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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Primeiros confrontos


O prefeito Fábio Gentil (Republicanos) começa a provar da mesma estratégia política em que envolvera o ex-prefeito Léo Coutinho na campanha eleitoral de 2016. Na época, quando tinha oportunidade na mídia (as redes sociais ainda não tinham alcançado o padrão de expressividade de agora), Cabeludo, bom de microfone e acostumado aos debates parlamentares, por sentir fragilidade no discurso do adversário, sempre o convidava para debater sobre as peculiaridades de Caxias, terreno que Coutinho, criado na maior parte do tempo fora do município, demonstrava carência de conhecimento.

À essa altura das manifestações pré-eleitorais, e com a proximidade das convenções partidárias que irão ocorrer entre 31 de agosto e 16 de setembro, os veículos de comunicação mais ligados à pré-candidatura do deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), e também manifestações na internet, a todo momento provocam pela realização de um debate entre os dois. A iniciativa parte do pessoal do deputado, com o objetivo de produzir um acontecimento capaz de fazer crescer a sua imagem junto ao eleitorado, e diminuir a popularidade do alcaide, que só cresceu após ele ter assumido o comando da gestão municipal. As últimas pesquisas colocam o prefeito muitos corpos à frente do principal adversário, até agora, na atual campanha.

Lógico que um evento dessa natureza interessa mais a quem não goza de visibilidade com os eleitores. Só assim, quem está atrás numa campanha política, usando de matreirice e artifícios de todo o tipo, pode lograr algum êxito tendo por expectativa colocar dúvidas na cabeça das pessoas e faturar para si créditos importantes para seguir na disputa. E, nesse quesito, sem sombra de dúvidas, o deputado Adelmo tem se mostrado um mestre ao longo da sua carreira.

Com atitudes conciliatórias e palavreado envolvente, ele pouco a pouco foi amealhando aliados poderosos que o ajudaram a crescer, iniciando como vereador, depois, como secretário municipal (Esportes e Lazer), secretário de estado (Agricultura Familiar), e, agora, deputado estadual. Aprimorou-se tanto, que atualmente é capaz de render até adversários que nutriam forte antipatia à sua pessoa.

Ousadamente, superou o ex-prefeito Júnior Martins (PSC), velho aliado da família Coutinho, que agora está em carreira solo para a prefeitura (terceiro lugar), quando deveria, por conta da amizade e do compromisso assumido em muitos anos de luta com o grupo, estar na chapa aprovada pela deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), hoje à frente do clã, após o passamento do seu esposo, o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Caxias, Dr. Humberto Coutinho.

Adelmo conquistou Dra. Cleide, mas sua presença como candidato a prefeito desagregou o grupo. Os empresários Tino Castro e Magno Chaves, por exemplo, saíram do bloco. E, assim, a grande maioria dos correligionários leva a campanha mais para o lado da candidatura a vereador do advogado Daniel Barros, esposo da vereadora Thaís Coutinho (vice de Adelmo), nome mais do agrado de todos.

Adelmo Soares, no entanto, tem contra si o fato de que até ano passado era aliado do próprio prefeito Fábio Gentil e colocara sua esposa, a vereadora Aureamélia Soares (PCdoB), para dirigir a Secretaria Municipal da Mulher. As emendas parlamentares que aprovou para o município ocorreram no período em que era aliado da gestão que admirava.

Agora, são essas mesmas emendas, que envolvem a recuperação e o asfaltamento de ruas, dentre outros investimentos infraestruturais, aquisição de veículos para o serviço assistencial, que ele vem usando como plataforma de ação política pelos bairros da cidade, inclusive à frente de máquinas contratadas pelo Governo do Estado, afim de confrontar o antigo aliado.

Ele sabe que trabalhos do Estado no território do município têm que se apoiar em convênios. Mas, não importa, o que vale é que a população interprete a ação do prefeito em embargar os tais serviços apenas como um gesto de retaliação, por não ter conseguido se antecipar à tempo e cumprir promessas antes do adversário.

Claro que a população caxiense melhor informada está ciente de que o cronograma de trabalho da prefeitura teve que ser suspenso por causa da pandemia da Covid-19. Há cinco meses o município vive em estado de calamidade pública, obrigado a adotar uma política de distanciamento social e a controlar gastos, devido à crise sanitária que já infectou aprimadamente de quatro mil pessoas, e ceifou a vida de cerca de cem pacientes no município.

Contudo, mesmo com a pandemia ainda presente, aos poucos os serviços começam agora a ser retomados, pois é premente fazer alguma coisa nesse momento que precede as eleições. O ano de 2020, com certeza, seria o período para o fechamento do conjunto de obras da gestão. E a entrega do Shopping do Cidadão aos vendedores ambulantes da área central de Caxias, por certo manteria de pé o clima de otimismo irradiado no início com a inauguração da nova praça da Chapada e do Mirante da Balaiada, dois logradouros que se tornaram os novos cartões postais da cidade, ambos muito bem recebidos por toda a comunidade.

