziam 24 anos que o Brasil não chegava a uma final de Copa do Mundo. A última, o tri, tinha sido em 1970. Não tínhamos mais Pelé, então vieram outros jogadores em que depositamos confiança: Sócrates, Zico, Falcão eram os principais. Aquela bela geração de 82 e 86 que não chegou em nenhuma final. 

A primeira Copa que assisti e ainda tenho uma vaga lembrança foi a do México em 86. Lembro mais daquela derrota nos pênaltis para a França. Toda nossa família reunida em casa na sala em volta da TV com bandeirinhas verde e amarela, uma tristeza geral. A copa seguinte, de 90, tenho maiores lembranças. Passávamos o dia jogando bola no canteiro da praça da catedral, pois era o único lugar com grama. Mas só até o vigia chegar e nos botar para correr. Aí tínhamos que jogar mesmo na parte cimentada, pois as ruas ainda não tinham asfalto. Os jogos pulávamos de casa em casa. Cada jogo era na casa de alguém e em seguida, mais futebol na rua. Aquele gol do Caniggia, ah esse argentino tirando o Brasil novamente da Copa... é um dia que lembro como se fosse ontem. Nossa decepção era tão grande que passamos um bom tempo sentados na calçada ali da Travessa dos Remédios (onde assistimos o jogo na casa de um amigo) sem ter animo para bater uma bola.

Mas aquela Copa de 1994 deu uma nova esperança para o brasileiro. Principalmente depois da classificação dramática no ano anterior, com dois gols de Romário, que o técnico da Seleção não convocara durante as eliminatórias. Se tornou o nosso ídolo desde então. Todos os garotos queriam jogar nas peladas com a camisa 11, mesmo que a camisa não fosse a da Seleção Brasileira.

Meses antes já nos preparávamos para a Copa do Mundo. Camisa nova da Seleção, calção, poster dos jogadores e bandeiras do Brasil. Tudo já estava comprado. Para colocar a bandeira lá no alto da casa, tínhamos que ter uma vara bem grande que só encontrávamos na beira do rio Itapecuru, descendo a rua Porto das Pedras, próximo ao Pontão. O pontão era uma espécie de canoa que servia para atravessar o rio Itapecuru, pois a ponte de madeira tinha caído e a nova ponte só seria construída anos depois. Foguetes também comprávamos pelas imediações, o melhor local era ali na praça dos Três Corações, ao lado da casa do José Maria Machado. E lá ia a meninada, dos Três Corações subindo a Catedral, carregando um mastro com a bandeira do Brasil e caixas de pólvora, traques e foguetes.

Dia de estreia da Seleção, Brasil x Rússia, a expectativa daquele 20 de junho, segunda-feira, começou já no colégio. As freiras do São José, que eram bem rígidas quanto a disciplina de vestimentas para frequentar as aulas, permitiram que os alunos fossem com a camisa de futebol naquele dia. Fui com a minha do Flamengo. Era uma emoção só.

Durante os jogos da Copa, a turma se revessava na casa de alguém para acompanhar as partidas. Algumas na casa do Zezinho Chaves que fazia a maior festa com muita comida e refrigerante, o que todo garoto adorava. Mas os do Brasil era mesmo na residência de nossa família, que tinha espaço para receber maior numero de pessoas e a garotada eram muitas. Meu pai tinha feito uma operação no coração no mês de maio, um mês antes do inicio da Copa. Foram três pontes de safena e o repouso era essencial. Para não ter fortes emoções ele não assistia os jogos, só nos ouvia ali do quarto e aparecia no final das partidas. Mas ainda assim ele comprou alguns vinhos e tomava, contrariando as indicações médicas. Aproveitando a oportunidade, toda a garotada bebericava escondida um pouco daquele vinho também.

Um dia antes da final fui até a Rua do Comércio comprar uma fita cassete da marca TDK para gravar o jogo. Não existia internet e nem computadores disponíveis como hoje para assistir novamente um jogo. Era necessário gravar no vídeo cassete para rever cada lance daquela partida.

Naquele domingo da final a turma já estava reunida desde cedo. Foi uma agonia tremenda assistir todo o jogo, prorrogação e pênaltis. Aquele fantasma das eliminações das Copas passadas voltara a nos assombrar. Foi reza, choro, vela para santo e tudo que se podia agarrar naquele momento. Mas o final foi maravilhoso. Todos nos abraçamos com muita emoção e choro, mas dessa vez de alegria. No final saímos pelas ruas de Caxias em carreata, montados em cima dos carros, que parecia mais um comício político para aquele garoto de 13 anos de idade, pois nunca tinha visto o Brasil ser campeão mundial.

Vinte e cinco anos depois, ainda me recordo com muita emoção daqueles dias.


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