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Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Bens caxienses tombados


Memorial da Balaiada retrata momento histórico da cidade de Caxias

No Morro do Alecrim um parque de entretenimento turístico de resgate à história e bravura do povo caxiense: dois momentos marcantes no cenário histórico nacional aconteceram, ali, as batalhas contra os portugueses pela adesão deles á Independência do Brasil e a Revolta da Balaiada; movimento ocorrido no Maranhão - 1838/1841 - causado pela instabilidade econômica e político-social.

Denominada como a “Princesa do Sertão Maranhense” e berço de ilustres poetas e intelectuais brasileiros, a cidade de Caxias - distante 354 km de São Luís e com uma população de 161.137 habitantes, sendo considerada a quinta maior cidade do estado - foi palco de uma das maiores batalhas do período do Brasil Colonial, a Balaiada - considerada a maior revolução maranhense, ocorrida no período de 1938 a 1941. A revolta teve como principais líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (O Balaio), Raimundo Gomes Vieira (O Cara Preta), Lívio Lopes Castelo Branco e Cosme Bento das Chagas (O Líder Negro).

Para conhecer melhor a história da revolta dos balaios (escravos, mestiços e brancos pobres), os moradores de Caxias e visitantes contam com um rico acervo que retrata, com detalhes, o período do conflito popular que ocorreu devido à instabilidade política e por problemas sociais e econômicos que afetaram diretamente a população pobre daquela época.

Trata-se do Memorial da Balaiada, que fica localizado no Morro do Alecrim e que foi inaugurado no dia 26 de junho de 2004, no então governo José Reinaldo Tavares. Nele, pode-se conhecer mais sobre o movimento, por exemplo, através de armas usadas na época e instrumentos usados para tortura.

O Memorial – maior museu de Caxias que abre de segunda a sexta-feira e que recebe em média 900 visitantes por mês - compõe-se de um Museu-Escola e um Centro de Documentação que tem como objetivo preservar, valorizar os acervos históricos, arqueológicos e documentais de Caxias. Atende principalmente ao público estudantil, em diferentes níveis, para visitação e pesquisa sobre o tema Balaiada, e a comunidade em geral e turistas maranhenses, de outros estados, como: São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Pará, Roraima, entre outros e diversos países, como Itália e Portugal. Conta oito funcionários, incluindo vigias, apoio, guia, direção e a museóloga, Marília Colnazo.

O museu - que foi restaurado em maio de 2014 e que fica localizado no antigo Quartel de Polícia – local que abrigou as tropas do português José da Cunha Fidiê e de Duque de Caxias - possui uma exposição permanente, de perfil histórico, abrangendo a vida dos balaios, os seus líderes e a cidade de Caxias na época do conflito. As ruínas ainda encontram-se no local.

Acervo

Conta com um acervo de 350 peças de artefatos arqueológicos e restos de armamentos, balas de chumbo, projéteis, botões e fivelas dos militares e dos homens e mulheres que fizeram a revolta, além de um acervo eclético de peças de mobiliário, prataria, telas, um painel em xilogravura da artista plástica Tita do Rêgo Silva e esculturas em argila dos principais líderes da Balaiada.

Escavações

O resultado das buscas arqueológicas feitas no ano 1997 por um grupo de estudantes universitários e historiadores, fez surgir o Memorial da Balaiada. Liderados pelo professor Deusdeth, em parceria com a UEMA, eles resolveram recontar a história do movimento; para isso, se instalaram no Morro do Alecrim, palco final da revolta, e trabalharam durante seis meses em buscas dos vestígios do conflito.

Durantes as escavações, além dos restos de armamentos, foram encontrados até fragmentos de ossos humanos, além de instrumentos de castigo dos escravos, como correntes, tesouras e gargalheiras usadas em castigos dos escravos.

Visitações

De acordo com a diretora do Museu Mercilene Barbosa Torres, durante o ano de 2015 foram desenvolvidas diversas atividades, com atendimento a estudantes e visitantes além de atividades técnicas, como por exemplo: orientação de estudantes do Curso de Mestrado em Artes, Patrimônio e Museologia da Universidade Federal do Piauí- UFPI, Campus Parnaíba (PI) e orientação de estudantes do Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, com trabalhos sobre o Memorial da Balaiada.

No museu o visitante o público também encontra um auditório que é utilizado para fóruns, seminários e palestras, além de lançamentos de livros de autores locais e regionais.

A Sala da biblioteca também foi consultada durante todo o ano de 2015, principalmente, sobre a história da cidade de Caxias e sobre a Balaiada. Já o auditório foi utilizado para atividades complementares de visitação de estudantes, para desenvolvimento das atividades diversas, como cursos, palestras e reuniões. Mercilene Torres afirmou que o museu recebeu em 2015 mias de 17 mil visitantes.

12 anos de existência

De acordo com Mercilene Torres, o memorial que vai fazer 12 anos de existência, tem um público anual de mais de 17 mil visitantes entre brasileiros e estrangeiros que procuram o local para conhecer a história da Guerra da Balaiada e o acervo eclético composto de 356 peças, além de um Centro de Documentação utilizado por estudantes e sociedade em geral. Também ressaltou que todas as faixas etárias visitam o memorial.

“O memorial - além de guardar objetos dos séculos XIX e XX - tem documentações de grande importância para os estudantes e pesquisadores que desejam conhecer e ampliar o conhecimento sobre a respectiva guerra que marcou a história do Maranhão no período do Império e que é necessária ser conhecida não só por estudantes e pesquisadores, mas por toda comunidade em geral, que tem o objetivo de conhecer melhor o seu país”, ressaltou Mercilene Torres, afirmando que “aqui nós possibilitamos um olhar mais aprofundado ao visitante sobre a referida temática da história da Guerra da Balaiada”.

