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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Dias decisivos para as eleições


O deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) e a vereadora Thaís Coutinho (PSL) foram homologados como candidatos a prefeito e vice-prefeito, respectivamente, na coligação que reúne as famílias Coutinho e Soares no município, na última segunda-feira à noite, dia 7, feriado nacional homenageando o 198º aniversário da Independência do Brasil. A data foi escolhida para marcar a largada da corrida do grupo às eleições deste ano, rumo à Prefeitura e à Câmara Municipal.

Adelmo, durante a convenção, já mostrou a que veio, deixando claro como será a sua atuação na campanha. Ele quer o confronto direto, o debate, para tentar mais incisivamente minar a popularidade do principal adversário, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), à frente do poder majoritário em Caxias..

Como de costume, carreata de apoiadores, centenas de motoqueiros e muito foguetório acompanharam os dois postulantes, que traziam à tiracolo o senador Weverton Rocha (PDT), o secretário de Estado Marcos Holnaiser (PDT), o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) e os prefeitos de Aldeias Altas (Zé Reis) e de Matões (Ferdinando Coutinho).

Diferente dos tempos das vacas gordas, a convenção coutinhiana não aconteceu numa das consagradas casas de eventos da cidade. A opção foi aproveitar as instalações de uma propriedade particular situada na Travessa Santos Dumont, no bairro Seriema. A grande ausência da festa foi a da deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), patrocinadora da candidatura de Adelmo, que preferiu enviar um vídeo gravado para o evento, evitando acertadamente a se expor a um eventual contato com o novo coronavírus, em razão de fazer parte do grupo de pessoas mais propensas a ser atingidas pela pandemia.

Correligionários mais afoitos, que não se importaram com distanciamento social e em soltar fogos nas proximidades do Hospital Geral do Município, logo se apressaram a espalhar que a disputa será renhida e em pé de igualdade com o prefeito Fábio Gentil (PRB). Desprezando as últimas pesquisas que colocam o alcaide de 40 a 50 pontos à frente de Adelmo, nos meios de comunicação aliados, até um mantra começou a ser plantado na cidade. A palavra de ordem é pregar agora que é da tradição de Caxias não reeleger seus prefeitos e que o único a conseguir isso foi o ex-prefeito Humberto Coutinho, já falecido.

Nos noticiários das emissoras atreladas à candidatura são raros os momentos em que comunitários elogiam o trabalho da prefeitura. A pauta estimula a população a fazer denúncias, como se todos os problemas da cidade estivessem acontecendo, agora, período da campanha.

Inteligente e bem calculada essa abordagem dos Coutinhianos. Entretanto, difícil é achar por onde anda essa apreagoada igualdade de chance, levando-se em conta que o grupo Coutinho praticamente se esfacelou depois das primeiras tratativas para encontrar uma candidatura que substituísse Dra. Cleide Coutinho, que declinou da indicação. Prova disso são as candidaturas solo a prefeito de antigos coutinhianos na fase pré-eleitoral da campanha, enquanto o grupo de Fábio Gentil permaneceu coeso.

Tentando mesclar Adelmo à política do saudoso comandante do grupo, se esquecem que uma distância muito grande separa os dois. HC nunca foi homem para usar de apelação para confrontar adversários, partir para interpelações diretas e incisivas, como Adelmo fez ao discursar na convenção. Na verdade, o grande mérito de HC nesse mister foi trabalhar bem nos bastidores e entender cedo onde estava o interesse maior da cabroada local, já que por aqui há muito não se dá o devido valor a posicionamentos que envolvam ideologia ou postura partidária.

Agora candidato, de fato e de direito, Soares quer repetir o feito do próprio Cabeludo contra Léo Coutinho, quando da última campanha eleitoral. Vai explorar a atuação da gestão municipal nos últimos três anos, talvez contemporizando até a maneira como está sendo realizado o enfrentamento da pandemia na cidade.

Não importa se o fenômeno sanitário atingiu todo o planeta, ou que, por sua causa, as gestões municipais tiveram que suspender seus programas de investimentos. Mais relevante será evidenciar situações que suscitem vacilos e eventuais erros da administração na condução do processo, ainda que a Organização Mundial de Saúde e todas as instituições ligadas a infectologia vaticinem que não há tratamento certo para a enfermidade. É um circo montado para agradar incautos e desatentos dos reais interesses da política caxiense.

O governo de Fábio Gentil pode ter lá seus defeitos, porque ninguém é mesmo perfeito neste mundo, mas é inegável que se esforçou para manter a pandemia sob controle e que nos três primeiros anos começou a resgatar novamente o sentimento de alegria e de amor à terra natal que andavam meio desvanecidos entre os caxienses nos últimos tempos.

