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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Novo coronavírus abala modo de vida do caxiense


Caxias passou a semana em estado de emergência, por conta da iminência da pandemia da gripe convid-19 alcançar nosso município, após haver se alastrado por todo o país. No Maranhão, até o momento monitora 636 casos, com 14 diagnosticados, sem mortes. Em solo gonçalvino, até o fechamento desta coluna, cerca de 25 casos suspeitos da enfermidade haviam sido identificados e enviados para exames de testagem na capital e fora do Estado. Mesmo sem nenhum caso concreto da doença no município, prevalecerá por toda a semana que vem a medida de isolamento social imposta a toda a comunidade. Todas as pessoas, crianças, adultos e idosos, devem simplesmente ficar em casa e sair, evitando qualquer aglomeração, só para o estritamente necessário, como ir ao supermercado, a farmácias, postos de saúde e de combustíveis, enfim, o que a prefeitura considera como essencial, já que grande parte do comércio tem que continuar de portas fechadas e persistir assim até nova deliberação das autoridades da área da saúde.

Ao baixar o Decreto Municipal Nº 73, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), ignorando a orientação do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) que, contrariando seu próprio Ministério da Saúde, pede que todas as escolas sejam reabertas e os trabalhadores fora do grupo de risco, que são os idosos a partir de 60 anos, voltem ao trabalho, colocando a economia em primeiro lugar, em detrimento da saúde da população brasileira, preferiu prudentemente acompanhar as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), optando pela política de isolamento da população, e com isso evitar a propagação do novo coronavírus que provoca colapso no sistema respiratório das pessoas, levando-as à morte por asfixia. 

“Não depende somente do governo municipal, do governo estadual ou do governo federal, cada um tem a consciência do que temos que fazer. Eu executei alguns decretos, fechamos algumas atividades, ou seja, suspendemos o uso da Veneza, suspendemos as aulas, o acesso ao Mirante da Balaiada, onde tem aglomeração de pessoas da Secretaria da Mulher, da Assistência Social; nós tomamos a decisão de encerrar temporariamente para que a pandemia não se alastre. É importante que os pais colaborem e mantenham seus filhos em casa. Todas as normas da OMS nós absorvemos, trazendo para o município. Até o momento, Caxias não tem nenhum caso confirmado e não queremos nenhum caso, mas todos precisam fazer a sua parte”, disse Fábio Gentil no início da semana. 

Nos primeiros dias, houve uma resposta direta da população concordando com as medidas preventivas de FG, que usou as redes sociais e todos os meios de comunicação para dar o seu recado. O centro comercial e os bairros ficaram com as ruas desertas, reflexo de que a comunidade entendeu a gravidade da situação. Porém, com o passar dos dias, nota-se um certo relaxo diante das medidas.

Para fazer prevalecer o decreto municipal que acompanha decreto de mesmo teor baixado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) para o Maranhão, Fábio Gentil teve que se apoiar na força policial para fechar estabelecimentos cujos comerciantes insistiam em manter as portas abertas, corroborando para a circulação de pessoas que não acreditam que vivem dentro de uma pandemia perigosa e letal.

A lógica dos negociantes é a de que, com as portas fechadas, a economia vai quebrar e os trabalhadores estarão desempregados, estabelecendo-se um caos de nível bem mais amplo que só tratar da saúde da população, um raciocínio temerário, convenhamos, já que um eventual aumento de mortes em escala exponencial também inviabilizará toda nossa atividade econômica. Quer dizer: os comerciantes, aqueles que sobreviverem à pandemia da covid-19, que não escolhe condição social, econômica, idade nem característica racial das pessoas, simplesmente também não terão clientes para atender.

Portanto, quando se empenha para as recomendações da OMS serem seguidas à risca no município, o prefeito de Caxias luta para não ter que colocar em ação a diminuta e reduzida força de saúde disponível no município. Essa realidade é do conhecimento de todos. Contudo, muito mais aterrorizante é saber que as pessoas, quando acometidas da covid-19, têm mais que contar com a sorte do que com qualquer tipo de tratamento médico. A perspectiva das autoridades é conter o mais rápido possível a expansão da pandemia, que só pode ser alcançada com o isolamento social das pessoas de todas as faixas etárias, as quais devem se confinar em suas casas.

Recuar em seu posicionamento para agradar os interesses do nosso empresariado seria, da parte de Cabeludo, repetir erroneamente o que fez o prefeito de Milão, na Itália, que em meados de fevereiro passado revogou um decreto restritivo à circulação de pessoas na mais importante e populosa cidade da Lombardia, abrindo as portas para o novo coronavírus se alastrar mortalmente em solo italiano, ceifando milhares de vidas, e de lá atingir sinistramente a Espanha, a Alemanha, a França, o Reino Unido, dentre outros países europeus, e migrar para os países da África, da América do Norte e da América do Sul.

É inegável que a força econômica do Brasil tem condições de bancar esse hiato que o empresariado está vivenciando desde o início da semana. Até o presidente dos EUA, Donald Trump, o guru do presidente Jair Bolsonaro, já entendeu que a coisa não pode ser combatida reenviando os trabalhadores aos seus postos de trabalho. Com a aprovação do congresso norte-americano, Trump injetou, ainda que tardiamente (porque o centro da pandemia iniciada na China, migrou para a Europa e agora se instala nos EUA), cerca de 2 trilhões de dólares na sua economia, contemplando trabalhadores informais, trabalhadores assalariados, assim como a indústria e o comércio, para sustentar a vida econômica do seu país.

Em nosso caso, apesar de notoriamente desgostoso com a medida, Jair Bolsonaro concordou em repassar 600 reais por mês, pelo espaço de 90 dias, para os trabalhadores informais e deu garantias de que não irá faltar com os programas de assistência social, tipo bolsa-família e benefício da prestação continuada. Quanto aos empresários, resta aguardar por providências urgentíssimas que os impeçam de falir seus empreendimentos. 

Infelizmente, o brasileiro vive à sombra de uma Presidência da República despreparada para lidar com a maior crise da história do país. A teimosia chegou a nível tão absurdo que o Palácio do Planalto recomenda uma coisa e seus assessores da área da saúde falam uma língua totalmente diferente, preocupados em salvar vidas. Enquanto isso, as radicalizações de cunho ideológico pululam criminosamente nas redes sociais, bem ao sabor da política do presidente. Vamos ver se continuarão fazendo eco depois que o novo coronavírus chegar também em suas casas, trazendo dor e ceifando vidas.


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