PUBLICIDADE

Responsive image

Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Pandemia de boatos


A semana chega ao fim reverberando boatos. O da vez, agora, é a demissão da secretária de saúde Socorro Melo, praticamente estigmatizada como marco zero da introdução da pandemia da Covid-19 em Caxias, e a grande responsável por todas as mazelas decorrentes do enfrentamento ao novo coronavírus no município.

Tudo teria começado com a disseminação do vírus a partir da família da secretária. Ninguém leva em conta o carnaval, muito menos a atuação do serviço de transporte clandestino de passageiros semanais para os estados do sul do país, principalmente para São Paulo, onde eclodiu, de fato, a pandemia em solo brasileiro.

Não. A culpa é mesmo da administração municipal, por manter em seu quadro de assessores a grande vilã desses tempos, que, na verdade, é apenas mais uma vítima do infortúnio que grassa por todo o país que corre atrás do troféu de liderar os números sinistros da pandemia ora capitaneado pelos Estados Unidos, onde o número de infectados já superou a casa do primeiro milhão e já morreram mais de 100 mil pessoas.

Pode até ser que a secretária Socorro Melo venha a ser substituída porque talvez não reúna neste instante condições psicológicas para estar à frente da pasta da saúde. Mas atirar sobre ela a culpa da pandemia em Caxias é de uma crueldade repugnante. A boataria, pelo que se vê, vai no sentido de derrubar a popularidade em alta do prefeito Fábio Gentil (Republicanos), por meio de gestos cheios de malícia e de mesquinhez que afrontam a inteligência de quem aprecia a política.

Primeiro, foi a afirmação na mídia que a administração municipal já recebera mais de 23 milhões de reais do governo federal para prevenção e tratamento da pandemia. O dinheiro já estaria nos cofres da prefeitura. Então, por que o alcaide não estaria gastando-o em obras e outros serviços demandados pela população caxiense?!! Onde estaria também a transparência desses gastos, que ninguém sabe de qualquer aplicação?!! Pode até ser que tenha ocorrido algum ruído na comunicação oficial, que demorou a se manifestar, mas foi o próprio Fábio Cabeludo que demonstrou, em live, que o recurso repassado não passara de algo em torno de 6 milhões de reais.

Agora, são os números da pandemia que não estão corretos. Ora, o que importa a dizer é que o número de casos da pandemia ainda está crescente (10 mortos e 172 infectados até a data de hoje), e que é preponderante que todos façam o seu papel para reduzi-la, controlá-la, simplesmente ficando em casa e diminuindo a circulação nas ruas, coisas simples que boa parte da comunidade não consegue assimilar por ignorância, a despeito das milhares de imagens e reportagens jogadas ao ar desde que a Covid-19 se impôs no território nacional. Contudo, pelo menos, já se nota que o uso de máscara cresceu entre os caxienses, e que as pessoas estão aprendendo a se higienizarem e a guardar distância quando estão em filas, o que já é um avanço.

Embora alguns empresários se queixem que não estão recebendo os seus contratos com a prefeitura em dia, não é possível sacramentar-se que Cabeludo esteja omisso às demandas da cidade e, principalmente, relegando a segundo plano o combate ao novo coronavírus. Diante dos investimentos que faz para a população, a ajuda vai desde o pagamento antecipado dos salários do funcionalismo municipal, passa pela distribuição de kits de proteção individual, instalação de lavatórios públicos, a utilização de veículos e homens portando atomizadores de limpeza sanitária nas ruas, prédios públicos e nas residências de moradores infectados, a instalação de cabines de desinfeção e higienização na cidade, e agora no meio da semana também ao povoado Nazaré do Bruno, por solicitação do vereador Catulé (Republicanos), dentre outras ações.

Para negativar a imagem da cidade, foi reverberado até na mídia nacional que o mortos da Covid-19 estavam sendo enterrados pelos próprios familiares em Caxias. Mas, por outro lado, como tenho seguidas vezes dito nesta coluna, o governo carece de uma pasta para controlar, passar um pente fino, em certas ações que colocam em cheque todo o empenho da gestão.

Um exemplo disso é o que aconteceu nesta semana, quando foi anunciado, e depois desmentido, que a gratificação de auxílio-transporte seria retirada dos vencimentos dos professores municipais. Não se sabe ao certo, se por interpretação equivocada da legislação, ou medo de feri-la, tal determinação tenha partido da Secretaria Municipal de Educação, mas o fato é que isso causou mais um estremecimento na delicada relação vivenciada entre a categoria e o executivo municipal, ainda mais em plena pandemia quando os nervos das pessoas estão muito mais sensíveis.

Por outro lado, ninguém pense que as relações entre o Paço Municipal e o Palácio dos Leões estejam em harmonia. Em reflexão postada nas redes sociais, durante a semana, o pré-candidato a vice-prefeito na chapa do MDB liderada pelo empresário/radialista César Sabá, empresário Pedro Barros, questionou o envio de 23 leitos (11 de UTI) do Governo do Maranhão para o Hospital Macrorregional de Caxias tratar especialmente casos da pandemia.