Credite-se Humberto Coutinho o grande trabalho da construção de conjuntos habitacionais, a nova maternidade pública e os largos investimentos que foram feitos na rede de postos de saúde e na área de assistência social do município. Eram os tempos do governo do PT, quando as torneiras do dinheiro público estavam abertas para todo o tipo de ação que resultasse em melhoria para população mais carente e sofrida.

Certo que na administração de Léo Coutinho havia uma grande perspectiva da cidade ampliar seus horizontes, transferir o centro administrativo, e caminhar, por exemplo, na direção do conjunto Vila Paraíso. Houve a substituição da rede envelhecida de água potável da cidade. Mas fora isso, nada foi pensado para a área do comércio informal, e nenhuma nova avenida surgiu para reduzir a pressão do trânsito que hoje é caótico por todo o perímetro central de Caxias.

A malha viária da cidade, por sua vez, passada a gestão dos Marinho, há muito precisa ser reasfaltada. De tanto receberem operações tapa-buracos, remendos e quebra-molas, as ruas e avenidas caxienses tornaram-se um incômodo a mais para quem dirige no seu trânsito sufocado por veículos de todos os tipos. Os guardas da fiscalização do trânsito também deixaram seus blocos de multa na gaveta, corroborando para o clima de desrespeito às leis e incivilidade que se assiste diariamente nas ruas da Princesa do Sertão Maranhense.

Ao refazer a grande avenida do bairro Mutirão, a praça da Chapada, inaugurar o Mirante da Balaiada, reativar o Hospital Geral do Município e começar a levantar o Shopping do Cidadão, na avenida Otávio Passos, medida para equacionar o comércio informal do centro, e manter o pagamento do funcionalismo em dia e antecipado, todo mês, o prefeito Cabeludo renovou as esperanças do caxiense viver numa cidade melhor. Mas veio a pandemia, e tudo praticamente parou.

Impressiona que Gentil tenha se mantido à tona, acossado por adversários que fazem o que podem para mantê-lo distante do governo do Estado, de sorte a não ser beneficiado com  investimentos que facilmente chegam a outros municípios. Um exemplo disso é que até hoje Caxias não tem um restaurante popular para fornecer comida de qualidade e a baixo custo aos mais necessitados. O hospital Macrorregional, gerido pelo Estado, também funciona mais atrelado à política partidária do que aos interesses maiores do sistema municipal de saúde, obrigando a população carente a se humilhar para ter acesso.

Aliado do prefeito até ano passado, o deputado Adelmo cedeu aos apelos do canto da sereia, rompeu os laços da amizade política, silenciou os elogios, para procurar abrigo ao lado do grupo que se apresentou mais fortalecido na Assembleia Legislativa do Maranhão e com o Governo Estadual, após a morte do deputado Zé Gentil, pai do prefeito, vítima da Covid-19. Tornou-se um algoz em meio às circunstâncias? Não! Essas manobras são mesmo peculiares para quem vive na política. Afinal de contas, o vácuo na liderança da família Coutinho tornou-se uma tentação para quem almeja crescer politicamente na região.

Talvez ainda sem perceber, o eleitorado caxiense terá pela frente, caso se confirme o embate maior entre as famílias Gentil/Marinho e Coutinho/Soares, duas perspectivas plausíveis: vencendo Adelmo, Caxias não terá apoio do governo federal para nada, uma vez que não tem como fugir e dizer que não é aliada do governador Flávio Dino (PCdoB), nome que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz questão de antagonizar; se der Fábio Cabeludo, mais uma vez, seu trânsito será mais facilitado pelas amizades que fez no contexto do governo federal que, mesmo aos trancos e barrancos, segue, de acordo com as últimas pesquisas, fortalecido popularmente no país.

Até o próximo dia 16, data de encerramento das convenções na cidade, existe muita expectativa sobre o comportamento dos demais concorrentes ao cargo de prefeito do município, e não podem ser desprezadas eventuais desistências em favor de novas alianças que possam favorecer correligionários dessas candidaturas. Até hoje, estão no páreo, também, Júnior Martins (PSC), César Sabá (MDB), Arnaldo Rodrigues (PSOL), Luís Carlos Moura (PMB), mais um nome possivelmente a ser indicado pelo PT local, onde disputam Chico Sousa e Ney Jefferson, embora no seio da agremiação haja quem esteja propenso a caminhar com uma candidatura própria, quem esteja disposto a apoiar Fábio Gentil, e quem tenha a intenção de ficar ao lado de Adelmo.

Após a convenção que sacramentou Adelmo Soares e Thaís Coutinho, por enquanto, melhor mesmo é aguardar e avaliar depois como ocorreram as demais convenções partidárias no município. E ficar de olho, aferir a força que a coligação ligada ao prefeito apresentará em sua reunião, domingo, dia 13, e que terá como palco o Ginásio de Esportes Governador João Castelo, na praça São Sebastião, centro de Caxias.


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