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Casino, União e Centro Artístico


O pioneirismo caxiense vai muito além das ações dos coronéis e grandes capitalistas da virada do século XIX para o XX, com as instalações de firmas, companhias e fábricas. Nossa sociedade era tão progressista que no ano de 1884 fazia circular o ‘Chrysalida’ um jornal mensal totalmente redigido por mulheres, dando voz as senhoritas e senhoras em uma época em mulheres sequer podiam andar nas ruas desacompanhadas e o feminismo no Brasil totalmente desconhecido. Outro fator marcante foi o uso da mão de obra remunerada nas fábricas quando a escravidão já estava chegando ao fim. Homens de visão, como Francisco Dias Carneiro já previam a dificuldade que o país encontraria em não se adaptarem com os novos tempos modernos, e empregava em suas fabricas trabalhadores com seus dignos salários, enquanto outras cidades entraram em decadência com a liberdade do negro.

E foi essa valorização da classe trabalhadora que Caxias tem mais um pioneirismo a ser resgatado e valorizado em sua história. Enquanto os homens da alta classe de reuniam em sociedades, como partidos políticos, clubes republicanos, Maçonaria, entre outros, a classe artística (na época operários, artesões e artificies em geral eram chamados de artistas) montavam seus clubes em defesa da classe. Clubes como ‘Sociedade Mutuo Auxilio dos Aristas Caxienses’ (1870), ‘Club Patriótico dos Artistas Caxienses’ (1890) e ‘Sociedade Beneficente de Artistas e Mecânica Caxiense’ (1893) foram os pioneiros em busca de união da categoria em prol de auxílio a seus sócios. Já no século XX dois clubes firmaram de vez essa união.

Com objetivo de auxilio mutuo, defesa da categoria e levar educação a seus filhos era fundado em 14 de julho de 1910 o Centro Artístico e Operário Caxiense. Mesmo sendo um grupo de trabalhadores das fabricas, fora fundado por patrões, como os coronéis Robert Wall e Joaquim Teixeira Junior. Ainda assim, se tornou um forte grupo de influencia politica. Por isso mesmo, para contrapor ao Centro Artístico, onde os irmãos Teixeira (Joaquim e Rodrigo Otávio) tinham certa influência e formaram um bloco político em Caxias, foi que, sob forte influencia de João Castelo Branco da Cruz, foi fundado em 01 de maio de 1915 a União Artística Operária e Eleitoral Caxiense, com diretoria exclusiva de artistas e operários. Mas o seu patrono era o médico e politico da capital Marcelino Machado, aliado da família Castelo.

Mesmo com essa divisão, as duas sociedades não entraram em conflito, convivendo pacificamente no meio cívico, social e religioso. Cada uma buscava o melhor para seus sócios, abrindo escola aos filhos dos trabalhadores que não podiam pagar por educação, levando saúde através de exames médicos e literatura, com a confecção de jornais. Para se ter uma ideia, essa forma de auxilio e luta pelo direitos de trabalhadores e operários só aconteceria no Brasil na Era Vargas na década de 1930. E o clube social da alta classe caxiense, o Casino Caxiense, que reuniria os patrões e damas da sociedade só seria fundado em 1934.

Nas décadas seguintes o Casino, União e Centro Artístico seriam os principais clubes a receberem autoridades em visita a cidade, além de cerimonias cívicas, como comemorações do dia do trabalho, aniversários, natal, etc... Carnaval? O Casino abria seus salões para a alta classe e seus filhos, e a União e Centro A. igualmente para os trabalhadores. E ambos os clubes eram rígidos quando a obediência as regras. Até mesmo a conduta de algum sócio era analisada e repreendida em reunião da diretoria, correndo o risco de ser suspenso das atividades e até expulso.

Com o passar do tempo, as fabricas fechando e os clubes perdendo seus sócios não renovando o quadro, perderam todo o glamour e força de tempos passados. O Casino está em ruinas, o Centro Artístico em pé, porem em desuso. Já a União Artística foi desapropriada pela Prefeitura para a construção de um restaurante popular com o apoio do governo do estado. Menos mal, pois assim seu belo prédio será preservado.

Interior da União Artística e Operaria Caxiense – Visita do Presidente Castelo Branco na década de 1960.

 

Salão do Casino Caxiense. Lançamento de livro de Rodrigues Marques na década de 1970, onde se vê em pé discursando, o poeta Déo Silva.


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