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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A alegria cede lugar para a preocupação


A quaresma chegou e deixou para trás o Carnaval de 2020, que em Caxias, pela quantidade de eventos que produziu, a grande maioria financiados pela Prefeitura Municipal, com certeza já entrou para o livro dos recordes do município, em termos de festividades por toda a cidade e nos povoados da zona rural. E, melhor: há muito tempo não se assistiu e participou de uma festa tão animada e segura como foi o período momesco caxiense deste ano; há muito tempo não se via tanta gente brincando animadamente na cidade, em seus diversos circuitos de folia.

No corredor da avenida Alexandre Costa, situada no Morro do Alecrim, ponto central dos eventos diários que concentraram maior número de pessoas, pelo menos, de 30 a 40 mil brincantes compareceram diariamente nos cinco dias da folia, para se deleitarem ao som das renomadas bandas contratadas para moverem e garantirem o sucesso do evento. No sábado, no já consagrado Cantafolia da praça Vespasiano Ramos, outra apoteose de alegria, assim como no circuito da praça Gonçalves Dias, no domingo de carnaval; no Largo de São Sebastião, na segunda-feira gorda, onde o Bloco das Bonecas concentrou mais de 20 mil foliões, e também no centro histórico, onde o bloco Gentil Folia, partindo do bairro Seriema, arrastou cerca de 30 mil foliões.

O Balneário Veneza também foi muito procurado e correspondeu no decorrer da festa, bem como o Bar do Ibinha, um novo sítio que se firma para os lados do Olho d’Água, no perímetro central da Princesa do Sertão. O comércio, de um modo geral, assim como os vendedores ambulantes, não tiveram do que reclamar.

Os visitantes que para cá acorreram, inclusive velhos amigos confrades radicados em outros centros urbanos do país, voltaram para casa com seus corações banzeados numa nostalgia revigorante, agora talvez até mais ansiosos a retornarem com a maior brevidade possível a outros eventos do calendário festivo da terra natal.

Certamente saíram daqui com a concepção formada de que algumas coisas ainda estão fora de ordem na Princesa do Sertão, e a lamentarem, por exemplo, o estado de ruína em que se encontram atualmente as sedes de três velhos grandes palcos dos carnavais do passado, os clubes sociais Cassino Caxiense, Associação Recreativa Alecrim e União Artística Operária Caxiense. Contudo, é inegável dizer-se que um novo espírito de autoestima voltou a mostrar força em Caxias.

Testemunhas de muitas décadas do carnaval caxiense confirmaram que jamais se viu na cidade um prefeito mais folião do que Fábio Gentil (Republicanos). FG compareceu a todos os eventos que se realizaram na cidade, lançando até moda carnavalesca, através do uso de uma máquina de produzir espuma. E só deixou a folia quando percorreu as ruas do centro histórico no meio da tradicional Banda do Mocotó, na madrugada de quarta-feira de cinzas, último evento momesco da cidade.

Óbvio que a idade de Cabeludo contribuiu para ele aproveitar o momento e matar dois coelhos de uma só cajada: mostrar-se como um brincante exemplar e, ao mesmo tempo, apresentar-se como um forte difusor de marketing eleitoral, nessa pré-temporada que antecede a campanha municipal deste ano.

Adelmo Soares prestigiou o Cantafolia.

Seu principal concorrente, o deputado Adelmo Soares (PCdoB), foi visto confraternizando com familiares e amigos durante o Cantafolia, na tarde do sábado gordo de carnaval. Mas foi curioso notar também que os Coutinho, que no passado faziam questão de assumir espaços públicos e levar trios elétricos pela cidade, desta vieram para a folia apenas na condição de brincantes do Bloco da Maisena, mobilizado na praça Vespasiano Ramos, na tarde do último dia de folia.

Júnior Martins preferiu visitar os retiros religiosos durante o carnaval.

