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Religião

Confira a homilia proferida pelo bispo de Caxias na Missa de Quarta-feira de Cinzas

Dom Sebastião Lima Duarte presidiu a missa da manhã desta Quarta-feira de Cinzas na Igreja Catedral de Nossa Senhora dos Remédios, em Caxias.

Por: João Lopes/Direto da Redação | Data: 17/02/2021 17:03 - Atualizado em 17/02/2021 18:27
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Foram cerca de 25 minutos de homilia proferida pelo bispo diocesano Dom Sebastião Lima Duarte na missa da manhã desta Quarta-feira de Cinzas na Igreja Catedral de Nossa Senhora dos Remédios, em Caxias. 

Abaixo, a transcrição da primeira metade da homilia, dividida em tópicos.

Quaresma

Nós, em comunhão com toda a Igreja presente nos cinco continentes e com o Papa Francisco, com a Igreja no Brasil, com a nossa Diocese e, portanto, iniciamos nesta quarta-feira este tempo quaresmal em preparação da Páscoa. O foco principal, o centro é a Páscoa. Deste ciclo que nós estamos iniciando hoje, que é chamado de Ciclo Pascal, é o principal ciclo que a Igreja vive. Mas, em conexão, é claro, com outro círculo que é o ciclo do Natal e vice versa. E o foco central, portanto, deste ciclo é justamente a Páscoa, que é preparada por aquele tríduo que nós celebramos na Semana Santa. Então, o que nós iniciamos hoje é a Quaresma, este tempo forte de conversão, este tempo forte do voltar-se para Deus e também de revisitar a nossa experiência batismal, revisitar a pia batismal para fazer essa ligação com a vida que a gente está vivendo hoje, e dar uma olhadinha e ver se a gente está conseguindo viver todas as graças recebidas no batismo e ou não, se não a gente precisa melhorar, avançar para as águas mais profundas da nossa fé.

Tempo de conversão

E os textos que nós ouvimos hoje são todos os textos ligados à conversão, à mudança de vida ou ao melhoramento ainda da vida. Ainda há pouco, subindo a escadaria, encontrei a dona Sônia retornando para casa, ela disse: - Que Deus nos conceda uma boa Quaresma, e para mim uma conversão. Ela diz assim e bateu no peito, e para mim minha conversão. E eu disse, pra mim também, não é só para a senhora não. A conversão é pra todo mundo, mesmo para aqueles que estão lá na escala de cima no serviço à Igreja.

Dom Aloísio Lorscheide

E aqui eu lembro um fato que uma certa vez ocorreu com Dom Aloísio Lorscheide, que era cardeal e arcebispo de Fortaleza. Num encontro ele falando sobre conversão, disse que um cardeal também precisaria se converter. Foi chamado à atenção por um cardeal do castelo do Vaticano que é responsável pelos bispos, pelo fato de ter dito que precisava também se converter. E o cardeal de Roma disse que um cardeal não precisa se converter, já é convertido. E ele reiterou dizendo: - Eu preciso me converter cada dia. Dizia Dom Aloísio Lorscheide.

Cuidar da obra da Criação

Então, todos nós precisamos de conversão, de melhorar a nossa vida em relação à Deus, em relação ao próximo, em relação ao nosso compromisso, a nossa responsabilidade com a obra da Criação. Vocês lembram que nos foi dada essa responsabilidade desde o início, quando Deus fez o homem lá no Génesis, está lá escrito, no Paraíso, botou o homem no Paraíso e deu a responsabilidade para cuidar. Só que os textos dizem, dominai a Terra, isto é, vocês têm o poder, você homem e você mulher, têm o poder de dominar. E o Papa Francisco no documento na penúltima encíclica ele corrigiu esse dominar e disse que realmente Deus quer é que a gente cuide, e não que domine, porque dominar significa apossar-se, significa possuir, significa subjugar até. Então, ele disse que o dominai quer dizer cuidar, e de fato é assim. Então, Deus deu para nós também a responsabilidade de cuidar da obra da Criação; e toda a obra da Criação, no céu, daí a nossa preocupação com o efeito estufa; na Terra, daí a preocupação com o homem da terra e também com a Amazônia, com a ecologia e com tudo o mais que é a nossa responsabilidade também; também com o mar, você sabe que no oceano existem quilômetros e quilômetros de lixo que nós jogamos lá, nós que vivem mais à beira mar, também nós jogamos aqui no rio e ele vai e desce e vai se encontrar com os outros também. Quilômetros e quilômetros de lixo, onde as pessoas podem andar em pé tranquilamente sem perigo nenhum de afundar. Então, cuidado pelos mares e pelo oceano, nós não estamos cuidando não, particularmente quem vive de transatlântico e tudo mais. Então, o cuidado da natureza, da terra, do ar e também dos mares e de tudo. Então, Deus nos deu essa responsabilidade e a gente precisa de fato cuidar de tudo.

