*(Eu moro em Hamburgo)
"Como será viver em um país de primeiro mundo e cultura diferente, amigo?"
Vi essa pergunta no meu Instagram ao consultá-lo quando vinha chegando em casa, por volta das 20h30. A escuridão da noite ainda não tinha chegado, por isso ainda pude ver ao longe a Michaeliskirche (Igreja do Michaelis, mas pode chamar de Miguel!), um dos cartões mais famosos da cidade de Hamburgo. Em dia de folga costumo acordar por volta das 7h da manhã só pra cantar "São sete horas da manhã/Vejo Cristo da janela" desde o meu balcão lembrando Cazuza na música Um Trem Pras Estrelas.
"Me sinto como um estranho no ninho! Ainda não me acostumei! Às vezes penso que estou dentro de um cenário de um filme... quase tudo perfeitinho…", respondi para o amigo e ex-vereador Wilton Lobo, que me fez a pergunta acima. Como uma coisa puxa outra lembrei de um trecho (que transcrevo abaixo) de algo que ainda tenho na gaveta, que escrevi no ano de 2004, quando vim pela primeira vez pra Alemanha, pra Hamburgo:
"É meio-dia na Alemanha, dentro de casa está fazendo 20° graus, lá fora está fazendo 4° graus. Acabei de tomar café com a Junko, nós levantamos há poucos minutos, menos de meia hora atrás e neste momento estou ouvindo Barulhinho Bom de Marisa Monte, adoro ouvi-la, enquanto isso, enquanto escrevo, vejo através da porta de vidro que dá para o balcão, uma bela paisagem: neve nas árvores que não têm folhas, incrível, elas parecem árvores do sertão nordestino. A neve cobre as árvores e o chão, é tudo muito bonito. A neve eu vi ontem pela primeira vez quando cheguei em Frankfurt, onde eu tive que trocar de avião para chegar até aqui, em Hamburgo. No aeroporto de Frankfurt eu me senti como um alienígena no planeta Terra. Na televisão pessoas falando alemão, nos corredores pessoas falando alemão, enfim na Alemanha falando alemão e eu não entendia nada, só falei, em inglês, com os funcionários da Luftansa ao pedir informações, mas tudo bem, ali eu estava de passagem, meu destino era Hamburgo onde a minha noiva estava à minha espera."
Relendo o que escrevi lembrei que estou há 15 anos morando por aqui e foi no mês de maio de 2005 que cheguei desde o Brasil com uma permissão pra casar obtida no Consulado Alemão de Recife. Um ano antes, em 2004, eu não pensava em casar, eu não pensava em morar na Europa, muito menos na Alemanha, eu não pensava em nada disso. Desde o Brasil o único sonho que eu tinha em relação à Europa era conhecer Paris, ir ao Père Lachaise ver os túmulos de Jim Morrison e de Honoré de Bazalc e tomar umas cervejas na Avenue des Champs-Élysées. Conheci Paris, vi os túmulos de Jim e Balzac e tomei cerveja na Champs-Élysées… Mas acabei fincando os pés em terras germânicas!
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