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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

As águas, de abril...


Nesses primeiros dias de abril, impressiona o volume de chuvas ainda presentes em Caxias. Muita água está caindo na região e isso vem promovendo a recuperação das perdas do lençol freático e também recuperando a capacidade de armazenamento no solo de superfície,  com a recuperação de açudes, de lagoas e dos muitos riachos e rios que compõem a bacia hídrica caxiense. É salutar abrirmos espaço para falar do fator climático, porque, em razão de fenômenos como “La Niña” ou “El Niño”, que se alternam no oceano atlântico, ou no Pacífico, o leste maranhense amargou durante anos seguidos estações secas que trouxeram toda a sorte de dificuldades aos nossos concidadãos, notadamente na zona rural.

Por causa de fortes estiagens, estivemos no noticiário nacional até como cenários de horror evidenciados por grandes incêndios rurais, muito dos quais destruindo povoados inteiros, para desespero de nossa população e do poder público, que ficaram muitas das vezes sem saber o que fazer para controlar esse tipo de intempérie pouco frequente na região. Mas, agora, por enquanto, essas notícias ruins ficaram no passado, e o agricultor sorri olhando para um céu que todo dia aparece carregado de nuvens de chuva.

Para esse contingente humano, chuva é sinônimo de prosperidade, de colheita farta, de esperança em um futuro melhor. Nos mercados, nas feiras livres, há abundância na oferta de frutas, hortaliças e legumes, com alguns desses itens sendo vendidos a preços baixos, à exceção, é claro, de alguns produtos cuja produção é afetada, como é o caso do tomate e da cebola, por exemplo, que não são produzidos por aqui e que chegam até nós com acréscimos dos elevados preços de frete e transporte, resultado de uma política econômica que agrega o valor dos combustíveis às mais altas cotações internacionais.

Contudo, mesmo diante de mostras de certa abundância, e da constatação de que Caxias é uma região notável em termos de potencial hídrico, é razoável supor que deveríamos ser mais cuidadosos em administrar esse verdadeiro tesouro natural, do qual muito nos orgulhamos. Afinal de contas, como estão nossas valiosas nascentes? Elas estão recebendo proteção? E os riachos? E o rio Itapecuru? Continua a receber dejetos sem tratamento? São questões que despertam curiosidade, talvez até apreensão, porque o que vemos no perímetro urbano da cidade, bem como no meio rural, não é coisa que se leve a uma boa apresentação do tema. Surtos de descaso e egoísmo parecem predominar sobre certos segmentos da comunidade, em face da flagrante insistência com que é ignorado o valor do precioso líquido. E pensar que o mundo inteiro já se mostra preocupado com a eventualidade de vir a faltar água potável no planeta. Em Israel, por exemplo, cientistas já aperfeiçoam equipamentos portáteis capazes de retirar água da umidade do ar presente nos desertos, no interesse de assegurar o abastecimento das pessoas.

Não obstante essas ilações, as chuvas também tem o condão de fazer as pessoas pensarem mais. Mais recolhidos em seus afazeres diários, os políticos de Caxias, por exemplo, começam aos poucos a revelar o que estão planejando para os meses seguintes, rumo às eleições de 2020. A vereadora Thaís Coutinho (PSB), líder da oposição, já não esconde que não quer mais ser apenas coadjuvante na disputa local e que busca parceiros com densidade eleitoral para leva-la a pretensões bem mais altas do que chegar somente ao seu quarto mandato parlamentar. Nos pronunciamentos que vem fazendo, por entender que a aliança em torno do prefeito Fábio Gentil (PRB) apresenta fissuras, ela não esconde a disposição para aliar-se até com adversários de longa data para voltar ao convívio do poder, e o aval a essa pretensão vem dos próprios familiares que a apoiam, sequiosos de ver o nome da família novamente no patamar mais alto da política caxiense.  

Nas redes sociais os digládios são mais ferinos. Recentemente o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PP) travou diálogo áspero com o vereador Mário Assunção (PPS), da base do governo, em razão deste haver postado mensagem em que fazia referência à experiência de vida do seu pai, que MA considera deplorável e de péssimo exemplo. Na última segunda-feira , 1º,  o vereador do PPS voltou a abordar o tema no grande expediente da Câmara, disse que considera PMJ, jovem como ele,  pessoa de respeito, preparada e com brilhante caminho político, mas não esqueceu de lembrar à sua colega Thaís Coutinho o grande perigo a que estaria exposta caso lograsse êxito em contar com o apoio de sua família.  Parlamentar de coturno alto na situação, Assunção deve falar por parte do grupo, já que o prefeito, sempre que pode, faz questão de dizer que a família Marinho é sua aliada de primeira hora. Como a corroborar o entendimento, nesta semana o vice-prefeito compareceu a encontros com o alcaide e até mesmo representando-o, numa demonstração de que a afinidade persiste e que, pelo menos da parte dele, a aliança seguirá sem maiores dificuldades.

Em meio às trovoadas e tempestades, o prefeito, que quer reeleger-se para manter de pé o seu sonho de ser lembrado como o melhor mandatário de Caxias, obviamente vislumbrando voos mais altos, tece a estratégia de conseguir um decantado apoio unânime de todos os grupos políticos da cidade. Assim, é cabível prognosticar-se que as pretensões de Thaís Coutinho fizeram uma luz amarela acender no QG do governo municipal, mas também fez emergir a variável de que o fiel da balança da herança do saudoso líder Humberto Coutinho repousa ainda nas mãos da deputada Cleide Coutinho, sua esposa e grande companheira de luta. Reforçando o entendimento e contradizendo notícia de que lançaria um nome da família já na próxima eleição, à qual justificou como falsa, o prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho (PSB), pai da vereadora, garantiu no meio da semana, através de nota, que a decisão política da família, a ser seguida pelos membros do clã, será a da deputada Dra. Cleide, que por hora tem evitado falar sobre o assunto, deixando o jogo em aberto inclusive propenso a futuras negociações, como recomenda a ocupação política.

Envolvidos no processo, aliados mais próximos do prefeito, muitos agora fortalecidos em posições de destaque no cenário estadual, como os deputados Zé Gentil e Adelmo Soares, e o secretário de Turismo Catulé Júnior, dentre outros, dão demonstrações de que estarão unidos a Cabeludo contra quem quer que seja. A postura dos aliados revela que estão dispostos a ampliar suas bases de sustentação para cobrir eventuais deserções que possam balançar a aliança, mesmo porque não está descartado o surgimento de uma luta fratricida nas hostes do governo, em decorrência de assessores da administração já estarem revelando musculatura para confrontar até as mais carimbadas e experientes figuras com assento na Câmara Municipal. A tormenta está apenas no início. Aos poucos, novos fatores estão sendo acrescentados na difícil equação que só um engenheiro, como o prefeito Fábio, terá capacidade de resolver. Alheias a todas essas considerações, as águas, de abril, continuam caindo...


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