Na manhã de hoje (08/09) eu tive uma grata surpresa ao transitar pela Avenida Senador Alexandre Costa. A rotatória ‘sem pé nem cabeça’ finalmente estava sendo removida pela Prefeitura Municipal. Essa rotatória era uma das intervenções urbanas mais malucas que já inseriram no transito da cidade. E olha que ideias malucas e bizarras no urbanismo de Caxias são o que não faltam. Quem aqui se lembra de quando colocaram quebra-molas no meio da ladeira do Morro do Alecrim? E um quebra molas abaixo de semáforo na Praça Panteon? E quebra molas que existem até hoje nas avenidas para impedir automóveis de andar rápido em pista que deveria ser de trânsito rápido?
Infelizmente nem só irritação essa ‘rotatória maluca’ causava. Os acidentes ali registrados já causaram óbitos, além de inúmeras batidas entre carros e motos causando perdas materiais em ambos os lados. Freadas bruscas eram rotineiras, além dos veículos entrarem constantemente na contra mão. Por anos aquela rotatória estava ali, irritando e confundindo os condutores de veículos. Mas por que, diante de tantos problemas visíveis, ela foi construída e nunca fizeram nada para removê-la?
Para responder essa pergunta é necessário entender o procedimento padrão das politicas urbanas na maior parte das cidades brasileiras: a falta de planejamento, sua execução adequada e, principalmente, qualificação profissional. Na ausência de planos diretores, de mobilidade, de um estudo aprofundado sobre a cidade e seus problemas, essas intervenções executadas pelo Poder Publico não passam de soluções paliativas para dar a impressão de organização espacial. Em alguns casos cidades até apresentam esses planos, porem, raramente eles saem do papel como deveriam e passam a ser relativizados, geralmente por influência politica e do setor imobiliário, sempre favorecendo seus interesses particulares. Isso se dá muitas vezes devido ao desconhecimento técnico por parte de gestores, que assumem determinada pasta técnica por indicações políticos partidárias. E assim, intervenções necessárias a sociedade sequer são propostas ou na maioria das vezes, executadas de forma irregular. Foi o caso da ‘rotatória maluca’.
Uma rotatória tem uma função. É organizar e distribuir de forma adequada o trânsito de veículos quando vias se interligam ou se cruzam. Você não pode construir uma rotatória por questão estética. O Código Brasileiro de Transito trata da rotatória e suas preferencias quanto ao sentido dos veículos. As rotatórias diminuem os conflitos. E a função da antiga rotatória da avenida era gerar conflitos.
Se a ideia era construir uma rotatória para facilitar o transito na avenida e torna-la ponto de distribuição, interligando os bairros, isso nunca aconteceu. Os retornos ao longo da avenida foram mantidos, o que tornara a rotatória inútil quanto a essa função. Se os carros continuaram parando e entrando nos retornos, qual o sentido de ir até a rotatória? Ela acabou se tornando mais um retorno.
Nem mesmo a interligação entre os bairros Dinir Silva com a Vila Lobão a rotatória conseguia ter sucesso. A Rua Colinas ficou recuada, o que fazia com que o veiculo, vindo no sentido BR-316 entrasse na contra mão para poder ter acesso a Vila Lobão. Isso mesmo. A rotatória convidada o condutor a entrar na contramão (Seta vermelha). E quem seguia da Rua Colinas no Dinir Silva para a Vila Lobão entrava em duas contramão (seta amarela). Em horários de pico a rotatória virava um verdadeiro terror.
Agora é necessário um alerta. As intervenções urbanas em Caxias não podem ser feitas aleatoriamente como sempre foram. Existe uma necessidade de interligar os bairros e o trafego daquela avenida que é uma das principais vias urbanas de Caxias. E como deve ser feita agora? Com estudo e planejamento técnico.
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