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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Adversários começam a jogar para 2020


Enquanto o prefeito Fábio Gentil (PRB) vai gozando merecidas férias, passeando pela Europa para recuperar a saúde e a força espiritual, e o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PP) mostra firmeza ao substituir Cabeludo, inclusive para imprimir, como se fora um faxineiro,  novos rumos à gestão da coligação gentilista, seus adversários diretos na próxima campanha, os Coutinho, ainda que surpresos com a demissão sumária do secretário-adjunto da Saúde do município, Ermano Vieira Filho, primo materno do prefeito, não se mantiveram inativos nos últimos dias.

Prefeito Fábio Gentil visitou o Vaticano e pediu ao Papa Francisco para abençoar Caxias.  

Na foto, o prefeito, dentro da Catedral de São Pedro, na companhia do Bispo de Caxias, D. Sebastião Duarte.

Mas se engana quem pensa que tudo são flores no seio do clã coutiniano, no que tange à escolha do correligionário que concorrerá à Prefeitura de Caxias em 2020. Com o processo de escolha que advirá de uma pesquisa encomendada a empresa especializada na interpretação de dados políticos, modelo que fez sucesso à época do líder Humberto Coutinho, marcado para o próximo mês de novembro, reina uma animosidade surda entre os postulantes, bem diferente do famoso slogan copiado do romancista francês Alexandre Dumas, na conhecida obra “Os três Mosqueteiros”, onde a expressão “um por todos” tem o mesmo compromisso da frase “todos por um”.

Do magnífico e inesquecível livro de Dumas, cuja leitura era obrigatória entre os adolescentes dos séculos 19 e 20, a imagem que se faz dos postulantes coutinianos é a de que, por lá, até existem mosqueteiros (que na verdade eram quatro, e aqui são cinco), mas ninguém comunga do ideal de fraternidade vivenciado pelos guerreiros que na obra estavam ambientados ao período dos reinados de Luís XIII, Luís XIV e Regência, na França do século 17. Embora contidos, a vereadora Thaís Coutinho (PSB), o ex-prefeito Júnior Martins (PSDB), o ex-vereador Luís Lacerda e os empresários Magno Chaves e Constantino Castro Neto, estão numa espécie de luta sem quartel, onde, cada um a seu modo, busca a decantada indicação.

Os arroubos, no entanto, têm limite. E os pretensos candidatos devem acordar para o fato de que não basta apenas ter forte vontade pessoal, determinação, fazer da candidatura um ato de coragem e desprendimento, pois nada disso importa, se não há recursos em volume suficiente para bancar a campanha. Sem dinheiro suficiente, não dá. Estima-se que, com menos de um milhão de reais no bolso, ninguém terá condições de bancar uma eleição majoritária em Caxias.

Thaís Coutinho, Luís Lacerda, Júnior Martins, Constantino Neto e Magno Chaves

lutam pela indicação do grupo Coutinho para a Prefeitura de Caxias, em 2020.

Sabe-se à boca pequena que já tem postulante disposto até a se desfazer dos próprios bens, no intuito de fazer dinheiro para aplicar na campanha; gesto temerário, convenhamos, sobretudo quando não se tem a certeza de que o cenário é favorável a uma mudança na cotação de favoritismo que o prefeito Cabeludo desfruta no atual momento.

Embora para muitas pessoas isso possa significar desespero por parte de quem já não consegue se manter de pé fora da área de entorno do poder, costume arraigado ao longo dos 14 anos seguidos em que os Coutinho controlavam o município, há aqueles expectadores que veem no mesmo desespero a consciência de que têm em mãos farto rol de denúncias capaz de derrubar os muros que cercam hoje a popularidade de Fábio Gentil. E faz sentido, pois se não fosse assim, não teria ocorrido a tentativa de aliança que se desfez precocemente semanas atrás.

Para Fábio Gentil, o momento é claro como céu de brigadeiro. Mas política às vezes se comporta como a própria natureza: o céu em um instante está límpido, mas, de repente, o cenário muda e ele se apresenta tomado por nuvens carregadas de chuva, ameaçando tempestade de raios e trovões. Como dizia o saudoso cronista do século 18, Padre Antonio Vieira, num de seus sermões mais famosos: “No Maranhão até o sol e os céus mentem!”.

A expressão do Padre Vieira sugere-nos que as coisas que se passam em Caxias têm a mesma tonalidade. Prova disso foram duas tempestades inesperadas que irromperam na cidade no espaço dos últimos 15 dias, em pleno período do ano quando que as temperaturas são mais elevadas e predominam fortíssima estiagem e baixíssima umidade relativa do ar. Então, servir bem, atender as demandas do povo, eliminar gargalos que emperram a gestão, não podem mais ser ignorados.