Preocupação pelo outro

O nosso relacionamento com Deus precisa ser melhorado cada vez mais, porque cada vez mais melhorar significa aperfeiçoado. Então nós estamos em vista da perfeição. Então, nós neste tempo de Quaresma, somos convidados a viver, portanto, essa conversão cada vez mais profunda da nossa vida em relação à Deus. Quanto mais próximo de Deus melhor, quanto mais próximo preocupado com os irmãos também melhor. Vocês ouviram, acho que a gente fez o comentário sobre, foi domingo passado, o leproso quando Jesus então se aproxima dele sente compaixão, uma compaixão tão profunda que o verbo grego que está ali por baixo quer dizer, ele sentiu aquilo que uma mãe sente ao ver o seu filho em perigo ou morto. Imagina a sensação, essa que Jesus sentiu e se aproximou daquele leproso que ninguém devia se aproximar dele. Não teve nem medo de se contaminar e aí então realizou aquela cura. Então, a preocupação pelo outro e a preocupação também com as nossas responsabilidades com a obra inteira da Criação.

Esmola e jejum

Na leitura do Evangelho que nós ouvimos, Jesus então quer que os seus discípulos façam o possível para não imitar os que vivem de forma hipócrita a sua vida em relação ao próximo e em relação a Deus, e também consigo mesmo. Essas três coisas que aparecem aqui nessa leitura do Evangelho segundo São Mateus. E olha que pela ordem em que São Mateus colocou, primeiro não está Deus, primeiro está o próximo. A esmola não é dada a Deus, a esmola é dada ao homem ou a mulher que está aí precisando de ajuda. A esmola, depois vem a oração e por último vem o jejum. Então o outro, Deus e nós, porque o jejum é nosso, o jejum sou eu que faço jejum, sou eu que faço a abstinência. E hoje é o dia de jejum e abstinência que a Igreja prescreve. Dois dias só, hoje e Sexta-feira Santa. Há quem faça em outros dias, mas a Igreja só nos pede duas vezes por ano. Hoje, Quarta-feira de Cinzas, e Sexta-Feira Santa. Então, o jejum é nosso. Sou eu que deixo de comer. Sou eu que rezo. Sou eu que daquilo que não consumo vou dar a alguém que está precisando, aí volta de novo a esmola. E o jejum também serve para a gente sentir a necessidade do alimento e voltar-se também para Deus, numa necessidade mais profunda do que a necessidade da comida e da bebida, que deve ser a necessidade de Deus na vida da gente. Então, no esquema aqui de São Mateus, primeiro o outro, depois é Deus, na intimidade do seu quarto, que Deus te recompensará, e depois o jejum, que é também para nós sinal de salvação, de deixar se moldar pelo Senhor e sentir o quanto é necessário também o alimento para nós. Isso nos faz bem quando o nosso coração em saber que quase um bilhão de pessoas no mundo não tem o necessário para alimentar-se. Isso nos faz também solidários àqueles que precisam. Daí o santo padres da Igreja diziam que o jejum bom é aquele onde só você não deixa de comer, mas aquilo que você não usou vai servir para alimentar alguém e talvez não tenham esse seu alimento diariamente.

Ofício Divino

Nós vimos aqui do profeta Joel que a conversão ela tem que ser não por fora simplesmente. Eu estou aqui vestido com a camisa do Ofício Divino, que é a cor roxa, que é a cor desse tempo que o Ofício Divino usa aqui na quarta-feira. Vocês são convidados a vir também toda quarta-feira, às 17h, o Ofício Divino então realiza a celebração do Ofício Divino, escuta a palavra de Deus completa, a Liturgia da Palavra, e depois uma ministra ou ministro distribui a sagrada comunhão para quem participou do Ofício Divino aqui na Catedral, toda quarta-feira.

