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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Caminhos da próxima campanha


A euforia dos seguidores do prefeito Fábio Gentil (PRB) deveria ser mais contida ao conhecerem, finalmente, o posicionamento do grupo Coutinho às próximas eleições de 2020. Em que pese o fato de que a deputada estadual Cleide Coutinho (PSD) prefere ficar na coordenação da campanha do grupo do que disputar, e aí estaria a razão da alegria dos gentilistas, que deixaram a transparecer o temor de ir para a disputa tendo pela frente a liderança do clã, a experiência nos leva a refletir que tudo em política pode mudar repentinamente. A análise vai nessa direção porque ficou claro que o que os Coutinho buscavam nesse momento era concentrar seus seguidores, desperta-los para nova luta, após a derrota supreendente que tiveram que engolir em 2016. A estratégia era faze-los se apaixonarem pela ideia de ir novamente à luta e, sim, acreditar que podem vencer.

Bocão da turma do “Já ganhei!!!”

Para corroborar essas colocações, temos a considerar que o número de postulantes à indicação para concorrer à prefeitura de Caxias, antes circunspecto a três, inicialmente (Thaís Coutinho, Júnior Martins e Magno Alves), ganhou mais duas aderências com os nomes do empresário Constantino Castro Neto e do ex-vereador Luís Lacerda. Em vez de pensar-se que o fato revela uma luta intestina, onde diferenças e interesses diversos estão se digladiando no âmbito do grupo, o mais sensato seria considerar que, independente de qualquer projeto pessoal, viceja e cresce dentro do clã um desejo ardente pela vitória, e de ir à forra. Afinal, perderam quando tinham a máquina da prefeitura nas mãos. Então, faz sentido que eles entendam, agora, que o contexto eleitoral de 2016 possa se repetir novamente.

Nenhum dos nomes que postulam indicação está interessado meramente na vitória pessoal. A aposta está na união maior do grupo, para levar à diante o trabalho que a partir de agora crescerá para destruir a imagem de seus opositores. Se cometeram erros graves antigamente, não importa. A gestão de hoje também coleciona os seus, principalmente na área de saúde, e o desemprego cresceu na cidade, com o corte abrupto de milhares de servidores do quadro funcional da prefeitura. Então, a seu modo, cada peça irá trabalhar para fortalecer os interesses da facção junto ao eleitorado. E aquele que se sobressair diante dos demais, em resultado a ser aferido por pesquisa, contará com o apoio de todos. Afinal, só a vitória interessa.

Não se espante o leitor, portanto, com o impacto das notícias e revelações que serão processadas de agora em diante na mídia e nas redes sociais. No processo democrático, o bom mesmo é que as disputas políticas se intensifiquem, e sejam até mesmo plurais, ao contrário do que vem ocorrendo normalmente por aqui, nas últimas décadas. Nossas eleições praticamente se tornaram plebiscitárias, onde você acaba apostando numa coisa ou noutra.

A que vem, seguramente, caminha para ocorrer do confronto entre os acomodados no poder e os que estão fora dele.
Resta saber se os últimos vitoriosos ainda tem força suficiente para agregar todos aliados da última eleição. Afinal de contas, vasos foram quebrados, compromissos desfeitos e mágoas se acumularam nesses quase três anos que se passaram desde a vitória que desbancou os Coutinho do poder.

Há que considerar-se também o fato de saber para onde penderá o pêndulo das candidaturas do chamado bloco alternativo, onde despontam nomes como o do empresário/radialista César Sabá, o candidato do PSOL, professor Arnaldo Rodrigues, a candidatura ainda não revelada do PT, o nome que o partido do presidente Bolsonaro (PSL) apresentará em Caxias, todas personalidades, enfim, que, além de postulantes, são formadoras de opinião junto ao eleitorado. E como em Caxias não tem segundo turno, a grande maioria, quando pressente que não tem chance, tende a se aproximar da candidatura que lhe passa mais confiança, levando consigo seus simpatizantes.

O vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (quinto da esquerda para direita) posa com o secretariado municipal e assessores

no primeiro dia do seu exercício como primeiro mandatário de Caxias.