Guerra da Balaiada

Um dos fatos mais marcantes na história de Caxias foi a luta pela adesão à independência, quando as tropas comandadas pelo major Salvador Cardoso de Oliveira e por João da Costa Alecrim derrotaram as tropas comandadas pelo militar português João da Cunha Fidiê. Naquela ocasião, Caxias era a vila mais importante da província do Maranhão.

A guerra da Balaiada – considerada a maior revolução maranhense, e que teve o seu ápice no Morro do Alecrim, antigo Morro das Tabocas e que envolveu cerca de 10 mil homens - teve como principais líderes, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (O Balaio), Raimundo Gomes Vieira (O Cara Preta) e Cosme Bento das Chagas (O Líder Negro). Foi um conflito popular que se estendeu pelos Vales do Itapecuru e Parnaíba, e que teve o município de Caxias como foco mais importante das batalhas entre os balaios e as forças legalistas do Norte.

A guerra – que foi um dos maiores conflitos característicos do período de transição e mudanças ocorridos no fim do Brasil colônia - foi provocada pela insatisfação entre os inúmeros negros, mestiços e classe média, especialmente a urbana, contra a política aristocrática e oligárquica das classes mais ricas de latifundiários, senhores de engenho e fazendeiros que se instalaram no país.

Líderes da Balaiada

Um pouco da história dos principais líderes da Balaiada. Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (O Balaio), era branco, alto, filho de pobres agricultores, participou do exército dos independentes. Depois que este foi dissolvido, voltou a vida de roceiro e fabricante de balaios; vivia com a sua família à margem do Rio Mearim por onde passava a estrada que liga a Vila de Itapecuru Mirim a Chapadinha.

Raimundo Gomes da Silva (O Cara Preta) era chefe do grupo de vaqueiros que a 13 de dezembro de 1938 tomou de assalto a cadeia da Vila da Manga; era capataz do fazendeiro Inácio Mendes de Morais e Silva, vigário de Freguesia do Arari, no Baixo Mearim.

Já Cosme Bento das Chagas (O Líder Negro), era natural da Vila de Sobral, Província do Ceará. Intitulava-se o ‘defensor da liberdade” e reuniu mais de 3 mil escravos para participarem da luta que chamava de ‘guerra da lei da liberdade republicana’.

 O Sítio Histórico do Morro do Alecrim – memorial da Balaiada e Mirante da Balaiada - é um bem tombado por um Decreto do Governo Municipal, datado de 2018, através do da Coordenação Municipal de Patrimônio Histórico. 

Centro de Cultura, um bem secular caxiense

Histórico:

No passado, a antiga Companhia da União Têxtil Caxiense e, no presente, o Centro de Cultura Acadêmico José Sarney.  São estas as fases cronológicas de um prédio localizado à aresta direita da Praça Dias Carneiro - Pantheon Caxiense -. Na realidade, uma construção fabril de origem inglesa com fachada em estilo neoclássico, planta quadrangular, com armação em estrutura metálica e estreita área livre, onde se localiza uma imponente chaminé.

A Companhia da União Têxtil Caxiense, foi fundada em 1889 pelos sócios Antônio Joaquim Ferreira Guimarães, Dr. Francisco Dias Carneiro e Manoel Correia Baima de Lago, sob a denominação de "Companhia Manufatora Gonçalves Dias S. A." Com um capital inicial de 850 contos, esta empresa foi uma potência no gênero da produção de tecidos, em sua época. Seu motor de 400 cavalos movimentava 220 teares, pondo 350 pessoas em atividade. Sua produção anual era de um milhão de metros de tecidos crus, em grade parte exportada para os países europeus. Falar desta extinta Companhia, que fora assentada numa região na qual a cultura algodoeira era abundante, é voltar ao período áureo de desenvolvimento da indústria têxtil no Maranhão, cujo parque fabril compunha-se de 17 empresas, contando com 2.336 teares, 71.608 fusos, e que atingia uma produção anual de 13.974.411 metros de tecidos crus e uma capacidade de empregar 3.557 operários.

A atividade têxtil teve seu apogeu na época da II Guerra Mundial, quando os Estados Unidos, também, passaram a importar produtos brasileiros. Com o fim da guerra, muitas empresas entraram em decadência motivada pela volta do livre comércio e, sobretudo, pelo rápido desenvolvimento industrial que os empresários maranhenses do gênero não conseguiram acompanhar.

Assim, das 17 empresas, que integravam o parque fabril maranhense, apenas 8 conseguiram resistir até a década de 60. A Companhia da União Têxtil Caxiense foi extinta em 1954 e, ao longo de um tempo, precisamente, até 1985, o prédio sofreu um forte processo de abandono. Porém, em 1986, com uma ajuda substancial, através de verba federal, o Governo Municipal, naquela época, restaurou o velho prédio alvirrubro e transformou-o em um Centro Cultural com denominação de Centro de Cultura. Atualmente, o prédio abriga inúmeros secretarias e órgãos da administração pública municipal, dentre os quais: as secretarias municipais de Educação, Cultura, Turismo,Esporte, Juventude, Indústria e Comércio, Trabalho, além da Coordenação Municipal de Patrimônio Histórico e o Instituto de Educação do Maranhão.


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