Cinza

Estou usando uma camisa roxa. É um símbolo externo. E Joel disse, é importante também. Mas o mais importante não é rasgar as vestes, mas o coração, porque a conversão vem de dentro, não vai de fora para dentro, pelos pêlos, por aquilo que a gente veste e usa não, mas é um sinal, é um símbolo. Por isso que hoje é Quarta-feira de Cinzas. Nós vamos colocar sobre nossa cabeça, seguindo a orientação da Congregação para a Sagrada Liturgia, e não na testa, para evitar o uso das mãos também na fronte de tantas pessoas ao mesmo tempo, mas será colocada sobre nossas cabeças. Essa cinza, que ninguém vai ver porque vai estar na nossa cabeça, é um sinal também do nosso compromisso pessoal e do nosso compromisso também de amor para com a Igreja.

Campanha da Fraternidade 2021

Hoje também, na Igreja do Brasil particularmente, se lança a Campanha da Fraternidade 2021. Desde 1964 a Igreja vive as campanhas da Fraternidade. Primeiramente preocupada com o cristão que devia se tornar a Igreja; depois preocupada com a Igreja ensina sua organização; depois com um olhar para as várias realidades, mais cruéis que o Brasil estava vivendo; e agora as circunstâncias que o Brasil está vivendo, o Brasil no todo, e a partir também de todas as dioceses, de todas as regionais da CNBB. Então, a Campanha da Fraternidade deste ano, ela é a 5ª Campanha da Fraternidade com envolvimento das outras Igrejas Cristãs e daquelas que aceitam, porque lá no CONIC, que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, nós não temos todas as Igrejas, temos apenas sete Igrejas que fazem parte desta organização de Igrejas no Brasil, dentre elas, a Igreja Católica, mas somente sete Igrejas aqui que fazem parte, portanto, desse conjunto. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Presbiteriana Unida no Brasil, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Assíria Ortodoxa de Antioquia, a Aliança de Batistas do Brasil, a Igreja Bethesda e também o Centro Ecumênico de Serviços Evangelização e Educação Popular que também é ecumênico. Então, essas são as igrejas que solicitaram à Igreja Católica no Brasil e a Igreja achou por bem porque não é mal que a gente se relacione com as outras Igrejas, pelo contrário. Nós temos no Vaticano II um decreto e decreto é para se observar, não é para se questionar, é para se observar.

Ecumenismo e diálogo religioso 

Quem me disse hoje que o Município baixou ponto facultativo, o decreto de ponto facultativo. Então você vai para o trabalho ou não vai. Mas antes nós tínhamos um decreto que não era ponto facultativo. Um decreto do Governo do Estado de que se devia trabalhar inclusive na segunda e na terça de Carnaval. Então o decreto é para ser observado. Nós temos o decreto da pandemia que está previsto também lá o protocolo de como a gente viver nesse tempo de pandemia; então os padres não podem dizer: - Ah eu não vou viver isso. Não, você tem que viver, é um decreto e precisa ser observado! Ainda mais que o nosso foi também conversado e dialogado entre nós. Então, existe um decreto do Vaticano II, unidade que quer ajudar a gente a viver esse relacionamento também com as outras Igrejas Cristãs. E aí a partir do ecumenismo, um decreto sobre o ecumenismo, mas também um diálogo religioso. O ecumenismo é feito entre Igrejas Cristãs. O diálogo religioso é entre a Igreja Católica e outros, que nem são cristãos, como os muçulmanos e outras religiões, inclusive as afro-brasileiras e as indígenas também.

Objetivo da CF 2021

A Campanha da Fraternidade deste ano, sendo ela ecumênica, a Igreja Católica é uma das Igrejas e teve a sua participação no texto, mas não no texto o que o pessoal está questionando por aí. Mas a campanha tem como objetivo geral convidar as comunidades de fé. Então não é só a comunidade católica e pessoas de boa vontade, aquelas que nem têm haver com religião, a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade. Então, esse é o objetivo geral.

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