Reagindo rapidamente à ressaca da aliança que não chegou a se concretizar, e que lhe daria o conforto de reeleger-se sem opositores capazes de atrapalhar suas pretensões, o prefeito Fábio Gentil viajou para merecidas férias de 13 dias fora do município. Deixou no seu lugar, no exercício do cargo, o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PP), em demonstração inequívoca de que são descabidas todas as conversas que caminhavam em direção a rompimento na sua base fiel de sustentação política.

Na quarta-feira, 2, à altura das 13 horas, o prefeito em exercício concedeu inclusive entrevista ao repórter/apresentador Reginaldo Pinho, na TV Guanaré, na qual deixou bem claro que as suas relações são as melhores possíveis no contexto do grupo e que tudo segue conforme o programado. Afinado com o trabalho gentilista, declarou, na ocasião, que o deputado estadual Zé Gentil (PRB) acabara de lhe trazer a notícia de que 850 mil reais de suas emendas parlamentares já estavam aprovados e destinados à recuperação da pavimentação asfáltica de Caxias.

Por isso, tendo a seu lado um companheiro que não lhe traz problemas e interpreta muito bem os humores variados da política, o prefeito Cabeludo deve tocar uma campanha sem maiores preocupações. Não obstante, é bom chamar a atenção de seus seguidores mais empolgados, a turma do já ganhou, fazê-los entender que, ao mesmo tempo que o poder oferece benefícios, prestígio, oferece também desgaste para a imagem de todos que estão a seu redor. E desgaste de imagem, em período eleitoral, é um prejuízo que todo político procura evitar. O eleitor é uma entidade sensível que, às vezes, muda o voto apenas com uma insatisfação.

Baixa secretarial

Talvez seguindo essa orientação, na noite da mesma quarta-feira, o prefeito em exercício teria usado a caneta para demitir, nada mais, nada menos, do que o secretário municipal adjunto da Saúde, Hermano Pereira, primo materno de Fábio Gentil. Se a decisão do vice será referendada pelo prefeito ao voltar das férias; se o servidor desagradou gravemente o chefe em exercício; se é um meio para afastar o nepotismo na área; se o assessor colocava embaraços para a gestão; se o gesto é o começo da prometida reforma no escalão do governo, somente os próximos dias dirão, quando a poeira da tal decisão abaixar e seus detalhes deixarem a sombra da boataria em que ainda estão adormecidos.

Contudo, como ninguém acredita que PMJ agiu por rompante e a dar uma demonstração de força que não é do seu feitio, haja vista que isso soaria como uma verdadeira declaração de guerra dentro do gentilismo, o que sobra, por enquanto, é dizer que o recado está dado, que daqui para frente todo mundo tem que andar na linha, trabalhar com os olhos voltados para o futuro da administração e tendo muito cuidado para não causar qualquer tipo de dissabor capaz de arranhar a imagem do governo municipal.

Problemas da saúde voltam à pauta de discussões na CMC

 A audiência pública para esclarecer as responsabilidades e buscar entendimento visando melhorias na Rede Municipal de Saúde voltou ao centro das discussões no plenário da Câmara de Caxias, na sessão de segunda-feira, 30/09. O tema foi abordado no grande expediente da sessão pelo líder da bancada do governo, vereador Sargento Moisés (PSD), que lamentou o fato da oposição, por duas vezes, ter impedido a realização da audiência, inclusive voltando atrás em sua proposta inicial para os vereadores discutirem o assunto na presença do diretor regional de Saúde do Estado, do diretor-geral do Hospital Macrorregional e da secretária de Saúde do município. O assunto, polêmico, despertou a participação da grande maioria dos edis presentes na sessão.

Thaís Coutinho foi criticada por Sargento Moisés ao mudar postura em relação à audiência que

foi proposta da própria vereadora líder da oposição. 

Favorável que a Casa volte a tratar o assunto em outra oportunidade, Sargento Moisés criticou a decisão da líder da oposição, vereadora Thaís Coutinho (PSB), de mudar o seu discurso quando propôs a realização da audiência, inesperadamente dizendo-se satisfeita em ouvir apenas o que a secretária de saúde do município, Maria do Socorro Melo, tinha a falar sobre o trabalho de assistência básica e urgência e emergência na rede, quando já era consenso geral de toda a bancada saber em que nível está o funcionamento de todas as unidades de saúde instaladas em Caxias.