Não obstante, para a oposição, não interessa que o prefeito ou o governador tenham perdido seus pais para a doença. A aposta é firme no desgaste da imagem de Cabeludo para vencê-lo. Escaramuças envolvendo o trabalho da prefeitura contra a pandemia devem ser exploradas. Além disso, é preciso considerar também interesses poderosos dos bastidores da política estadual, as preocupações com a manutenção dos votos conquistados no leste maranhense.

Na guerra da comunicação que já está em curso, só agora, passados os primeiros bombardeios de Adelmo contra Fábio Gentil, é que o pessoal ligado ao prefeito começou a responder aos petardos recebidos. Nas redes sociais e nas emissoras de rádio e tv ligadas ao consórcio Gentil/Marinho, as emendas parlamentares do saudoso deputado Zé Gentil voltaram a ser evidenciadas como determinantes para o serviço de recuperação e asfaltamento que está em andamento nas ruas caxienses. Ao mesmo tempo, ganhou relevância também o fato do deputado concorrente ter sido condenado na justiça por propaganda eleitoral antecipada, no episódio que ficou conhecido como “adesivaço”.

O apoio recente do ex-vereador Ronaldo Chaves (PCdoB), assessor do governo estadual, à campanha do prefeito, foi saudado com manifestações acaloradas pela equipe gentilista. Instado a explicar o gesto de não acompanhar o deputado, seu colega de partido, Chaves revelou à imprensa que sua decisão fora tomada ainda em março deste ano, quando Adelmo também estava aliado a Fábio Gentil. Por sua vez, os Coutinho rebateram prontamente com o anúncio da vinda do senador Weverton Rocha (PDT) para participar da convenção do grupo, em Caxias, no próximo dia 7 de setembro.

Fábio Gentil tem a seu favor, além do poder, de fato e de direito, as chaves do tesouro municipal. E se não estivesse tão fortalecido nesse sentido, seus apoiadores não estariam atualmente com a cara amarrada, diante da demora na resolução de suas demandas para tocarem a campanha. Nos últimos dias, há clima de inconformismo também na base de vereadores que o apoiam, preocupados com o modo de condução da campanha.

Faz um jogo perigoso, porque, se sentindo pressionado, dá a entender que prefere centrar suas atenções nesse momento para o futuro da política, se esquecendo que o mais importante, agora, é ganhar a eleição. Talvez embevecido pelo resultado das últimas pesquisas, ele não se dê conta também que programas televisivos e radiofônicos gerados pelo bloco adversário estão fazendo de tudo para minar sua imagem.

Por outro lado, é cada vez mais nítida a sensação que brota dos bastidores, dando conta do seu empenho de emplacar pessoas da sua confiança na próxima legislatura da Câmara Municipal e, se possível, apontar depois a presidência da casa, alijando as pretensões tanto de antigos companheiros como de novos aliados.

Não é toa que a crônica política da cidade brinca com a estória do voto do camarão sem cabeça e exalta tanto o nome de Humberto Coutinho como o único político caxiense que, até agora, foi capaz de reeleger-se, exatamente por ter conseguido trazer sob controle as paixões e os interesses individuais nos períodos de campanha.

Por enquanto, o prefeito não responde às provocações, embora nos bastidores diga que está preparado para qualquer confronto. E pacientemente vai distribuindo as cartas do jogo. Se vai vencer... Bem, resta-nos esperar para ver como os fatos irão se comportar no decorrer da campanha eleitoral.
Insegurança

Injustificável, sob todos os pontos de vista, que dois bandidos armados adentrem a um consultório de dentistas cheios de clientes em prédio localizado na praça do Panteon, em pleno coração de Caxias e a cerca de 100 metros da Delegacia Regional de Polícia, e deixem o local sem serem incomodados, com os pertences das vítimas. Tudo aconteceu em plena luz do dia, por volta das 17 horas do último dia (21, numa das áreas mais movimentadas da cidade.

A ousadia dos meliantes, que fugiram calmamente de motocicleta, leva-nos a refletir que Caxias é hoje um município carente de segurança, pois não existe policiamento nas ruas. E não é de admirar que as belas praças da Princesa do Sertão, hoje, durante o dia e também à noite, sejam espaços tomados por traficantes e pontos de encontro e de aconchego de consumidores de drogas.

Informados de que o sistema de vigilância por câmeras da cidade não está funcionando, os bandidos aproveitam as facilidades, enquanto a população amedrontada se refugia nas residências cercadas por grades.


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