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O que sobra de Caxias


O texto abaixo é um artigo publicano no jornal O Pioneiro, ed. Nº 744 de 20 de setembro de 1989. Seu autor, Lisboa de Morais, fazia uma análise real da situação do acervo histórico de Caxias, logo naquele ano em que técnicos do patrimônio estadual estavam na cidade para a análise que tombou o centro no ano seguinte. Pelo visto, apagar a memória da própria não é mero acaso. É um projeto de autodestruição.

“O acervo que compõe o patrimônio histórico, artístico e cultural de Caxias tem sido covardemente adulterado através dos tempos, por pessoas que a oportunidade se dizem cobertas das melhores intenções possíveis.

As ruínas do Morro das Tabocas foram motivo de fúteis trabalhos de conservação (?) por parte de alguns que, querendo notoriedade para manter-se no poder, isolaram a área com grades (?) de madeira e bateram pregos aqui e ali. Mas foram unânimes em deixar as ruínas aos cuidados do tempo, que não perdoa, mata.

Da casa onde nasceu o Príncipe das Letras Brasileiras, Coelho Neto, nada resta. Há apenas uma placa alusiva ao fato em um prédio que abriga uma instituição que nada tem de afim com a obra do Grande Mestre.

Da modesta casa onde Gonçalves Dias passava as férias na terra natal, nada resta. Um edil (?) destruiu aquela peça insubstituível e construiu para si uma residência no local.

Que falar de Vespasiano Ramos? Pouco salvou-se!

Em um passado não tão distante que não haja que dele se recorde, embora espace a minha época, Padre Mariton (cuja genitora todo respeito me merece), enquanto brincava de modernismo, espoliou o templo secular dedicado a São Benedito, destruindo seu Altar Mor, que conheço através de antigas fotografias de casamento de meus antepassados, aqui radicados desde 1877.

Aquele piso, grosseiro, mas original do templo que serviu de paiol durante a Balaiada, foi substituído por um mais apresentável para abrigar a Cátedra Diocesana, que por sua vez foi substituído por um outro mais apresentável, que, oportunamente, será substituído por um outro mais apresentável ainda.

Milhões de cruzados gastos na restauração do hoje Centro de Cultura (?) Acadêmico José Sarney (embora ocioso) e vê-se com tristeza que adulteraram um prédio marco da arquitetura maranhense colocando umas ridículas grades de ferro em todas as suas entradas e saídas.

O Museu (?) Municipal guarda (va) réplicas de artistas famosos do mundo inteiro, mas despreza (va) a prata de casa.

Ultimamente desfraldaram mais uma hedionda batalha na guerra contra nosso patrimônio histórico-artístico cultural, substituindo, por pedras de Piracuruca, o reboco (secular ou não) do templo dedicado a São Benedito.

Será o Benedito?

Urge uma providência de quem de dever no sentido de salvar o quase nada que resta do nosso patrimônio, anteriormente riquíssimo e hoje empobrecido”.


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