Barros achou absurda a determinação de instalar os tais leitos na unidade aparelhada para atendimentos de alta complexidade, a grande maioria sensíveis a uma contaminação letal, sobretudo no momento em o prefeito Cabeludo anunciava ter alugado o hospital Centro Médico de Caxias, no centro, especialmente para a finalidade.

A atitude, no entanto, apenas reflete o que realmente ocorre nos bastidores da política local, onde os dois maiores grupos políticos, Gentil/Marinho e Soares/Coutinho, estão em luta permanente, os últimos, por estarem fora do poder, inclusive se utilizando de todos os artifícios possíveis para diminuir a vantagem do adversário.

Com um poder central que se nega a assumir as responsabilidades estabelecidas no quadro constitucional vigente, e que tem como estratagema jogar sobre os ombros dos outros, quando algo não dá certo, aquilo que deveria fazer, vamos sobrevivendo em meio a essa pandemia que não é mortal somente do ponto de vista da  saúde, mas que desarticulou também a vida das pessoas, o trabalho, a economia e todo tipo de fator que produza riqueza e permita o sustento das empresas, das pessoas e de suas famílias.

Por sua vez, nunca a mentira esteve tão institucionalizada quanto agora. Mente-se apenas apenas pelo prazer de enganar,  mente-se para esconder falcatruas, mente-se até para forjar filosofias na mente sã das pessoas e com isso fazê-las perder o raciocínio crítico das situações e das coisas. Como nunca o fanatismo está presente na casa do brasileiro, e está tão nocivo que as pessoas só conseguem ver o mundo em duas dimensões.

Por conta do clima de mentiras a que está submetido o brasileiro, tramita no Supremo  Tribunal Federal uma ação que investiga um grupo de pessoas envolvidas na política, que se notabilizou a pregar mentiras, desconstruir personalidades e a diminuir a importância das instituições do país, mediante do uso de fake news. Mas, sabe da melhor, em vez da nação poder conhecer a realidade desses estelionatários, partiu do próprio Ministério da Justiça um pedido de habeas corpus para abafar a investigação, visto que talvez envolva personalidades do quadro de amizades do presidente da República.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, alertado para o perigo de vir a ser prejudicado por práticas do mesmo gênero, via internet, o presidente Donald Trump cogita até proibir as atividades das redes sociais como um todo naquele país.

No mais, por aqui, a noite dessa quinta-feira, 28, registrou um fenômeno climático atípico nessa época do ano. Um forte vendaval varreu a cidade, destelhando casas, arrebentando placas publicitárias e, infelizmente, causando a morte de três pessoas de uma mesma família que dormiam numa casa da rua do Parnaso, no bairro Ponte, após a residência ter sido destruída por galhos de uma frondosa árvore que se partiu com a ventania.

A tragédia familiar inusitada ganhou mais relevo porque vive-se em época de medo e de boatos, mas, de antemão, é bom que estejamos preparados para vê-la sendo explorada dos mais diversos pontos de vista em que vivem imersos hoje os agentes políticos de Caxias, com mandato ou sem mandato.                       


Comentários


Colunas anteriores

Em clima de Semana Santa

Chegando a Semana Santa propriamente dita nos próximos dias, Caxias segue dividida na área política, porque ninguém achou por bem deixar os problemas mundanos de lado para elevar o pensamento à espiritualidade, fenômeno ou circunstância que, queiramos ou não, nos diferencia dos demais animais que vivem no planeta Terra.  Entre os cristãos, que são ampla maioria no município, vivencia-se uma época de jejuns...
Continuar lendo
Data:26/03/2024 16:33

Perigosa vaidade

A tal Janela Partidária, que favorece os agentes políticos que irão disputar a próxima eleição municipal, permitindo-lhes trocar de partido até 5 de abril, produziu um fenômeno político daqueles que só é possível na democracia brasileira, uma vez que em nosso país, salvo raríssimas exceções, não se respeita ética partidária muito menos ideologia. O político...
Continuar lendo
Data:20/03/2024 07:06

Surpresas da largada eleitoral

A semana foi marcada pelo transcurso do Dia Internacional das Mulheres (08), evento que sempre recebe muita acolhida e bom tratamento em Caxias, com os mais variados segmentos da sociedade louvando a data, sentimento mais do que justo porque o sexo feminino, por incrível que pareça, ainda luta contra preconceitos e igualdade no contexto social, fato abominável neste nosso Brasil do século 21. Mas o período, observando-se o ângulo da política...
Continuar lendo
Data:12/03/2024 15:07

PUBLICIDADE

Responsive image
© Copyright 2007-2019 Noca -
O portal da credibilidade
Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google:
A Política de Privacidade e Termos de serviço são aplicados.
Criado por: Desenvolvido por:
Criado por: Desenvolvido por: