João Cristino da Cruz é um daqueles caxienses que se transformaram em personagens da história nacional. Agrônomo, transformou a usina da família, o Engenho D’água em um dos maiores empreendimentos agrícolas do Nordeste. Na política foi o idealizador do atual Ministério da Agricultura.
A sua família, os Castelo Branco, vinha de uma rica descendência portuguesa que se estabeleceu no Piauí por volta do século XVIII. Ali nasceu Lina Joaquina Castelo Branco (1822/1906), considerada a ‘Ana Jansen de Caxias’, devido a sua importância nos negócios em um período que raramente as mulheres tinham protagonismo. Dona Lina casou em segunda núpcias com o rico comerciante João dos Santos da Cruz (1807/1868), onde vieram residir em Caxias para cuidar dos negócios como a usina de cana de açúcar Engenho D’água. Dessa união nasceu Cristino Cruz, em Caxias, no dia 24 de julho de 1857.
Com a oportunidade de ter o melhor ensino disponível, o jovem mudou-se para São Luís estudar os preparatórios indo termina-los em Zurique, na Suíça. Na Europa teve a oportunidade de se deparar com as maravilhas dos maquinários surgidos com a Revolução Industrial e, vendo a potencialidade dos negócios da família, estudou Agricultura na Suíça e em seguida muda-se para a Alemanha, onde se forma em Agronomia. Com o diploma nas mãos, passa quase dois anos na Inglaterra se especializando em novas técnicas e conhecendo novas máquinas.
Com todo o conhecimento adquirido retorna a terra natal indo fixar residência no Engenho D’água onde assume os negócios da família. Dessa forma se torna um dos maiores usineiros da região em um período em que Caxias ainda duraria alguns anos para ver surgir as industriais têxteis no final do século XIX.
Fundou em 1891, ao lado do irmão José da Cruz, a Companhia das Águas de Caxias. Essa Cia foi a primeira estação para levar água encanada as residências no interior do estado, inclusive primeiro do que Teresina (PI). Décadas depois o prefeito Eugênio Barros adquiriu a Cia pelo município, sendo transformada posteriormente no SAAE.
Na política foi Deputado Federal por sete mandatos, onde buscou no Rio de Janeiro recursos para Caxias, inclusive sendo um dos grandes articuladores para a construção da estrada de ferro ligando Caxias a Flores (Timon), inaugurada em 1895. Essa linha férrea passava por dentro de suas terras no Engenho D’água, onde ali foi construída uma estação que acabou levando o seu nome, Estação Cristino Cruz. Ainda na capital brasileira foi Presidente da Sociedade Nacional da Agricultura, onde propôs e articulou a criação de um órgão voltado a agricultura brasileira, o Ministério da Agricultura, aprovado em 1906. Foi ainda Vice Governador do Maranhão e Vereador em Caxias.
Cristino Cruz foi casado com uma sobrinha sua, Lina Amanda da Cruz, filha do Barão do Uruçuí, com quem teve cinco filhos. Esse grande caxiense faleceu no Rio de Janeiro em 07 de abril de 1914, onde está enterrado.
Caxias lhe homenageou dando o nome da antiga Rua dos Arcos como Rua Cristino Cruz e o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias lhe tornou Patrono da Cadeira Nº 37 de sua instituição.
Amanhã, 24 de julho de 2020, completa-se 163 anos de nascimento deste vulto maranhense.
PUBLICIDADE