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Fábio Kerouac

Um poeta caxiense em Hamburgo

Volta pra casa... me traz na bagagem: tua viagem sou eu*


Quando algum brasileiro, ou alemão, me pergunta por aqui de onde eu venho, de qual estado eu venho do Brasil, eu respondo: 
 
"Eu venho de Caxias"
 
- De Caxias, na Baixada Fluminense
 
- De Caxias, no Rio Grande do Sul?
 
Perguntam alguns… e eu respondo: 
 
"De Caxias, no Maranhão, na Região Nordeste do meu Brasil brasileiro!“ 
 
E ainda os corrijo: No Rio de Janeiro tem uma cidade de nome Duque de Caxias e não apenas Caxias. Ali no Rio Grande do Sul a cidade é Caxias do Sul.
 
Já alguns por aí até tentam me provocar dizendo que eu não nasci no Maranhão, muito menos em Caxias, e eu explico: 
 
"O ser humano Fábio de Almeida-Iwamoto (meu nome antes do casamento era Fábio Gonçalves de Almeida) nasceu às margens do Rio Parnaíba, em Guadalupe no ano de 1967. Já o poeta Fábio Kerouac, nasceu (ou surgiu) em 1992 em Caxias, na "Princesa do Sertão", em noites poéticas na companhia dos poetas Renato Meneses e Jorge Bastiani. O resto é história… com bons e muitos bons momentos mais alguns, poucos, momentos ruins. Nobody is perfect!
 
Moro há 15 anos no Velho Continente e pelo andar da carroça acho que vou morrer por aqui, mas já dei como missão pra minha esposa, caso eu morra antes dela, que leve o meu corpo já inerte e frio pra ser enterrado em terras caxienses, onde eu quero que minha alma penada perambule pela eternidade e se junte ao meu coração que deixei ali, assim como os amigos. Aliás, é dos amigos que lembro sempre, a quase todo momento, a toda espiada minha no Facebook ou no Instagram, onde os tenho sob à mira desde as terras germânicas para sentir (ou fingir) que eles estão ainda ao meu alcance.
 
Até bem pouco tempo atrás, quando eu ainda bebia a cântaros, eu costumava dizer que eu sempre tinha 10 "conto“ no bolso mas não tinha um amigo pra eu pagar uma cerveja nos quiosques ou nos bares da cidade alemã onde moro. Eles estão quase em sua maioria em Caxias. E eu longe do Morro do Alecrim, da Praça Gonçalves Dias, da Aarão Reis, da 1° de Agosto, de todos os locais que ainda formam um mapa na minha memória que envelhece aos poucos e começa a falhar esquecendo rostos, mas não o caminho de casa, o caminho de volta.
 
Não tenho dúvida em dizer que prefiro morrer em Caxias do que em Paris, já que na Cidade Luz eu não teria meu amor pela cidade correspondido, eu seria apenas mais um amante destrambelhado. Já em Caxias eu saberia onde obter o meu amor resgatado só ao sair por suas ruas que em outros tempos eu vaguei sem destino e sem medo de cruzar por um cão vira-lata ou um bêbado numa noite de lua cheia.
 
Se eu trocaria o frio europeu pelo calor infernal de nossos meses do br-o-bró eu diria que eu quero é morrer no "fogo do inferno“, mas não teria dúvida alguma em voltar a viver em Caxias se houvesse uma chance de isso acontecer. Eu voltaria hoje, no avião que parte ao meio-dia, ou a qualquer hora… Eu não quero voltar num paletó de madeira.
 
*trecho da música Simples de Coração dos Engenheiros do Hawaii


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