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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Mudança de tom


 

Na coluna passada, refletimos sobre a preocupação do prefeito Fábio Gentil (PRB) em tentar aproximar a família Coutinho para seu projeto de reeleição. Mas, pelo tom do discurso que fez ao reinaugurar o Hospital Geral Gentil Filho, sábado último, 3, ficou claro que está perdendo a paciência. FG ficou muito decepcionado com a deselegância ao convite que fizera a esse grupo que lhe faz oposição. Rompendo o limite que estabelecera em não verberar contra gestões anteriores, Cabeludo não se conteve e reclamou que estão lhe fazendo uma oposição irresponsável, quando o correto era aproveitar o momento para ver com os próprios olhos o esforço de sua administração para colocar novamente de pé a rede municipal de saúde, que, convenhamos, começa exatamente pelo bom funcionamento do hospital geral.

A impressão que fica do episódio é que a oposição se sentiu incomodada com o alcance do investimento de Gentil, nitidamente em favor do bem-estar da nossa comunidade e toda a região Talvez achasse que o alcaide não teria forças para superar as grandes dificuldades financeiras porque passa a grande maioria dos municípios brasileiros. Assim, o desprestígio à solenidade, que reuniu toda classe política local, incluindo o vice-prefeito Paulo Marinho Jr. (PP), o presidente da Câmara Municipal, vereador Catulé (PRB), os vereadores de sua base de sustentação, os deputados estaduais José Gentil (PRB) e adelmo Soares (PCdoB), mais prefeitos da região, os deputados federais Cleber Verde (PRB) e André Fufuca (PP), e o vice-governador Carlos Orleans Brandão Júnior (PRB), acabou parecendo uma grande dor de cotovelo.

Previdente no que tange ao bom funcionamento da sua maior unidade de saúde, Cabeludo fez questão de destacar que não só ela, mas todos os demais postos menores da rede, agora irão dispor da medicação mais necessária ao atendimento das demandas da população, graças aos apoios que recebeu do Governo do Estado e através de emendas dos deputados Cleber Verde e André Fufuca, dois de seus aliados que tem se empenhado para ajudar Caxias. Quer dizer: o discurso que a oposição vinha fazendo, inclusive na Câmara Municipal, agora terá que ser reinventado, mesmo porque ficará muito difícil responder à ação que fechou as portas do hospital reinaugurado no final da gestão de Léo Coutinho.

Se a disposição é enfrentar mesmo Cabeludo, impedir a sua reeleição, o grupo Coutinho, ou mesmo outro que possa vir a ser formado para disputar a eleição, pois ninguém em carreira solo tem no momento musculatura para entrar na briga, precisa reunir elementos sólidos capazes de baixar a popularidade do seu governo. E, no caso dos Coutinho, se o calcanhar de aquiles parecia ser a área da saúde, a porteira fechou de vez, e nem o controle do Hospital Macrorregional será capaz de reverter o vacilo que construíram ao deixar a maternidade pública do município, construída caprichosamente por Dr. Humberto Coutinho, transformar-se em maternidade da morte, por puro amadorismo político. Outro fator que está revelando desgaste é a notória divisão de pensamento de seus correligionários. Enquanto a maioria simplesmente faz oposição, há pessoas que chegam até a reconhecer que FG está fazendo um bom governo, em meio à quebradeira econômica geral que se observa no país e na grande maioria dos municípios maranhenses.

Quando se avistarem com o governador Flávio Dino (PCdoB), e falarem sobre a visita a Caxias, participando das festividades de 196 anos de adesão a independência, o vice-governador, o presidente da Assembléia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), o secretário de Estado da Comunicação Social e Assuntos Políticos, Rodrigo Lago, o secretário de Estado de Turismo, Catulé Júnior, e o deputado estadual Ricardo Rios (PDT), certamente observarão que a família Coutinho permanece coesa em sua aliança entre os partidos PDT, PSB e Cidadania, e que é uma força considerável. Mas, daí a pensar que numa eleição seria capaz de bater agora Fábio Gentil, seria dar muito crédito ao imponderável, mesmo porque a gestão cabeluda não dá mostras de esmorecimento, pelo contrário, coleciona frutos que ampliam sua popularidade.

Fábio Gentil entre os representantes caxienses Cleide Coutinho, Adelmo Soares e seu pai, Zé Gentil. Inaugurações no 196º Aniversário da Independência de Caxias deixaram o prefeito eufórico e mais confiante em sua atuação política.

