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Cem anos do eclipse total de 1919


O eclipse solar ocorrido no ano de 1919 foi marcante para a ciência. Nele foi possível comprovar a Teoria da Relatividade apresentada por Albert Einstein em 1905. Para o físico alemão a massa de um corpo deforma o espaço próximo de outro corpo, assim a propagação da luz seria desviada por essa gravidade – a deflexão da luz. Anos depois, Einstein propôs que seus estudos poderiam ser comprovados através de fotografias tiradas durante um eclipse solar total. Então vários experimentos foram feitos pelo mundo, todos sem sucesso.

O eclipse total do sol de 1919 seria o mais longo do século XX com duração aproximada de sete minutos de escuridão total. Cientes dessa oportunidade de comprovar de vez a teoria de Einstein, cientistas ingleses passaram a se organizar através de expedições na América do Sul e África, locais onde seria visto em sua totalidade. Dois pontos seriam perfeitos: A Ilha do Príncipe na África Ocidental e a cidade de Sobral, no estado brasileiro do Ceará. Assim, duas expedições rumaram cada uma para um desses pontos.

Em São Luís, embora não estivesse no ponto perfeito, seria um ótimo local para observação e um maranhense tinha conhecimento dessa importância histórica. Seu nome era José Eduardo de Abranches Moura. Engenheiro, astrônomo, militar, professor, escritor, geografo e musico. Oriundo de uma família ilustre era neto de João Antônio Garcia de Abranches, fundador do jornal O Censor de D. Martinha, fundadora do Colégio N. Sra. da Glória, primeira instituição de ensino particular para meninas no Maranhão. O intelectual Dunshee de Abranches era seu irmão mais novo.

Dr. Abranches Moura se apaixonaria pelos astros ainda jovem em São Luís, mas ao se matricular na Escola Militar no Rio de Janeiro conhecera a obra do astrônomo francês Camille Flammarion, conhecido como o ‘poeta das estrelas’. Eles acabaram se tornando grandes amigos quando o dr. Abranches Moura residiu em Paris para estudar engenharia.

Após passar por diversos estados brasileiros, dr. Abranches Moura resolve voltar a terra natal em 1916 e na Vila Jordô monta o Observatório Orion para os estudos climáticos da região. Em 1919 funda o Colégio Astronômico Camille Flammarion, o primeiro grupo de estudo amador de astronomia do Brasil.

Ao se aproximar a data do eclipse, 29 de maio, o dr. Abranches Moura movimenta a cidade no meio intelectual e social pelos jornais e debates públicos, comentando sobre aquele fenômeno astronômico. Três dias antes do evento, organizou uma conferência no Centro Português com diversas autoridades e um público de curiosos onde, com mapas e projeções luminosas, explicou aquele eclipse e os experimentos a serem realizados.

Nas primeiras horas da manhã do dia programado a população de São Luís estava com a cabeça virada para o céu, observando através de vidro esfumaçado ou então com uma bacia refletindo o sol na água. Já no Observatório Orion, dr. Abranches estava equipado com lunetas e outros utensílios próprios para os experimentos. A escuridão parcial demorou cerca de cinco minutos, tempo suficiente para animais voltarem a dormir, sombras tomarem formas curiosas na praça João Lisboa e populares rezarem com medo do fim do mundo. Os maranhenses ficaram admirados (e aliviados) após aquele fenômeno.

A expedição na África não obteve bons resultados devido ao mal tempo. Já em Sobral a observação fora um sucesso total. Finalmente a Teoria da Relatividade fora comprovada e isso, em solo brasileiro.


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