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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A bola da vez?!


Basta os bastidores revelarem um pequeno movimento no tabuleiro político caxiense e as pessoas começam logo a especular e a fazer simulações e comparativos sobre o cenário ainda em formação no município. Nada demais. Isso é compreensível mesmo quando não se conhece todos os detalhes do que está à mesa para o jogo eleitoral e mexe inclusive com a cabeça de quem se presta a analisar o tema, aqui na Princesa do Sertão Maranhense.

Inesperadamente, a bola da vez é o dublê de empresário/radialista César Sabá, que emergiu do limbo e assumiu o comando do Movimento Democrático Brasileiro em Caxias. Isso mesmo, aquele partido político que ficou célebre na época das Diretas-Já e se chamava PMDB, em momento dramático da reconstrução democrática do país e que engajava em seus quadros, dentre outros, políticos de expressão como Ulisses Guimarães, Pedro Simon e José Sarney. A agremiação estava sem força na cidade, depois que os Marinho deixaram a sigla, mas foi só seu presidente estadual, o ex-senador João Alberto de Sousa (MDB), sinalizar apoio a Sabá, que voltou a mostrar robustez, a julgar pela repercussão que o fato provocou entre os postulantes da próxima eleição municipal.

César Sabá, que procurava um lugar ao sol e carimbar seu nome como uma postulância a ser levada a sério, enfim, alcançou seu objetivo, passando a figurar como o primeiro aspirante, de fato, a concorrer contra a reeleição do prefeito Fábio Gentil (PRB), já que os demais, inclusive o grupo Coutinho e o PSL, partido do presidente Bolsonaro, por exemplo, ainda terão que passar pelo crivo de uma pesquisa ao longo deste mês de novembro para apresentarem indicação. O PSOL diz que concorrerá com o professor Arlindo. E o PT caxiense também não se posicionou se terá candidatura própria. Ainda é uma incógnita, por conta de uma refrega intestina no seu diretório regional que está sendo resolvida longe de Caxias.

De uma hora para outra, depois da notícia de que Sabá estava prestes a vincular sua candidatura pelo MDB, representantes das famílias Gentil e Marinho centraram seus smartphones sobre o ex-senador João Alberto, e chegaram a conversar com ele pessoalmente em São Luís, na tentativa de demovê-lo da iniciativa de projetar em Caxias um nome que todos julgavam sem fôlego para participar da eleição do próximo ano. Esses contatos iniciais não mudaram a opinião do senador, por entender que a revigoração da sua legenda no Maranhão tem que passar obrigatoriamente por representações mais afinadas ao quadro social da atualidade. Na última quinta-feira, o senador entregou pessoalmente a Sabá a Comissão Provisória do MDB Caxiense.

César Sabá já recebeu de João Alberto a documentação da Comissão Provisória do MDB Caxiense.

Em outras palavras, João Alberto de Sousa deixou bem claro também que não está disposto mais a aturar quem se dispôs a abandonar a legenda em momento em que ela esteve mais enfraquecida, como no último pleito. O argumento talvez encontre justificativa melhor, até porque o MDb maranhense segue atrelado a agremiações como o PP, para onde migrou o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior em busca de melhores chances na última eleição.

Homem de princípios bem definidos, sarneysista convicto, o fato é que o ex-senador vislumbrou no jovem Sabá a oportunidade de revitalização do MDB em Caxias. Para o jovem radialista, que usa seu microfone de forma crítica às coisas administrativas do município, talvez seja a grande oportunidade de ingressar com desenvoltura na política. Afinal de contas, seguindo as regras estabelecidas por nossos políticos, ninguém vai a lugar nenhum, aqui, sem um grupo forte do seu lado. E um apoio nesse nível supõe que a candidatura poderá ter todo o apoio financeiro do fundo partidário do MDB, que ainda é uma das maiores siglas com representação no Congresso Nacional.

Assim, com o gogó afinado e respaldo financeiro, Sabá pode ser aquele nome alternativo que o eleitorado pode descobrir como mais viável e descomprometido com o status quo estabelecido em Caxias. Em não sendo isso, por que então nossos políticos de coturno alto estariam tentando boicotar sua pretensão, que é legítima?!!

O blogueiro Ricardo Marques, no meio da semana, levantou a hipótese de que o quadro eleitoral de agora se parece muito com o de 2015, quando nesse mesmo período não se vislumbrava ainda um candidato de oposição competitivo para digladiar com o prefeito da época, Léo Coutinho. Naquela época, não se vislumbrava no horizonte um candidato de oposição competitivo para fazer frente ao então prefeito, e surgiu Fábio Gentil.

Agora, é conveniente para o prefeito Cabeludo ter o grupo Coutinho como adversário, até mesmo porque, da década de 1990 aos dias de hoje, nunca seus correligionários estiveram tão desestimulados. Parece que a nova liderança baixou o nível de competitividade sedimentado nos dias sob o comando do saudoso Dr. Humberto Coutinho.

Entrando em cena uma novidade, que atende pelo nome de César Sabá, pode ser que a eleição de 2020, em Caxias, volte a despertar aquela emotividade que sempre motivou o eleitorado a participar apaixonadamente do pleito. Contudo, se o quadro não mudar, disputa ferrenha mesmo só acontecerá pelas vagas na Câmara Municipal.

