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Praças, como as de Caxias


A paisagem urbana nos ofuscas as belezas que a cidade apresenta em sua arquitetura. Não temos a poluição das grandes cidades, mas já temos um pouco de seus problemas. O barulho do tráfego pesado de automóveis, o perigo de ser atingindo por um deles ao andar nas ruas, calçadas ocupadas por comércios informais ou então, por obstáculos como postes e sinalização mal colocados. Sem falar nas ‘ladeiras’ colocadas nelas com objetivo de dar acessibilidade as lojas, mas criando uma dificuldade tremenda pelo seu desnível. Embora se encontre esses problemas pelo resto da cidade, o centro se resume a boa parte dessas questões.

Andar pelo centro deveria ser um trajeto prazeroso, pois, apesar de lá estar quase a totalidade dos imóveis civis de interesse histórico, estão também as imponentes igrejas e as praças. Somar esse caminho ao trabalho ou fazer compras a pé por nossas ruas deveria ser uma alternativa ao transporte individual, dando novos sentidos aos passeios públicos e suas vias.

As praças do centro de Caxias são lindíssimas e cheias de lendas e histórias. A mais central delas, se assim pode-se dizer, é a Cândido Mendes, ou simplesmente Praça da Matriz. Local de distribuição do sistema viário da cidade, qualquer mobilidade que se faça no centro para outros bairros, passa-se por aquela praça. Talvez por isso, nesse caminho cotidiano, não se perceba que ali seja um local tão prazeroso para um passeio dentro da cidade. O templo católico com suas esculturas vindos da Europa, ainda no século XIX, e sua arquitetura colonial e outros elementos, fazem parte daquele espaço cultural da Matriz. O Cristo de braços abertos, a sombra das arvores com o canto dos passarinhos no final da tarde e os imóveis em seu entorno.

A Praça do Panteon tem esse nome não à toa. É como um templo aberto no Olímpio, repleto de deuses. Ali estão Gonçalves Dias, Dias Carneiro, Coelho Neto e Vespasiano Ramos. Também o prédio do Mercado, hoje Prefeitura, a Câmara Municipal, a Cadeia Pública e, claro, a Manufatura. Prédio fabril tão rico e belo que nem a capital São Luís tem. E nós temos.

A Praça Gonçalves Dias então, um charme só. Pequena de espaço, mas gigante em história. O poeta está ali em nome, na escultura e na memória. Também seus casarões coloniais onde muitas autoridades nacionais já estiveram ali hospedadas. De Duque de Caxias a Getúlio Vargas que pernoitaram em uma daquelas casas, ainda de pé, a outras figuras que se encantaram com as belezas da cidade. A praça em si é um poeta.

A Vespasiano Ramos é como um grande tapete no meio de Caxias, nos convidando a ficar ali por um bom tempo, apenas curtindo o ócio sentado em um de seus bancos até tocar o sino da Igreja de São Benedito e assistir a missa da entrada de seus fiéis. A tradição boêmia já está enraizada naquele ambiente. Desde o século XIX, quando ali aconteciam os festejos dedicado ao santo patrono da igreja em que as pessoas ‘escapuliam’ do ritual sagrado para ir até uma de suas vielas e tomar um gole ‘quente’ da cachaça, longe dos olhares do padre e das senhoras. Recanto dos Poetas, Bar do Erval e do Cantarelle, esse ainda em funcionamento. Bares ali deveriam ser tombados como patrimônio material.

Passear pela Praça Catedral já vale só pela Igreja dos Remédios. Imponente, soberana e graciosa. Subir suas escadarias e contemplar aquela vista, sendo possível ver até a Igreja de São Benedito. Ficar ali até o por do sol que pinta o céu de Caxias com um tom avermelhado.

A Praça dos Três Corações, ou melhor, Salustiano Rêgo, é um retorno ao passado de uma Caxias rica e poderosa. Em forma de triângulo, ali residiam três figuras históricas de nossa cidade e que são nomes de logradouros: Cesário Lima, Gustavo Colaço e o próprio Salustiano Rêgo. Políticos, abolicionistas e republicanos. Deveria ter uma escultura dos três, sentados em um banco naquela praça.

E a Praça do Rosário? Embora dividida em duas partes devido a uma rua, tem uma beleza ímpar, graças também a seu templo religioso. Aquele templo deveria estar de portas sempre abertas, tamanha a sua beleza interior.

Tem ainda as praças de São Sebastião, de Santa Luzia, Cesário Lima, das Crianças, dos Cemitérios dos Remédios e São Benedito, entre outras.

Qual cidade não queria uma paisagem dessas? Um centro repleto de belezas e histórias? Essas são as praças centrais de Caxias.

Quando você for ao centro, não ande por ela, mas passeie. Transforme a caminhada em um ato prazeroso. Contemple a praça. Ele é sua.


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