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Fábio Kerouac

Um poeta caxiense em Hamburgo

Não tenho sonhos… tenho objetivos!


Em Paris (maio-2019) no túmulo de Jim Morrison
 
Há sonhos impossíveis (ganhar na loto), sonhos quase impossíveis (viver eternamente um grande amor) e sonhos possíveis (pagar as contas no final do mês). Eu não me enquadro em nenhum desses casos, mas já tive essas "viagens" entre um porre e outro em um passado já distante. Desde algum tempo eu não tenho sonhos, tenho objetivos! Se os alcanço ou não, aí é outros quinhentos! Ou coisa da minha incompetência? 
 
Ali pelos 30 anos de idade eu "sonhava" em conhecer Paris, ver os túmulos de Balzac e Jim Morrison no Père Lachaise e tomar umas cervejinhas na Champs Elyseés. Aos 37 anos eu estive pela primeira vez ali, na Cidade Luz. Segundo os especialistas em sonhos e outras bobagens, eu teria de fato realizado o meu desejo, o meu sonho! Abracadabra! Não entrarei em detalhes de como eu fui parar ali, pois já é coisa do passado, é até coisa de se pensar: e daí? Eu fui lá, vi os túmulos de dois ídolos, passei na avenida principal da capital francesa (não tomei cerveja ali porque estava cara!) e conheci Montparnase, a Torre Eifel (desde o andar térreo!) e a Catedral de Notre Dame antes do fogo destruir o sonho de várias pessoas pelo mundo afora, inclusive do meu primo, o neurologista piauiense Irapuá Ricarte, a quem eu desanimei de enfrentar uma enorme fila pra entrar na igreja em 2017, quando ali eu estive outra vez em Paris para encontrá-lo na companhia da esposa, do meu tio, o poeta Elio Ferreira, e de sua mãe.
 
Envelheci e notei que os sonhos são imaginações que nos atormentam quando não atingimos o que imaginamos por um curto ou longo tempo. Alguns continuam na vã tentativa de ver seus sonhos realizados sem saber como isso vai acontecer (como num passe de mágica?), nem como isso não vai acontecer! Foi Deus que quis, dirão alguns ao envelhecerem e verem seus sonhos virarem fumaça! Deus é fiel, dirão outros ao pegar o seu primeiro vôo rumo às “Zoropas“, mas estes não põem na conta que eles pagaram do próprio bolso o bilhete da Lufthansa, Air France ou da TAP. 
 
Este ano tenho dois sonhos, ops!, objetivos! Eh! Eh! Eh! Quero ir a Charleville-Mézières e a Baghdati (Baghdati e não Bagdá, a capital de algum país árabe!). Na primeira cidade nasceu o poeta, aventureiro e negociante (Nunca viu Allen Ginsberg/Pagando michê na Alaska/Nem Rimbaud pelas tantas/Negociando escravas brancas - trechos da música Só As Mães São Felizes de Cazuza) Jean Nicolas ARTHUR RIMBAUD. Ele está enterrado na sua terra natal e eu vou ali ver o seu túmulo. 
 
ARTHUR RIMBAUD
 
Já em Baghdati, na Geórgia, eu vou ver a casa (hoje um museu) onde nasceu o poeta "russo" VLADIMIR MAIAKOVSKI  e dizer a plenos pulmões o poema A Flauta Vértebra, um dos seus poemas que me acompanha há quase 30 anos. Nunca o esqueço! está na minha memória… 
 
 
VLADIMIR MAIAKOVSKI
 
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História. 
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
 
Trecho de A Flauta-Vértebra
 
Obs.: Os objetivos já estão definidos… vou ter que trabalhar, economizar e enfrentar, por enquanto, o rigoroso inverno europeu! Eu não sonhava passar por isso!


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