À beira de uma ruptura

O líder do governo insistiu que os vereadores querem saber como se processa a regulação no atendimento do Hospital Macrorregional Dr. Everaldo Ferreira Aragão, gerenciado pelo Estado, que em Caxias está credenciado pelo SUS a realizar assistência em âmbito de média e alta complexidade, procedimentos de custo mais elevado. Para o vereador, a regulação no hospital é uma incógnita, parece que passa por crivo político, e o fato mais preocupante é que a população de Caxias está ficando à margem do atendimento, preferencialmente em favor de pessoas de outros municípios da região. “Estamos à beira de uma ruptura com o governo estadual por conta disso”, revelou.

Primeiro a participar da discussão, o vereador Magno Magalhães (PSD), em aparte a Sargento Moisés, reivindicou que a Câmara providencie meios da população poder interagir com os parlamentares e palestrantes quando da realização dessa audiência. Depois, acentuando que a prestação do serviço do Hospital Macrorregional já não contempla as reais necessidades da população caxiense, cobrou a falta de neurocirurgião e cardiologista na unidade. Referindo-se a esclarecimentos prestados pelo secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, Magno fez a seguinte indagação: “Porque uma cidade do porte de Caxias não tem neurocirurgia e Presidente Dutra e Santa Inês tem? Acho que o governo do Estado não está fazendo a sua parte na gestão tripartite, mas política visando candidatura a presidente da República”, denunciou.

Entrando na discussão, após ser cobrada de, como aliada de primeira hora, não reivindicar nada ao governo estadual, a líder da oposição Thaís Coutinho disse que os vereadores da situação tinham mais moral do que ela com o governador Flávio Dino, posto que já se avistaram com o governante e inclusive tiraram foto ao seu lado no Palácio dos Leões.

Estado precisa melhorar a saúde

Por sua vez, o oposicionista Edilson Martins (PSDB), falando em seguida, explicou do seu ponto de vista que até o básico na saúde de Caxias não está sendo feito. Ele criticou o prefeito Fábio Gentil (PRB), segundo ele o mais crítico parlamentar contra a saúde na gestão passada, de não estar honrando os compromissos que assumiu a prefeitura. Para Martins, o prefeito “desrespeita a cidade, coisas básicas não estão sendo feitas e, agora, está viajando de férias”. Na sua opinião, o prefeito deveria trazer, sim, um neurocirurgião para a Caxias. “Até onde eu sei, todos aqui estão unidos em torno do governador”, assinalou, em tom irônico, cobrando, em vez de divergências, a união de toda a bancada para pressionar o Estado a melhorar o serviço de saúde em Caxias.

Para Edilson Martins (e), nem o básico da saúde está sendo feito, enquanto Mário Assunção acha que a saúde do

Estado está quebrada, mas audiência tem que ser feita sem medo.

Outro vereador a apartear o primeiro orador da noite, Mário Assunção (PPS), disse que a saúde do Estado está quebrada. Segundo ele, tem pessoas de 67 anos esperando mediação no Macrorregional para receber tratamento. “Sou aliado do governador Flávio Dino, do prefeito Fábio Gentil, mas, sobretudo, do povo caxiense. Uma equipe de neurocirurgia custa 350 mil reais por mês, sem contar o que é dispensado nos equipamentos. Como vai ter em Caxias, se em Coroatá e em Presidente Dutra está deixando de atender?”, denunciou.

Audiência sem medo

Mário Assunção lembrou ainda que os vereadores de Caxias foram ao Palácio dos Leões discutir políticas públicas e que o problema maior é a falta de recursos para bancar o custeio de todo o sistema de saúde estadual. “Qual a prefeitura, neste país, que tem todas as suas contas em dia?”, inquiriu, evidenciando em seguida que o próprio governo do Maranhão tem funcionários contratados cujo pagamento está com até quatro meses de atraso.

Na concepção do vereador do PPS, não há razão para a oposição agora barrar a vinda dos representantes da saúde do Estado na região à audiência de saúde proposta pela Câmara de Caxias. “Por que esse medo? Ou fazemos uma audiência pública que seja plena ou deixamos de cobrar a responsabilidade de um ou de outro”, ressaltou ao concluir seu aparte.

