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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Choque de realidade


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu na semana a limitação dos gastos que os postulantes aos cargos de prefeito e de vereador poderão fazer nas eleições deste ano. Quem concorre a prefeito, poderá gastar até o limite de R$ 1.428.790,74, enquanto os que buscam uma das 19 vagas de vereador, em Caxias, serão obrigados a contabilizar em suas contas, no máximo, R$ 112.118,63. A regra é crucial, porque representa também o ponto de ruptura entre a utopia e a realidade, momento em que pretensos postulantes são chamados à razão para verem onde estão posicionados dentro da disputa eleitoral.

Em um município de baixo horizonte econômico como o nosso, os dois limites praticamente alijam do pleito muita gente boa que está nas ruas movida pelo ideal romântico de se candidatar e concorrer para o universo da política, uma seara que seduz e se mostra auspiciosa para a vida, embora seja na verdade um caminho tortuoso e cheio de surpresas a cada curva da estrada, sempre a cobrar muita experiência a quem se aventura a trilhar por ele.

O ponto máximo das apreensões dos postulantes, no entanto, será conhecido somente nos próximos dias, quando estiverem encerradas todas as convenções partidárias no município. A data limite é 16 de setembro, e seguirão na disputa somente aqueles que reunirem condições de se estabelecerem convenientemente.

Não basta somente ter a vontade, o desejo de trabalhar pela comunidade. Além disso, é imperativo preparar-se para marchar em pé de igualdade com os demais, e a mola do impulso é a quantia que a candidatura tiver em caixa, pois ninguém ainda tem a capacidade de fazer política sozinho no nosso país.

Tal recurso só encontra receptividade em países onde a população já alcançou uma renda per capita melhor e uma educação elevada, estabelecendo parâmetros de exigência muito à frente do modelo clientelista que vigora em nosso país. Infelizmente, a grande maioria do nosso eleitorado vota em troca de promessas e de favores. É a mais dura realidade.

Quem se candidata a prefeito até pode ainda ter alguma esperança, por força das coligações que poderá agendar em torno de si, arregimentando recursos e correligionários em volume suficiente para levar à diante a empreitada. Se tiver prestígio, pode até conseguir apoio do fundo partidário ora controlado com mão de ferro pelos dirigentes dos partidos.

Por outro lado, mais difícil mesmo é a luta para a vaga de vereador, onde o postulante tem apenas o espaço do partido ao qual se filiou para participar da eleição, depois que foi decretado o fim das coligações partidárias para a categoria. O período atual, portanto, é o do choque de realidade, e só continua no jogo quem tiver músculos para transpor os muros altos de dificuldades postas à sua frente.

Em razão disso, talvez muitas pré-candidaturas venham a engrossar o corpo de correligionários daqueles em melhores chances de participarem do pleito, marcando posição e aproveitando a ocasião para aprender mais sobre o processo eleitoral como um todo. Nessas condições, foi assim que muita gente boa conquistou seu espaço na política de Caxias.

Em contrapartida, não se pode desprezar um fator novo que ameaça se fazer presente em nossas eleições municipais – a internet e suas redes sociais digitais. A força de suas ferramentas e aplicativos ainda não puderam ser medidos aqui em Caxias. Agora mesmo pode estar se estabelecendo uma rede de influenciadores digitais, sem que ninguém perceba, e seus apelos e mensagens já estejam presentes a quem faça uso de computador, ou de smartphone, que são abundantes no município.

No presente embate pré-eleitoral, nunca se tinha visto tanto postulante ao cargo de prefeito de Caxias, o que é muito bom para nossa democracia, que sai fortalecida. Mas impressiona também a quantidade dos que pleiteiam uma vaga no legislativo municipal.

Citando o Partido Republicanos como exemplo, que abriga o prefeito Fábio Gentil, cogita-se que cerca de 200 nomes irão brigar por uma das 19 vagas na legislatura da Câmara Municipal que se iniciará no próximo ano. Atualmente, oito destas vagas estão nas mãos de vereadores do partido que concorrem à reeleição, uma turma que já está em vantagem no jogo, por força do trabalho que já realiza na cidade e em seus redutos na zona rural.

Que o leitor fique atento, portanto, às convenções municipais que se desenrolarão até 16 de setembro. Duas dessas são muito aguardadas: a do dia 7 de setembro, no bairro Seriema, que irá homologar as candidaturas do deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) a prefeito, e da vereadora Thaís Coutinho (PSL), a vice, pelo conglomerado da família Coutinho; e a do dia 13 de setembro, no Ginásio João Castelo, que referendará, mais uma vez, Fábio Gentil (Republicanos) e Paulo Marinho Jr (PL), a prefeito e vice-prefeito, respectivamente, pelo grupo Gentil/Marinho.

Sem desprezar as demais candidaturas, quem se dispuser a acompanhar esses dois eventos, por certo terá melhores condições de avaliar as águas que estarão mais volumosas no percurso em direção ao mar.


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