A minha esposa passou cinco dias trabalhando na Suíça, mais precisamente na cidade de Lausane, e quando voltou ela notou que na geladeira ainda estavam os tomates, pepinos, alface, cebola e duas latas de atum que ela havia deixado. Com um pouco de maionese e pasta de misochiru, como molho, ela fez uma bela e deliciosa salada.
"É simples fazer uma salada“, disse ela.
Com água na boca e dois hashis ("os palatinhos japoneses") na mão peguei a minha parte na salada e fui me sentar diante do meu computador e ver as notícias da noite. Não sem antes dizer pra ela:
"É fácil pra quem sabe fazer".
Comecei a comer e finalmente pude dar trégua aos biscoitos, chocolates, sanduíches e flammkuchen (uma versão francesa da pizza, muito comum na Alemanha) e maçãs golden delicious, esta a única coisa saudável do meu menu!
No dia seguinte fui à balança e… porra! 75 quilos e cravados! Fiquei em choque e resolvi agir.
"A partir de hoje eu não vou mais comer pão com três fatias de queijo derretido no trabalho e na ida e volta do meu trabalho não vou mais comer chocolate bounty*", disse eu pra mim mesmo.
Trabalhei nesse dia das 13h às 20h30min e na volta pra casa, ao descer na Estação Schlump pra trocar o metrô U2 pelo U3, uma máquina de venda automática de chocolate e outras guloseimas, tipo coca-cola e biscoitos, me seduziu desde o momento que desci do trem do metrô. Não resisti e coloquei 70 centavos na maquininha e subi a escada que dá acesso à linha U3 saboreando o meu bounty.
Já em casa eu disse à minha esposa que queria comer só salada no jantar. Ela estranhou e me perguntou o porquê. A ela revelei o meu trauma, que para mim não é por causa de uma questão de saúde estar acima dos 70 quilos, mas por uma questão de estética, já que os quilos a mais estão depositados na minha barriga. Parece até que fui à feira e comprei uma camisa com melancia!
E com maestria a minha esposa fez mais uma salada, simples, mas apetitosa!
"Ah, agora vou pagar meus pecados", pensei ao lembrar no chocolate que havia comido antes. "Mas para isso terei que me tornar um vegetariano ou um porra-louca vegano?", continuei matutando diante mais uma vez do meu computador.
Fui mais uma vez ao trabalho controlando as mãos para não atacar as minhas moedas na carteira e evitando encarar as máquinas de chocolate. Fui e voltei são e salvo! No trabalho, assim que cheguei por lá, comi um iogurte de pêssego e tomei chá de fenchel (me parece que é erva-doce em português!), que até aquele dia eu tomava pensando que ele era bom para o estômago, mas descobri que ele não é só bom para o estômago, mas ainda fortalece o coração e nervos, como também serve para perder peso, vi isso ao consultar o pai dos burros cibernéticos: o Google!
Quando cheguei em casa a minha esposa me recebeu com mais uma salada e um thai-curry, este com bastante verduras e carne. Lembrei de um episódio de 20 anos atrás:
Quando meu sobrinho, o Juninho, tinha mais ou menos 5 ou 6 anos, a mãe dele, minha irmã, o repreendeu na mesa quando ele do prato de comida não comia a salada e mal tocava no arroz, catando os pedaços de carne!
"Come a salada, menino!"
"Mãe, eu gosto é de carninha!"
Eu só gostava de carninha, assim como o meu sobrinho, mas estou aprendendo a gostar mais de salada, até já disse pra minha esposa não comprar carne por um tempo, pois eu tenho um objetivo a alcançar: jogar no lixo a camisa com melancia!
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