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Fábio Kerouac

Um poeta caxiense em Hamburgo

A poesia ainda pulsa!


 
  • Mamãe eu quero ser poeta quando crescer.
  • Não, meu filho, poeta é vagabundo!
  • Pois eu quero ser vagabundo, mamãe!
 
Contei isso certa vez pra alguém que veio me dizer que me chamavam de vagabundo por aí, pelos becos, nas mesas e casas de pessoas de bem, pois eu era poeta. Passei fome, fui ajudado por alguns, falei poesia, fui aplaudido depois disso, viajei em nome da poesia, não viajei por não ter grana, pois era vagabundo, ou melhor, poeta, resisti e não desisti. Vim desistir anos depois, quando passei também por Caxias numa tour de despedida. Neste sábado, dia 20, um pouco da minha poesia vai estar no Arte na Praça. 
 
 
Tentei e tento ainda ficar longe de algo que fez parte da minha vida durante vários anos, mas como disse o poeta Luís Augusto Cassas "a poesia é uma droga alucinatória/mais forte que o LSD e o poder", ela não é tão fácil de ser arrancada do seu cérebro, do seu corpo, da sua memória, pois sem qualquer motivo aparente ela é despertada e uma recaída bate na tua porta e te leva para mais uma viagem sem hora e dia pra acabar. Quando você pensa que já está curada dela, a poesia, vem alguém e sopra no teu ouvido: "poeta"! E você lembra que ainda tem algo pra contar.
 
Sempre que faço uma poesia penso que aquela é a última e digo pra mim mesmo que não vou escrever mais, pois estou cansado de aplausos, já que foi só isso que ganhei pelos meus quase 30 anos de poesia, mais falada do que escrita. Mas como é um "vício" acho que uma despedida jamais será para sempre, talvez seja um até logo, um até breve, por mais que eu não queira aceitar. Tenho resistido em me manter distante dela, mas tenho tido aqui e acolá uma recaída, pois não há sinal de cura para o que talvez não seja uma doença! Ou é vadiagem?!
 
Neste sábado, dia 20 de julho, eu não vou estar em Caxias, mas um pouco da minha poesia vai estar sendo interpretada pelo ator Igor Nascimento, num evento organizado pelo cantor e artesão Fábio Alex, a atriz Thaís Tafner e amigos, que bateram na minha porta num momento em que a minha poesia estava sem sair de casa deitada no sofá vendo Netflix. A eles eu digo desde o meu lar temporário: "Merda pra vocês!"
 
 
Sábado de saudades
 
o poeta chora
o poeta ora
além da porta
que ele abre no coração
onde esconde uma oração
que o leve de volta ao Maranhão
 
ele pode voltar sem dinheiro
mas de corpo inteiro
depois de um som de Rita Ribeiro


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