Tratamento igualitário

Em aparte seguinte, o vereador Durval Júnior (PSB) teceu argumentação admitindo que na visita ao Palácio dos Leões os vereadores de Caxias pleitearam um tratamento mais igualitário da parte do governo, coisa que, até agora, não ocorreu. Lembrou que à época reivindicaram 100 quilômetros de recuperação de estradas vicinais no município, embora reconhecendo que a demanda é de solução difícil, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas pelo Estado com a estagnação da economia do país. Contudo, ele enfatizou que não perdoa a atual postura política do governador, assinalando que ele precisa se dedicar maia a resolver os problemas do Maranhão, e deixando claro que suas realizações, até agora, não lhe credenciam a alavancar uma candidatura à Presidência da República.

Para o vereador Durval Júnior (e), o Macrorregional é um hospital de porteira fechada. Magno Magalhães (d) quer

atendimento de neurocirurgia e cardiologia na unidade.

Voltando a falar de saúde, Durval declarou saber que o Hospital Macrorregional de Caxias é uma porteira fechada para o município e, ao mesmo tempo, uma porteira aberta para seus correligionários que fazem a política antiga no município. Ele citou a forma diferenciada como Caxias é tratada dentro do relacionamento com o governo estadual, destacando que a Secretaria de Estado da Saúde manda cerca de 1,5 milhão de reais para a área de atendimento em ortopedia. “Desses, o prefeito Fábio Gentil, só queria que viesse 500 mil reais para a rede municipal de saúde, mas prevaleceu a velha maneira de fazer política”, frisou.

Sempre na oposição

Segunda oradora da noite, a vereadora Thaís Coutinho, que já se manifestara sobre a questão da audiência de saúde, usou o grande expediente para dizer porque faz efetivamente oposição do governo municipal, mesmo sendo aliada, como ele, da administração estadual. “Como conversar com um prefeito que não cumpre nada, que deixa uma reunião onde tudo fica acertado, e depois não acontece nada?!!”, questionou.

De posse de uma carta lavrada, segundo ela, por professores da rede municipal de Educação, que leu da tribuna, evidenciou, no seu entendimento, a falta de compromisso do prefeito Fábio Gentil com a classe, os abonos salariais que até hoje nunca foram pagos, sem esquecer a forma como vem sendo enganada a população caxiense, através de artifícios, a exemplo de escolas demagogicamente pintadas, em vez de reformadas.

Confirmando que seu grupo não se aliará à reeleição do prefeito Fábio Gentil, fato que contestara desde o início das tratativas para tal aliança com o grupo Coutinho, assumiu que postulará, sim, a indicação para concorrer à Prefeitura de Caxias. “Se não for candidata, na escolha da pesquisa que meu grupo fará em novembro, trabalharei, suarei a camisa, buscando a vitória do nosso grupo”, concluiu.

Vereador Catulé (e) abriu a sessão que reabriu as discussões sobre a saúde pública no município. Vereador Neto do

Sindicato (d): “O caxiense precisa saber que todos aqui somos governo”.

Todos do mesmo lado

Fechando os pronunciamentos da sessão, o vereador Neto do Sindicato (PCdoB), que presidia o final da reunião aberta pelo presidente da Casa, vereador Catulé (PRB), fez a seguinte revelação: “O caxiense precisa saber a verdade. Todos aqui somos governo, de um lado e de outro. Estamos todos ao lado do governador Flávio Dino. A verdade precisa ser dita. Os colegas Durval e Magno Magalhães discordam, mas esta é a verdade. As duas saúde precisam melhorar, porque o povo é que precisa dos benefícios. Thaís também não pode esquecer a saúde de ontem, quando inclusive ficamos aqui encurralados pelo CQC (alusão a repórteres da Rede Bandeirantes que vieram a Caxias investigar a morte de centena de bebês na maternidade pública da cidade)”.

E, continuando: “O governador Flávio Dino está fazendo certíssimo, porque o país está passando por grandes dificuldades no mundo. Tenho vergonha de ter um presidente como o que atualmente governa em Brasília”. Referindo-se a Caxias, concluiu: “O povo será o senhor da razão, para julgar o que fez Léo Coutinho e o que está fazendo Fábio Gentil”.


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