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Fábio Kerouac

Um poeta caxiense em Hamburgo

O que vejo na TV


O cineasta baiano Glauber Rocha teria dito certa vez que não era possível exigir coerência de um artista e eu concordo com ele! E isto se aplica a mim quando falo que não gosto, pelo menos não sinto falta, de um aparelho de TV em casa. Mas gosto de ver televisão! E vejo televisão diariamente! Em casa não é possível ver num aparelho porque o que tínhamos em casa foi dado para uma africana de Gana em 2010. Desde então o que passa na TV e que desperta o meu interesse eu vejo no meu Ipad ou no meu computador.
 
 
Aliás é o meu Ipad que coloco ao meu lado, ou melhor, ao lado do computador quando chego do trabalho por volta das 21h nos dias em que trabalho no turno da tarde. E nesse momento coloco no Tagesschau (o Jornal Nacional alemão) que é transmitido para toda a Alemanha às 20h, mas para quem perde a sua edição ao vivo é possível vê-la a partir das 21h no site do jornal, que libera o seu conteúdo na íntegra. 
 
 
Depois que me informo sobre os acontecimentos da Alemanha eu vejo a BBC World News no meu computador enquanto vejo outras páginas, seja o Facebook, seja o globo.com, seja o folhaonline, seja a vejaonline, etc. A minha noite diante da telinha acaba quase todas as noites vendo algo na Netflix. Esta eu conheci em setembro de 2018 quando estive no Brasil e de lá eu trouxe a senha do meu irmão. A Netflix tem me proporcionado bons momentos na madrugada!
 
 
Mas existe um momento em que eu vejo TV sem o auxílio do meu computador ou do meu Ipad e eu vejo num… aparelho de TV! Isto é possível no meu trabalho, já que lá tem algumas velhinhas que têm um aparelho de televisão no quarto. É nesse momento que ataco o controle remoto. Ontem, por exemplo, ao atender a Frau Borlstermann, uma senhora que não levanta mais da cama e precisa de auxílio para comer, eu selecionei um canal francês (para eu treinar o meu francês!) em que estava passando um documentário sobre formigas na Amazônia, mais precisamente em Manaus. O documentário Manaus, une ville au coeur de la jungle (Manaus, uma cidade no coração da selva) mostrava que graças às tecnologias desenvolvidas na floresta tropical as formigas poderiam viver até mesmo, sem se importarem, no coração de Manaus. 
 
 
 
Já ao levar a Frau Huthause para deitar depois do jantar eu coloquei no canal ARTE, um canal francês/alemão. Antes mesmo de começar a trocar a roupa da velhinha ainda na sua cadeira de rodas, ela precisa de uma para se locomover, eu já estava de olho num documentário sobre o fotógrafo japonês Yuichi Takaska e seu sonho: fotografar uma vez a aurora boreal no Oceano Ártico! A viagem do fotógrafo começou em Vancouver e deu pra sentir frio ao ver cenas dele no rigoroso frio canadense através do Rio Yukon até o Lago Beaufort.
 
 
 
De olho na televisão vi ainda a BBC World News no quarto de Frau Feder, uma ex-professora de inglês de 90 anos. Quando cuido dela e a levo para o seu quarto coloco sempre no canal inglês: para que eu não esqueça o meu inglês e para ela não esquecer o inglês que ela ensinava. Ontem vimos juntos, mais eu do que ela, uma matéria sobre a Volkswagen e o desenrolar do Dieselgate, um escândalo que aconteceu com a fábrica de autos alemã em 2015. Com ela termino, sempre que trabalho no turno da tarde, o meu rápido flerte com um aparelho de televisão.
 


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