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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Eleição de prefeito, mais uma vez, será polarizada


Ao se aproximar o período das convenções que irão definir efetivamente os postulantes aos cargos de vereador e prefeito municipal nas eleições deste ano (31 de agosto a 16 de setembro), avaliando-se os movimentos pré-eleitorais e as pesquisas já divulgadas, chega-se à conclusão de que somente duas candidaturas estão fortalecidas para o embate do cargo majoritário no município – a do prefeito Fábio Gentil (Republicanos), que postula reeleição, e a do deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB).

Os dois nomes concentram as duas maiores forças políticas em disputa no município. A vertente no poder, através do consórcio Gentil/Marinho, e o grupo capitaneado pela família Coutinho, que, para não fugir à disputa e marcar posição, agregou no seu seio a família Soares, em verdade, correligionários do saudoso deputado Humberto Coutinho, quando o mesmo era o mandachuva caxiense durante 12 anos.

Aos demais postulantes melhor ranqueados, a exemplo de Júnior Martins (PSC), César Sabá (MDB), Tino Castro (PTB), Arnaldo Rodrigues (PSOL) e Luís Carlos Moura (PMB), resta a certeza de que lhes falta a retaguarda de uma infraestrutura robusta para entrarem na luta mais em pé de igualdade com os dois primeiros. A questão não é que lhes falta vontade e até discurso para reverberar pelos quatro cantos do município. O grande problema nesse sentido, em Caxias, é que ninguém vai adiante numa pretensão desse nível sem possuir os meios que lhe garantam sustentação e projeção junto ao eleitorado.

Durante décadas, esse é o espírito que permeia o imaginário do eleitorado local. As pessoas escolarizadas até podem definir seu ponto de vista e escolher o nome que julgam ser melhor para a cidade. Mas quando a coisa caminha rumo ao povão, não se engane, a votação será para aquele que demonstra que irá vencer e mostra pujança para o feito em todos os sentidos, inclusive do ponto de vista financeiro e apoio dos meios de comunicação.

Claro que é sensato pensar que hoje os tempos são outros, que a televisão e o rádio já não têm a força de antigamente, que a internet está aí para diminuir diferenças, exaltar imagens de desconhecidos e também destruir reputações com fake news. Entretanto, até as plataformas mais modernas de comunicação já começam a ser absorvidas pelos veículos tradicionais, produzindo uma grande vantagem para quem tem mais poder.

Exemplo disso são as pautas das editorias das emissoras, que passaram a se apoiar na correspondência diária e direta com os próprios ouvintes ou telespectadores. Sem que os desavisados percebam, o diálogo das emissoras com a comunidade acaba por induzir e determinar quem tem chance real de entrar na disputa. As duas maiores empresas de comunicação da cidade, Sinal Verde e Guanaré, por coincidência atreladas às candidaturas de Adelmo Soares e Fábio Gentil, respectivamente, já estão fazendo isso.

Adelmo Soares poderá ser o grande azarão da disputa deste ano. Ele, que até ano passado era aliado do prefeito, e como tal anunciara aos quatro ventos ter colocado várias emendas para beneficiar a Prefeitura de Caxias, agora reapresenta-se como oposicionista das mesmas ações que elogiara anteriormente. Para substanciar o novo discurso, passou inclusive a projetar uma imagem negativa do antigo aliado forçado a retrair a ação dos investimentos que vinham sendo feitos no município por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, de acordo com as últimas pesquisas, o prefeito Cabeludo está de 40 a 50 pontos na dianteira.

Mais interessante é que Adelmo não rompeu dramaticamente com Fábio Gentil. O que ocorreu foi um desquite amigável, apenas para poder disputar a eleição, aproveitando a oportunidade que lhe foi dada pela família Coutinho, depois que a liderança do clã, a deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), anunciou que não pretendia disputar a eleição para a prefeitura.

 Mostrando a sagacidade que lhe é peculiar, o deputado talvez nem acredite mesmo que possa vencer, mas torce para ampliar seu espaço eleitoral na direção de futuros embates, quando tem tudo para estar mais fortalecido. Quer inclusive deixar para trás o vexame da sua última eleição de deputado em Caxias, quando obteve somente 4,75% dos votos, exatamente 3.485 sufrágios, contra 31.487 votos (42,89%) obtidos pelo falecido deputado Zé Gentil, e 18.345 votos (24,99%) concedidos à deputada Cleide Coutinho.

Por sua vez, com o capital político amealhado no período eleitoral e sem chances de lograrem êxito na disputa, os bons nomes que também entraram na corrida de prefeito bem poderiam batalhar por vagas no parlamento caxiense. Pela desenvoltura exposta, mesmo sem alcançar a estatura pretendida, todos, sem exceção, já preenchem os requisitos para se evidenciarem como bons parlamentares no legislativo municipal. E têm até o dia 26 de setembro para registrarem suas eventuais recandidaturas.


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