Os militares não teriam tomado o governo em 1964 se não fosse o General Olímpio Mourão Filho.
A geração que tomou o governo naquele ano fora formada nas escolas militares fortemente influenciadas pelo movimento Tenentista na década de 1920. Desde então a democracia brasileira vivia no’ fio da navalha’ com os militares que, ora ou outra, ameaçavam a derrubada da presidência. Após o sucesso da campanha do Exército Brasileiro na 2º Guerra, Getúlio Vargas é derrubado pelos militares e realizada eleições onde dois militares tinham preferência: Eduardo Gomes e Eurico Gaspar Dutra, que acabou vencendo. Coincidentemente iniciava o período conhecido como Guerra Fria e o comunismo passaria a ser o inimigo a ser combatido, sendo o Exército o um dos alicerces da direita nacional.
De 1951 a 1961, todos os Presidentes eleitos sofreram tentativas de golpe militar. Getúlio acabou cometendo suicídio, Juscelino Kubitschek conseguiu barrar e Jânio Quadros só não sofreu porque era a da UDN, que tinha apoio dos militares. Mas quando este renuncia, cria uma crise onde o vice João Goulart, acusado de ‘esquerdista’ é impedido de assumir. Após imensa crise, que mudou até o sistema para o Parlamentarismo, ‘Jango’ assume a Presidência. Ele tinha a lealdade do Exército, mas muitos daquela geração começaram a conspirar para uma nova tentativa de derrubada, principalmente influenciada pelos adversários civis de Jango que visavam a cadeira da presidência. Até que na madrugada de 31 de março de 1964, o General Olímpio Mourão resolve tirar o pijama e colocar a tropa na rua.
Olímpio Mourão era mineiro, nascido no ano de 1900. Desde jovem quando se formou na Escola Militar em 1921, participou de levantes contra governos. Membro da Ação Integralista, movimento inspirado no fascismo italiano, galgou degraus até chegar no governo de Vargas entrando para o serviço secreto. Foi então que uma atitude sua mudaria a história do Brasil - pela primeira vez. Getúlio Vargas recebe em sua mesa o Plano Cohen, um plano em que os comunistas pretendiam tomar o poder. Foi a desculpa para Vargas instalar a ditadura do Estado Novo. Depois descobriu-se que o plano era falso e foi escrito pelo próprio Olímpio Mourão.
A decisão de Jango de não enfrentar a rebeldia que estava no inicio e ainda fugir, fez com que muitos militares aderissem a revolta e então se tornou um efeito dominó. Finalmente aquela geração de militares tomava o poder!
Com o Exército assumindo o controle, logo começaram a ocupar espaços. E a preocupação era ocupar os melhores espaços. A hierarquia militar parecia não ser levada em consideração e nem quem de fato foi as ruas para derrubar o governo levaria as melhores fatias do bolo.
Olímpio Mourão não pretendia assumir a Presidência da Republica e nem ser um Ditador, mas esperava algo como prêmio por aquilo tudo. Enquanto todos os conspiradores que não tinham colocado a mão na massa já comandavam algo e usufruíam do poder, ele queria a sua parte. E essa parte era a Presidência da Petrobras.
Dias depois do 31 de março, o velho General chegou à sede da Petrobras fardado para assumir a chefia daquela estatal. Foi recebido por um funcionário de carreira que explicara a ele que seria necessário um ato do Presidente o nomeando a dita função. Além disso o General deveria comprar ações da estatal, pois só um acionista poderia assumir o cargo. Mesmo responsável por derrubar um Presidente da República, ele deveria apresentar tais exigências burocráticas para assumir o controle da Petrobras. Olímpio Mourão acabou aceitando as justificativas e retornou a sua casa para providenciar a papelada, mas antes chegou a dar entrevistas como Presidente.
Pouco tempo depois o velho General era surpreendido com a noticia de que Ademar de Queiroz, Marechal do Exército, assumira a Presidência da Petrobras com toda a papelada apresentada. Em setembro Olímpio Mourão Filho acabou sendo nomeado Ministro do Supremo Tribunal Militar, cargo burocrático que ficou até 1969, quando se aposentou, lançando críticas ao regime militar e o rumo que estavam tomando.
Faleceu no Rio de Janeiro em 1972.
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