Por outro lado, em toda sua história, a cidade nunca esteve tão exposta a investigações quanto agora. Reflexo da Lava Jato?! Pode ser, pois para onde flui dinheiro federal sua aplicação agora é mais supervisionada pelos mecanismos de controle. E ninguém fique espantado se nada é visto em aparência. Hoje os fiscais se utilizam de drone, GPS e aparatos eletrônicos de escuta.

Assim, o imprevisível, vez por outra, costuma se revelar. Basta citar que, no período de 20 anos, já aconteceram dois momentos em que as lideranças de campanha, eventualmente eleitas, coisa que os observadores davam como favas contadas, sofreram derrotas acachapantes por descuidarem de fazer bem o dever de casa.

Mas, agora, a situação pode ser pior, e terminar rapidamente nas delegacias de polícia, se a lição de casa não estiver bem feira. A orientação dos especialistas pode ser deixada de lado. Melhor recorrer ao anedotário popular, que nos ensina que prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Razões para a demissão na Secretaria Saúde

 A demissão do secretário adjunto de Saúde, Ermano Vieira Filho, no primeiro dia (quinta-feira, 03/10) que o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior assumiu interinamente o lugar do prefeito Fábio Gentil, sem dúvida foi o fato provocou abalos e repercutiu de forma bombástica na seara política e administrativa da cidade. Além do fato de exonerar um primo materno do prefeito, importante membro do segundo escalão, com demissão publicada no Diário Oficial, a medida suscitou as mais variadas ilações na cabeça de quem se dedica a acompanhar o passo-a-passo da política local.

Não era mais novidade, por exemplo, que o prefeito Fábio Gentil já demonstrara interesse de fazer mudanças na sua assessoria. Por essas ainda não haverem se consumado, muita gente chegou a pensar que perdera o sentido. O prefeito não se decidia, estava temerário de provocar contrariedades no seio do seu próprio grupo, e assim o tempo foi passando, embora uma denúncia daqui, outra dali, estivesse à espreita e a sugerir que algo, enfim, precisava ser feito.

Ermano Vieira Filho, ex-Sec. Adjunto da Saúde, demitido pelo vice-prefeito PMJ.

 Às vezes, amizade e parentela são duas situações que fazem a liderança balançar quanto sente que algo está fugindo ao seu controle, tirando o navio do curso traçado ao deixar o porto. O cara chama para uma conversa, dá a entender que é preciso seguir o roteiro, mas o interlocutor, não vendo o chefe, mas o amigo, continua a decidir com soberania as ações sob a sua coordenação, se esquecendo inclusive que não está à frente de uma empresa da iniciativa privada, mas de órgão do serviço público, para o qual, se algo sai errado, convergem todos os olhares.

Decisões duras, mas que gerem o resultado esperado, são normais dentro de uma empresa capitalista. Já as reclamações contra o trabalho prestado no serviço público, cujo interesse maior é o bem-estar comunitário, culminam por provocar grande prejuízo para a imagem do dirigente, desgaste fatal para quem sobrevive dentro da política.

Não o sabemos ainda, se por acerto com o prefeito, ou se as ações do secretário-adjunto já chegavam a um limite em que bastava um pequeno toque na espoleta para a pólvora explodir. Mais relevante é saber que o vice-prefeito PMJ não vacilou ao se decidir pela demissão do auxiliar da saúde. Consubstanciou a decisão certa interferência do adjunto numa secretaria que faz parte do acordo Marinho/Gentil, quando da consolidação da aliança vitoriosa nas últimas eleições.

Como responsável pelo controle das ações administrativas e financeiras da pasta, o secretário adjunto vinha acumulando muito peso nas costas, colecionando extenso lote de reclamações, inclusive da classe política aliada do prefeito, preocupada com a crescente demanda de exigências no contexto das atividades de saúde patrocinadas pelo município.

A ineficiência da rede municipal de saúde, por falta de profissionais, a frequente ausência de medicação básica nas unidades de saúde, passaram a frequentar regularmente os meios de comunicação tradicionais, as redes sociais e até a tribuna da Câmara Municipal, onde a base de sustentação do governo é maioria absoluta. Então, alguma coisa estava errada. E a gota d’água, ao que parece, foi o atraso do pagamento dos veículos contratados para servir ao funcionamento da rede, um dos quais colocados à disposição exatamente do vice-prefeito, simplesmente bloqueado eletronicamente.