Outro postulante ao cargo de prefeito, Júnior Martins (PSC), que é evangélico, foi coerente com sua religião e preferiu visitar os diversos retiros espirituais preparados pelos pastores das congregações instaladas no município. "Agradeço a Deus pela ótima receptividade em cada retiro que visitei durante o feriadão e parabenizo as igrejas pela importante contribuição na vida de tantos jovens que às vezes se sentem sem esperança e sem oportunidades", disse Junior Martins, acrescentando que não tem nada contra a juventude que prestigia, participa e até organiza blocos carnavalescos que fazem a alegria do carnaval de rua de Caxias. "São diversões diferentes, mas nada tenho contra o Carnaval e os jovens e as pessoas de um modo geral que gostam de brincar essa festa tão popular".  

O pré-candidato a prefeito Tino Castro (PRTB), assim como o pré-candidato professor Arnaldo Rodrigues, que preferiu viajar, se absteve da folia. Castro preferiu participar do retiro espiritual de uma instituição evangélica de Caxias. 

Luis Carlos Moura (circundado no detalhe), pré-candidato a prefeito pelo PSL,

foi à folia com amigos no circuito carnavalesco da Praça Gonçalves Dias.

O pré-candidato Cesar Sabá (MDB), aqui na foto com a esposa Lina Rosa,

preferiu o aconchego familiar durante o período momesco de Caxias.

Na zona rural, mesmo sob chuva, uma multidão compareceu ao encerramento do Carnaval de 2020

no povoado Nazaré do Bruno, onde na terça-feira gorda a tradicional

festividade do Bloco das Cunhãs contou com a presença e apoio do presidente da Câmara, vereador Catulé (Republicanos). 

O secretário estadual de Turismo, Catulé Jr. (e), também esteve na folia caxiense.

No flagrante, ao lado do vereador Mário Assunção (d).

No contexto da eleição proporcional, a da escolha dos futuros vereadores que tomarão assento na Câmara Municipal, em 2021, cresce em dimensão o flagelo da escolha partidária que atemoriza os atuais detentores de mandato. Todos sabem que, além de prover uma certa capacidade de recursos, é imperativo fazer a escolha certa, condição vital para garantirem seus lugares no parlamento.Contudo, passado o carnaval, nas redes sociais, os ecos da folia ainda são reverberados nos mais diversos tons. Há quem desmereça a popularidade crescente do prefeito, proclamada entusiasticamente por seus seguidores e correligionários. E as alusões, em sua grande maioria, são no sentido de que, enfim, o tempo de festas, de circo popular, vai perder brilho para a propagação dos problemas de todos os matizes que o município enfrenta e que serão aflorados e cobrados com decisão, pelos seus adversários na campanha, a partir de agora. Vamos aguardar para ver se essas investidas serão capazes de desmontar o cenário bastante favorável à reeleição de Fábio Gentil.

Mesmo os parlamentares que foram mais votados na última eleição estão preocupados com as novas nuances que orientam o próximo pleito. O famigerado coeficiente eleitoral, que só pode ser obtido após a apuração dos votos válidos, é o grande inimigo a ser confrontado. Em 2016, ele alcançou 4.050 votos. Mas esse foi um tempo em que as coligações partidárias permitiam acesso até a quem tinha menos votos do que muitos mais votados. Agora, não. É a agremiação que tem mais votos que amplia suas chances de conquistar o maior número possível de cadeiras na Câmara.

Portanto, neste momento, apenas parecem despreocupados com a situação os marinheiros de primeira viagem, os que estão na lide política pela primeira vez, que acreditam que eleição pode ser ganha somente com força de vontade e bom uso da influência dos meios digitais.

Espaço da poesia

Cinco sentidos

(Homenagem a Pedrinho, com um ano e 10 meses)

Willams Maranhão Assunção

Com os meus olhinhos,

pisco pra namorar.

Com meu narizinho,

mi vô e vó só quero cheirar.

Com minha boquinha,

mãe aprendi chamar.

Com meus ouvidinhos,

cantigas de ninar

vou sempre escutar.

Com minhas mãozinhas,

já brinco de pintar.

Com os meus dedinhos,

um coração sei formar.


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