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O medo e desconhecimento da revitalização em Caxias


Antigo Mercado Público, atual sede da Prefeitura Municipal. Imagem: Acervo Digital IBGE.

Preservação, conservação, restauração e revitalização são as palavras que estão entrando agora no cotidiano do planejamento e nas obras do centro da cidade. Conceitos muito comuns em cidades e áreas de preservação histórica quando se trata de seus bens arquitetônicos e espaços em desuso e degradados. Essas grandes intervenções urbanas têm como objetivo devolver a esses ambientes uma sociabilidade mais próxima da sua originalidade, ou então, dar novos ares e usos aqueles espaços se integrando a paisagem contemporânea da cidade. 

Cidades essas que passaram por transformações econômicas e sociais que mudaram o conceito dos espaços de lazer. Áreas que se desvalorizaram ou foram abandonadas o que acabou atraindo vandalismo e violência, imóveis históricos também abandonados que entraram em processo de arruinamento, entre outros fatores que afastaram as pessoas e investimentos daquele lugar. A revitalização é uma das soluções para reverter esse quadro. 

Com a inauguração do Shopping Popular que deverá ser inaugurado no final deste ano, a Prefeitura Municipal pretende fazer uma renovação de seu centro histórico com a remoção dos camelôs das ruas e calçadas. A maior percepção para as pessoas será uma nova e melhor visão sobre os imóveis históricos, que estão de certa forma “escondidos” em meio as barracas e produtos à venda nos passeios públicos. Mas o principal impacto será a facilidade de mobilidade, principalmente para o pedestre, que terá suas calçadas desobstruídas facilitando o ir e vir pelos quarteirões do centro. Esse é só o ponto inicial para um novo centro histórico de Caxias, que deverá contar também com uma nova concepção de engenhos publicitários nas fachadas do imóvel, nova pavimentação das ruas e calçadas e remoção de seus obstáculos, como rampas irregulares e postes de energia e sinalização.  

Mas por incrível que pareça, esse tipo de reabilitação estratégica causa indiferença para muitas pessoas, beirando o pessimismo, descrença e indiferença. Talvez pela própria administração municipal nunca ter apresentado a seus cidadãos uma proposta concreta de ação urbana, educando comerciantes e proprietários de imóveis, raras salvas exceções ainda no século XX.  Uma dessas revitalizações urbanas ocorreu em Caxias, na década de 1970 a 80, com a construção do novo mercado municipal. 

No ano de 1924, era inaugurado o prédio do Mercado Público de Caxias, construído na principal praça da cidade, em frente ao prédio da Intendência (Prefeitura), Câmara Municipal, Tribunal do Júri, Cadeia e a Fábrica Têxtil da CIA União. Um prédio térreo com tipologia da arquitetura colonial, onde dentro abrigava as lojas de venda de alimentos e utensílios diversos. Mas com o tempo o prédio já era demasiadamente pequeno, onde na década de 1950 foi construído um grande anexo em frente ao prédio, que acabou escondendo sua fachada. Ainda assim, nas laterais dos dois prédios começaram a serem assentadas barracas de madeira improvisadas por pessoas carentes para venda de frutas, verduras e comida. O mercado era a fonte de renda para muitas famílias carentes, incluindo aquelas improvisadas que acabaram se tornando fixas. 

Com apoio do Governo do Estado, o Prefeito José Castro iniciou a construção de um novo mercado municipal para abrigar todos que ali se encontravam. Muitos não gostaram e não queriam se mudar para aquele espaço moderno e mais amplo, pois acreditavam ficar distante da circulação das pessoas da praça. Acreditavam que ninguém iria tão distante para fazer compras em suas lojas, optando por comprarem no meio da rua. Ainda assim, a obra foi inaugurada, o anexo demolido e o antigo mercado reformado para abrigar a nova sede da Prefeitura. Toda aquela ambientação suja de lixo, entulhos, barracas e animais sumiu. A praça recebeu novos ares, a arquitetura do imóvel eclético voltou a ser vista e a revitalização acabou sendo um sucesso. Hoje, o mercado é o principal ponto de fornecimento de alimentos da cidade recebendo grande número de pessoas que ali circula diariamente. 

Os pessimistas daquela época não conseguiram enxergar os benefícios de uma intervenção urbana como aquela, elevando os aspectos da cidade. E hoje, outras pessoas assumiram esse pessimismo. E eles sempre existirão enquanto o Poder Público não for ágio e firme no planejamento e melhorias urbanas da cidade. E claro, toda a sociedade não pode ficar refém dessas pessoas que se prendem no desconhecimento, que gera o medo e a negação. 

A história das cidades está repleta desses exemplos e só o que fica são as ações positivas que resultam desses projetos. Por isso se faz necessário sempre olhar para frente em busca de uma Caxias estruturada para as gerações futuras. 

Praça do Panteon. No canto a esquerda o anexo do mercado que foi demolido. Imagem: Acervo IHGC.
Parte lateral do antigo anexo do mercado: improvisação e desorganização na principal praça da cidade de Caxias. Imagem: Acervo IHGC.


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