Instado a comparecer à primeira reunião do gabinete, talvez consciente do problema que gerara, ou talvez se sentindo no direito de não dar satisfações, o secretário Ermano não foi ao Paço da Cidade. O que restou do seu gesto, todos agora conhecem as consequências.

Pessoa recolhida, homem de poucos amigos, é provável até que estivesse agindo dentro das suas possibilidades. Contudo, quando se tem uma vida empresarial paralela com o serviço público, um empreendimento vistoso e em crescimento, como a sua clínica de fisioterapia na rua Dr. Miron Pedreira, a mistura dificilmente acaba bem. O sucesso de uma, o fracasso de outra, sempre será objeto de todo tipo de especulações. É assim que a sociedade, infelizmente, vê as coisas ao seu redor.

No fundo, é razoável supor que foi desse amontoado de situações que a demissão, enfim, aconteceu. Todo contexto do caso, suas minúcias, somente poderão ser conhecidas em mais detalhes quando o prefeito Cabeludo retornar ao batente, no decorrer da semana que vem. E como não está afastada também a hipótese de Ermano ser reconduzido ao cargo. Bem, aí, a conjuntura mudaria de vez, porque dificilmente PMJ aceitaria a humilhação de ter seu ato tornado sem efeito por FG.

Câmara Municipal realiza sessão solene para homenagear Campanha Setembro Amarelo

Da esquerda para a direita, os vereadores Antonio Ramos e Antonio Ximenes, o espírita

Carlos Denilson, a psicóloga Auxylyadora Magalhães Andrade, o pastor Raimundo Gomes, e os vereadores Thaís Coutinho,

Genival Motopeças, Tevi, Edilson Martins, Jerônimo Ferreira e Magno Magalhães.

A Câmara de Vereadores de Caxias realizou, na noite da última segunda-feira (7), uma sessão especial alusiva à Campanha Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

“O suicídio é um assunto extremamente preocupante. Durante todo o mês de setembro houve campanhas com várias ações na nossa cidade, no sentido de prevenir e orientar a comunidade para esses casos, que têm crescido”, lembrou o vereador Antonio Ximenes (PR), que presidia a sessão, na abertura do evento.

O vereador Magno Magalhães (PSD), presidente da Comissão de Saúde da CMC, requereu a solenidade, tendo como convidados a psicóloga Auxylyadora Magalhães, o presidente do Centro de Estudos Espíritas “Chico Xavier”, Carlos Denilson, e o pastor Raimundo Gomes, com o intuito de alertar e promover o debate sobre o suicídio e suas possíveis causas.

"Não tem como se falar de prevenção do suicídio sem tratar das questões relacionadas às doenças mentais. E como não somos também só matéria, somos mente, corpo e espírito, achamos por bem convidar também representantes das principais religiões do município", explicou Magno Magalhães.

Primeira palestrante da noite, a psicóloga Auxylyadora Magalhães Andrade alertou para o isolamento a que as pessoas às vezes são remetidas, sobretudo jovens e crianças, através da interação com o mundo cibernético. Mas enfatizou também que  falhas no relacionamento familiar, ausência de afeto e apego, são vetores também que levam as pessoas a estados depressivos e a pensar em suicídio.

Na visão do espírita Carlos Denilson, segundo a ocupar a tribuna, quando se busca ajuda de psicólogo, psiquiatra ou religioso, se busca a paz interior. "A gente vive como se não fosse morrer e morre como se não tivesse vivido", acrescentou, ao referir-se que a busca incessante pelo sucesso, a aquisição de bens, a frustração alimentada pela ansiedade de possuir, são etapas da vida que muitas vezes levam as pessoas a sucumbir e a se inclinarem até a tirar a própria vida, caso não sejam oportunamente impedidas através de diálogo e orientação.

"Quando ouço profissionais de todas as áreas abordando esse tema, procuro não ignorá-los, procuro ouvi-los e acabo entendendo que, no meio de tantas informações, podemos colher muitas verdades", observou o pastor Batista Raimundo Gomes, depois de citar três casos nos quais teve participação decisiva para impedir que depressivos cometessem suicídio, aqui em Caxias.

Para o pastor, o seu conhecimento o leva a crer que ninguém chega ao suicídio se for forte na fé, daí porque trabalha sempre no sentido desse fortalecimento junto às pessoas que o procuram em depressão.

A vereadora Thaís Coutinho (PSB) e o vereador Edilson Martins (PSDB) elogiaram a sessão proposta e sugeriram que a discussão do tema possa vir a se tornar mais ampla, devido ao alarmante número de casos de suicídio que estão ocorrendo atualmente no município.


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