Tem dias que eu pico a mula e vou pra baixa da égua! Mas nos dias normais eu vou somente até a Hauptbahnhof (a Estação Central), que fica a 25 minutos, mais ou menos, de caminhada desde a minha habitação. Costumo ir até ali quando estou de folga ou quando vou trabalhar a partir das 14h, como hoje, na casa de idosos Haus Sieberling. Este ir e vir até a Estação Central me faz sentir bem, é como se eu tivesse tomado um segundo banho. Antes de sair tomo um banho que lava o corpo, quando caminho tomo um banho que lava a alma.
Mas ir até a Hauptbahnhof tem as suas consequências, já que ir até ali me dá vontade de partir, pegar o primeiro trem estacionado ali. Como hoje! Mas não é tão fácil assim, já que não tenho tempo, não tenho grana e não posso sair de Hamburgo sem mais nem menos, de repente, deixando cachorro, gato e galinha… Não, não posso, já que tenho um compromisso com a normalidade: ir ao trabalho, ir cuidar de velhinhos alemães!
Hoje, estando ali na Estação Central com vontade de partir pra algum lugar, fiquei observando as pessoas circulando com suas mochilas nas costas e puxando suas malas, alguns de mala e cuia. Confesso que tive inveja delas e me senti triste por não poder ter a liberdade financeira de ir e vir! ou a coragem de largar tudo e partir como já fiz algumas vezes no passado que tem ficado cada vez mais distante… a coragem principalmente!
Mas não saí da Hauptbahnhof de mãos abanando, não! Circulando por ali resolvi entrar numa loja de vendas de revistas, jornais, livros e afins e de lá saí com um cartão-postal, algo que eu não fazia já há alguns anos, talvez uns três ou quatro anos. Comprei um cartão-postal mostrando o porto e a Hafencity de Hamburg mais o Lago Alster e de imediato veio na memória pra quem eu deveria enviá-lo: Cantarelli, o velho Canta! Uma das figuras que sempre tenho o prazer de encontrar quando tenho a chance de partir rumo ao Brasil, rumo à Terra de Gonçalves Dias! Pra ele, o Canta, revelei no cartão-postal quando devo partir...
Eu amanheci ouvindo notícias tristes vindo da Espanha. Elas passavam na RTVE (Rádio e Televisão Espanhola) e anunciavam a luta daquele país contra o coronavírus, uma luta em que alguns países, como a Espanha, Itália e Estados Unidos, estão perdendo neste exato momento. Por enquanto o boxeador (coronavírus) está ganhando por pontos! Não sei o porquê, mas lembrei da música Comfortably Numb, do Pink... Continuar lendo
Duas mulheres vão de mãos dadas
elas se amam
elas se dão
as mãos
e nada as deixam incomodadas...
Elas se amam... as duas mulheres de mãos dadas pela
rua...
nenhuma delas estava nua
e só andam de mãos dadas...
As mulheres de mãos dadas se amam
e de mãos dadas, as duas mulheres,
às vezes se beijam
Estão sempre por aí, sem medo do amor...
sem medo de ti, sem... Continuar lendo
São Paulo, março de 1989
Odete foi a única pessoa que nos acompanhou naquele triste e nublado domingo até à Estação da Luz. Com lágrimas nos olhos, ainda sem escancarar o choro, ela subiu no ônibus conosco até à Estação do Metrô Conceição sem dizer uma palavra. Já no metrô, ela começou a nos dar conselho e pedir que não nos metêssemos em... Continuar lendo