Caça ao voto

E por falar em Câmara, amiúdaram as sessões semanais no Palácio Vereador Fause Simão. A vereança só comparece quando há alguma coisa importante para decidir. A bancada de sustentação ao governo (16 vereadores) diz que é perda de tempo travar agora qualquer embate com uma oposição que só tem três membros na casa. Mas essa preferência dissimulada, na verdade, esconde a preocupação que cada um dos seus vereadores têm quanto à preservação de suas bases eleitorais.

O jogo mudou, a eleição não é mais proporcional. Ninguém sabe ao certo como ela irá se comportar no próximo ano. Então, é preciso não só manter os correligionários e simpatizantes, mas arregimentar amizades ao máximo para garantir o lugar ao sol. O medo de perder votos assombra. E se os vereadores veteranos não conseguem disfarçar o incômodo, imagine os marinheiros de primeira viagem!

Tem vereador que, em vez de despachar no seu gabinete da CMC, passou a dar plantão nos povoados da zona rural, onde os eleitores são mais confiáveis e honram a palavra. Na cidade, a ordem é outra, o eleitorado está mais susceptível a mudar de opinião diariamente, dada a frequência com que é bombardeado com todo tipo de informação, inclusive notícia falsa.

Portanto, não é só a ameaça de novos postulantes às vagas, apoiados por aparatos de comunicação digital, que incomoda a grande maioria dos vereadores. A própria eleição em si será uma grande novidade. Daí porque ninguém quer dar bobeira; ser surpreendido por um golpe inesperado que possa lhe custar a eleição.

Bagunça na Penteon

No correr da semana, a notícia de que o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) não anda lá muito satisfeito com o tratamento dispensado à sua cara metade no governo municipal, a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, vereadora licenciada do PCdoB, Aureamélia Soares.

Muita gente ficou sem entender o posicionamento do parlamentar. Afinal, a contrariedade até pode ter sentido, se levar-se em conta que ficou afastada a presença da secretária na chapa de reeleição do prefeito Fábio Gentil (PRB), desejo acalentado pela família Soares, que continuará ao lado de Paulo Marinho Júnior. Mas, do ponto de vista de apoio administrativo à pasta da vereadora licenciada, dentro das possibilidades atuais da prefeitura, nada faltou para que Aureamélia desenvolvesse um trabalho de alta visibilidade durante a Campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama no município.

Por outro lado, um fato curioso se sobrepôs à festa de encerramento da Campanha Outubro Rosa, na praça do Panteon, na noite de quinta-feira passada (31). Quando do show musical de encerramento, o evento teve que ser suspendido por causas de diversas brigas que irromperam simulteamente no largo da Panteon. Durante os eventos que finalizaram as campanhas anteriores à deste ano, nunca se soube de briga alguma numa festa que sempre tem maciça participação das mulheres caxienses.

Até que o caso seja minuciosamente apurado, há quem acredite que as tais animosidades partiram de pessoas interessadas em boicotar as realizações da prefeitura, exatamente para gerar, a partir de agora, momento de pré-eleição declarada, prejuízo à imagem da administração de Fábio Gentil.

Não obstante, é acertado pensar que houve relaxamento na segurança do evento, e um erro deixar que a venda de bebidas alcoólicas, inclusive em garrafas, estivesse liberada no local. Ademais, onde já se viu encerramento de campanha de prevenção a saúde descambar para carnaval e bebedeira! Só podia mesmo acabar em confusão, correria e gente presa. Um vacilo geral de quem vive dentro do contexto político, onde até o imprevisível deve ser meticulosamente antecipado. 

A instalação da Vila de Caxias das Aldeias Altas

Na última quinta-feira, 31 de outubro, as redes sociais evidenciaram a data como sendo o dia da instalação da Vila de Caxias das Aldeias Altas, coroando o esforço dos que lutavam pela elevação do arraial pioneiro (Arraial das Aldeias Altas) junto à Corte Portuguesa, no ano de 1811. O ato que elevou Caxias a vila, em verdade, foi homologado em 31/10/1811, pelo príncipe regente D. João, mas a instalação da vila somente ocorreu no dia 07 de fevereiro de 1813, em solenidade presidida pelo juiz José da Mota de Azevedo, no largo da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, com o testemunho assinado de dezenas de representações familiares da época.

Local onde ocorreu a instalação da Vila de Caxias das Aldeias Altas.

Na ata de instalação, cujo fac-simile pode ser encontrado na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, assim como na Câmara de Vereadores, o instante exato também da instalação do nosso Poder Legislativo Municipal, na época composto por três vereadores, sendo dois deles de procedência portuguesa, Mateus Mendes Bittencourt e Jerônimo Rodrigues Guimarães, e um brasileiro, Francisco das Chagas Pereira de Brito, além de seu procurador, Bernardo Antonio da Silveira. Na mesma ocasião aconteceu também a posse dos juízes Almotacés, Miguel Ferreira de Gouveia Pimentel e José Colaço Brandão, que eram oficiais honorários, geralmente eleitos.

Acompanhando o contexto político-administrativo da corte portuguesa, a Câmara Municipal passou a desempenhar as funções hoje correspondentes aos poderes executivo, legislativo e judiciário, em nossa região. Na época, a extensão do município abrangia quase todo o território maranhense, à exceção de São Luís, Alcântara, Guimarães, Icatu, Viana, Turiaçu, Imperatriz e Carolina.


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