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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Semana de boatos e denúncias


A semana começou em meio a um frisson político muito comentado em todas as rodas de conversa de Caxias. Não se sabe amparados em que, de repente, blogs e redes sociais começaram a propagar a notícia de que o prefeito Fábio Gentil, enfim, conseguira o apoio da família Coutinho e, mais do que isso, já estaria credenciado para assumir mesmo o comando do clã, passando a capitanear não só os familiares, mas também todos os demais seguidores e seguidoras que constituem o grupo político ligado à família. As informações, no entanto, são desencontradas. A deputada Cleide Coutinho, por meio de nota oficial, procurou abafar o assunto, assegurando que ainda é cedo para o seu grupo definir posição sobre as eleições municipais de 2020.

Contudo, onde há fumaça há fogo, e o tema continua a crescer em expectativa. Vereadores do grupo, como Thaís Coutinho (PSB), Edilson Martins (PSDB) e Tevi (SD) mantém postura oposicionista. Correligionários concordam ou discordam, alguns até de forma acintosa, enquanto fontes bem posicionadas nos bastidores asseguram que o acordo são favas contadas, a ser definido em questão de dias, abrangendo, dentre outros benefícios, a ocupação de nada menos do que seis órgãos da administração municipal pelo grupo Coutinho. Para compor a chapa da reeleição do prefeito, o nome da atual Secretária Municipal da Mulher, a vereadora licenciada Aureamélia Soares (PCdoB), esposa do deputado Adelmo Soares (PCdoB), seria a escolha de consenso. E, por trás de todo o processo de coordenação do plano, estaria o ex-vereador Ironaldo Alencar, hoje um agente político muito próximo do governador Flávio Dino e um dos representantes do primeiro mandatário do Estado, ao lado do deputado Adelmo Soares, na região. Portanto, o tecido do novo grupo político estaria sendo costurado nessa direção, com o aval do governador Flávio Dino.

A posição da deputada Cleide Coutinho (PSB), liderança maior da família, seria a de abdicar de disputar a prefeitura ou de apoiar pessoa de sua confiança, mas teria em seu favor fortíssima corrente para dirigir a Assembléia do Maranhão, após a atual gestão do deputado Othelino Neto (PSdoB). Como se vê, não se trata apenas de uma tentativa para acomodar os caxienses confortavelmente no poder, e sim um projeto bem mais amplo que está sendo gestado no Palácio dos Leões, para consolidar e por em prática o modelo administrativo idealizado pelo governador Flávio Dino, no bojo do qual o apoio dos prefeitos é fator preponderante, especialmente se este advir de nomes como Fábio Gentil, sem dúvida, uma liderança inconteste hoje aqui no leste maranhense.

Olhando a composição que está sendo lavrada, é compreensível indagar também onde ficariam acomodados todos que ora integram o grupo do prefeito de Caxias, a começar pelo vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PP), expoente maior da família Marinho. Para figuras bem próximas do poder, a família simplesmente será deixada de lado. Reforça essa conclusão a insistência do ex-prefeito e ex-deputado federal Paulo Marinho em manter-se fiel ao grupo Sarney, mesmo a despeito deste estar muito enfraquecido, e de ter conversado com o governador Flávio Dino, onde rolou sondagem sobre uma participação eventual dos Marinhos em seu projeto político.

Não é difícil chegar-se ao porquê de PMJ ter deixado de assumir uma vaga na Câmara Federal, mesmo em razão de estar numa suplência que lhe permite grande possibilidade de atingir o mandato. A indecisão de seu grupo impediu-o de saltar sobre o cavalo selado que passou diante dele quando da última reforma do secretariado estadual no início do ano, na qual, manejando algumas peças, o governo poderia ter lhe facilitado acesso à Câmara Federal. Caxias estaria prestigiada com um deputado federal, assim como já tem três deputados estaduais, e mais o Secretário de Turismo, Catulé Júnior, na base do governo. O vice-prefeito Paulinho, entretanto, mostra posição pessoal de seguir ao lado de FG, confiante de que o alcaide honrará os compromissos assumidos no acordo que o alçou ao comando da prefeitura. O acordo de 2016 estabelecia apoio na reeleição de FG, em 2020, e depois ação recíproca a seu favor no pleito de 2024. O prefeito, por enquanto, assegura que a promessa está mantida.