Nos três primeiros dias deste mês de agosto, foram celebrados investimentos - feitos com recursos próprios e através de emendas parlamentares ou com o apoio do Governo do Estado - em cerca de 25 veículos e mais de cem obras, 30 das quais em escolas e sete em postos de abastecimento de água de comunidades rurais. E assim, superada essa difícil etapa de recuperação da rede municipal de saúde, vem depois o Shopping do Cidadão e, mais além, algumas obras infraestruturais menores demandadas pela população. Assim, não é possível vislumbrar-se que deixe de alcançar a almejada reeleição, salvo se aparecer um fato inusitado capaz de imobilizá-lo e desacreditar sua gestão.

Não desiste

Mas, se não cede nem quer aproximação, e com o grupo mobilizado e unido, inclusive mostrando surpreendente alegria nas reuniões sociais, algo está tendo a capacidade de aglutinar os correligionários dos Coutinho, sem dúvida a maior força oposicionista local, em meio a tantos interesses comuns. É razoável admitir a necessidade de ficar-se atento ao que está se passando nas entranhas dos bastidores da política caxiense, porque alguma coisa está na berlinda e despercebida do conhecimento de quem gosta de analisar a ciência da organização, da direção e da administração do município.

Ecos de conversas reservadas em um sítio onde estiveram o vice-governador, secretários de Estado, deputados e, claro, políticos locais, por exemplo, deixaram claro que o prefeito não está fazendo o seu conjunto de obras sozinho e que cerca de 300 milhões de reais já chegaram a Caxias através das fontes mais diversas, inclusive via governo do Estado. Outro fato relevante foi a ausência do vice-prefeito Paulinho na grande maioria das solenidades do último fim de semana. E, para ampliar o quadro dúvidas e incertezas no seio da base governista, a cara amarrada que Cabeludo fez ao receber do deputado André Fufuca a notícia de que o vice-prefeito Paulinho, seu correligionário, irá assumir brevemente o seu lugar na Câmara Federal, ao afastar-se por 120 dias.

Então, deixando de lado a propaganda oficial que exorta as habilidades de Cabeludo, vê-se que nem tudo são flores no relacionamento da base governista, sobretudo após duas quebras de compromisso com agentes importantes no contexto da aliança. Parece que, de caso pensado, as duas lideranças tiveram seu espaço diminuído, e isso faz brotar rancor e ressentimento.

Nossa história mostra que muito poucas foram as gestões que tiveram a oportunidade de governar sem sofrer uma oposição, de fato, ferrenha. E a coisa invariavelmente inicia com o descontentamento de setores capazes de influir na vontade do eleitorado. Talvez seja nessa perda de confiança que os oposicionistas estejam projetando seus melhores planos de ação. E, se for assim, e tiverem no que se apoiar, assistiremos brevemente a lances de tentativas de desconstrução da imagem da atual gestão, ao ponto de fazer sua aliança quebrar, para dar lugar a uma nova opção ao governo de Caxias.

Mosca azul

Contudo, os oposicionistas sabem que tem pela frente um político com muitos anos de estrada na atividade. Só na Câmara de Vereadores, FG esteve por cerca de 20 anos e conhece muito bem como se comportam as forças no jogo político local. E dessa forma, dificilmente ele deixará escapar o poder que lhe chegou às mãos em uma eleição democrática. Só se a mosca azul o picar, o poder lhe subir à cabeça, e passar a vislumbrar que pode ser dono de tudo e a esquecer que o humor da coletividade está na razão direta da resposta que se dá a todas as demandas, por menores que sejam. Quem está à frente do poder não pode se dar ao luxo de deixar de fazer a leitura correta dos interesses que estão à sua volta, para não ser forçado a ir depois a uma batalha de desgastes, de resultado imprevisível, quando tudo parecia fácil.

Na última segunda-feira, no plenário da Assembleia Legislativa, em São Luís, foi figura destacada ao cumprimentar todos os parlamentares que iniciavam os trabalhos deste segundo semestre. Agiu como uma nova grande estrela na política maranhense, em nada lembrando a figura emotiva dos palanques da semana passada. Distribuiu na ASLEMA vasta quantidade de cd’s sobre a sua gestão, e não esqueceu de posar alegremente ao lado dos deputados caxienses Zé Gentil, seu pai, Adelmo Soares e Cleide Coutinho. Será que ainda tem esperança de reeleger-se sem oposição, ou já dá a questão como fato consumado, sonhando com voos bem mais altos do que a política local. Talvez inconscientemente já esteja vendo a atividade política como uma seara em que o céu ou as águas do mar, que parecem não ter fim, são o limite!!!


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