Cidade pioneira em muitos aspectos como a mão de obra industrial, Caxias era uma efervescência sociocultural na virada dos séculos XIX e XX. O operário das fábricas têxteis era a nova classe trabalhadora que elevava a cidade a um outro patamar econômico. Esse trabalhador passaria a se organizar em sociedades de defesa e incentivo educacional a sua classe, como a Sociedade Beneficente de Artistas e Mecânica Caxiense (1893), Centro Artístico Operário Caxiense (1910) e União Artística Operária Caxiense (1915). A veia dos poetas corria no sangue daqueles homens que trabalhavam naqueles pesados maquinários.
Uma das pessoas que se identificou apenas como ‘um operário’, publico um poema de sua autoria no jornal Gazeta Caxiense, datado de 14 de janeiro de 1894, intitulado Sempre Esperando. Aqui vai na integra:
“Ainda a esperança de novo me atenta,
Ainda alguns dias me fazem esperar;
‘Espera, me dizem – é teu o futuro,
Que além tão escuro devias chegar.
Coitado do pobre, na lida afanosa
Redobrado d’esforço, trabalha a morrer.
Se o prazo se finda, lhe dizem – “espera, agora não posso – além hás de ter”
E nisto se passam os dias do triste
Seus sonhos dourados adia pr’a além;
De novo ao trabalho se atira animoso
A Deus implorando não falte também”.
PUBLICIDADE