Não obstante, muitas são as variáveis que cercam hoje essa aliança, alguns compromissos ficaram no caminho e só o tempo e novas negociações poderão revelar onde estarão os Marinhos em 2020. E o que dizer da turma que brigou por Fábio Gentil nas eleições?!!! Vai aceitar a perda de espaço, ter que dividir a conquista com os derrotados de 2016?!! Pense em um problema para o prefeito Cabeludo resolver. Isso levando-se em conta que ele demonstra possuir estilo próprio e que age bem diferente do que fazia Humberto Coutinho, sob cujo guarda-chuva sempre cabia mais um beneficiado e satisfeito em participar do poder.

Outro fato relevante da semana foi a greve dos ônibus coletivos, a primeira de que se tem notícia aqui na Princesa do Sertão, desde que esse tipo de serviço começou com kombis na década de 1970, graças ao arrojo de pessoas como o saudoso empresário Álvaro Simão. Durou cerca de 24 horas. Os funcionários da empresa Linux, contratada pela prefeitura, reclamaram atraso no pagamento de seus vencimentos, em razão de suposta falta de pagamento de subsídio, mas houve acerto com o paço municipal e a circulação dos ônibus voltou à normalidade.

Contudo, há clima de beligerância sobre o assunto na Câmara de Vereadores. O vereador Jerônimo Ferreira Cavalcante Filho (PMN), da base do governo, requereu uma audiência pública com a empresa que explora o serviço na cidade, em data ainda a ser definida, para discutir a problemática dos coletivos em Caxias, e foi apoiado por unanimidade na casa. Falta de coletivos nas rotas e descumprimento de horários estão entre os pontos que serão discutidos nessa reunião. Edilson Martins (PSDB), da oposição, informou que na próxima segunda-feira, 15, apresentará requerimento solicitando os comprovantes de repasse da prefeitura para a empresa de transporte coletivo, a fim de esclarecer o motivo para o não cumprimento do contrato firmado para a prestação do serviço.

Jerônimo disse que também procurou o Procon, em busca de solucionar, não só o problema dos coletivos, mas também dos bancos e suas terceirizadas que não prestam um bom serviço aos caxienses, acompanhando a insatisfação do colega Gladston Costa (Repórter Puliça), PRB, que reclamou da falta de atenção aos clientes, já que não servem água e muito menos oferecem banheiros, especialmente para as pessoas idosas. Puliça acha que os vereadores, em vez de audiência, deveriam fazer um mutirão para cobrar diretamente os gerentes das casas bancárias.

A edilidade abordou também o andamento do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, que está sendo alvo de muitas críticas na cidade. Na sessão de segunda-feira, 8, vários parlamentares apontaram irregularidades nos conjuntos habitacionais de Caxias. Darlan Almeida (PHS) puxou a discussão assegurando ter interceptado, via redes sociais, pessoas vendendo cinco casas populares, outras fazendo aluguel, numa demonstração de estão ocupando os imóveis sem necessitar. Jerônimo seguiu-o com mais informações Jerônimo, ressaltando que a Caixa Econômica puniu recentemente duas entidades rurais por inadimplência e por não concluir a construção de casas na zona rural. E Mário Assunção, do PPS, foi mais além, revelando que possui fotos de casas à venda e que até este fim de semana encaminhará denúncia ao Ministério Público Federal. “É possível acontecer distrato de contrato de financiamento e chamar outra pessoa, que precisa, para substituir”, explicou Mário Assunção.

Posicionando-se no debate, o presidente da Câmara, vereador Catulé (PRB), louvou a discussão de todos os colegas, mas ressaltou que o tema foi discutido já em legislaturas passadas. O parlamentar criticou a forma de distribuição dos imóveis do “Minha Casa, Minha Vida”, através de sorteio e sem pesquisa prévia em cartórios, para saber se os contemplados já possuíam casa. Para Catulé, a Polícia Federal deve investigar e punir os fraudadores, acrescentando que, em tempo de enchentes, ribeirinhos atingidos tenham direito a essas casas inabitadas.


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