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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Em meio à Covid-19, a política de Caxias procura caminho


Era inevitável que a pandemia da Covid-19 continuasse a por em marcha seu índice de infestação com a campanha eleitoral de 2020. Como o pleito não foi prorrogado pelo TSE, a movimentação política que convergiu inevitavelmente para a aglomeração de pessoas ao longo de um período de seis a sete meses intensos, fatalmente haveria de ser o combustível para ampliar a presença da grave e perigosa virose que paira sobre a população brasileira e, por extensão, também a caxiense.

É verdade que a classe política bem que tentou amenizar a propagação da doença, insistindo para que a população se utilizasse de todos os meios de distanciamento social e rígidos protocolos sanitários. Mas não adiantou, a postura temerária e irresponsável de certos segmentos sociais, principalmente entre os jovens, culmina agora para o recrudescimento da doença, ao ponto de já termos chegado à casa de 180 mil mortes no país, 121 das quais somente aqui em Caxias.

No boletim oficial desta quinta-feira, 10, em Caxias, havia o registro de 5.599 casos confirmados; 29.660 testes rápidos realizados; 71 casos aguardando resultado; 20.170 pacientes descartados por exames; 416 pessoas confirmadas em isolamento domiciliar; 56 internadas em hospital; e 4.943 restabeleceram a saúde. A UPA 24 Horas, unidade de referência em urgências médicas, foi retirada do combate à Covid e retomou suas atividades normais, mas a prefeitura mantém o hospital de campanha Centro Médico e o próprio Hospital Geral do Município prestando assistência aos casos decorrentes da pandemia.

No intuito de controlar mais as aglomerações, a prefeitura acolheu sugestão do Ministério Público Estadual e suspendeu dois grandes shows musicais que estavam previstos para acontecer na cidade. Os grupos de jovens mostram-se mais decididos a desrespeitar o isolamento social, mesmo com todo o apelo das autoridades. Nos noticiários televisivos e redes sociais, o que se vê com mais frequência é a juventude despreocupadamente participando de baladas e outros tipos de reunião, em espaço público e privado, como se a doença não a alcançasse e, sem nada sentir, servir de vetor de propagação da enfermidade para o seio de suas próprias famílias. E assim, com o egoísmo dos que só pensam apenas em si, e ao culto aos prazeres mais diversos, a Covid-19 prossegue sobrevivendo, destruindo lares, ceifando vidas.

A aguardada vacina, segundo as últimas projeções da ciência, está prestes a ser levada para o mundo inteiro. Na Rússia, uma versão já está sendo distribuída na comunidade. No Reino Unido, a versão aprovada de outro experimento já atende à população mais idosa, ao pessoal da área médica e da assistência social. No nosso Brasil, entretanto, sabe-se lá quando vai deslanchar. O Estado de São Paulo, através de seu governo, por sua própria iniciativa, anuncia que o início acontecerá no próximo dia 25 de janeiro, enquanto nosso governo federal segue reticente e diminuindo o valor das coisas como tem feito desde que a pandemia foi anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ao mundo inteiro.

Aqui na terra dos guanarés, o prefeito reeleito Fábio Gentil (Republicanos), que já perdera o pai, o ex-deputado José Gentil, para a doença, logo nos primeiros meses que a infestação chegou a Caxias, acabou também contraindo o vírus poucos dias atrás. Por ser um homem jovem, possuir porte atlético, o alcaide, acompanhado de médicos, primeiro se recolheu a tratamento domiciliar. Mas o caso de agravou e ele foi tomado por falta de ar, sendo imediatamente levado para Teresina. Na cidade mafrense, à luz de diagnóstico que mostrava desregulagem perigosa no seu sistema glicêmico, de passível evolução para um quadro sem retorno, foi aconselhado a rumar diretamente para São Paulo, onde faz agora tratamento no Hospital Sírio-Libanês, e responde bem ao acompanhamento, inclusive sem usar aparelhos.

Se resolvera descansar depois da campanha, principalmente deixar para o final de dezembro a questão da escolha da nova mesa diretora da Câmara Municipal que irá empossá-lo em 1º de janeiro, a Covid-19, pelo menos em parte, resolveu sem maiores subterfúgios algumas preocupações da cabeça do prefeito. Mas viver em política é participar de um mundo atormentado pela presença de percalços e mudanças de rota inesperadas.

Decidido após reeleger-se a se lançar a voos mais altos na política maranhense, e preparando-se a já dar o primeiro passo nesse sentido disputando o comando da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM), entidade capaz de amplificar a imagem de seu dirigente para o estado inteiro, FG assiste, hospitalizado, ao abalo sofrido por uma figura política das mais importantes no seio da comunidade municipalista, o deputado federal Josemar de Maranhãozinho (PL). É que Paulinho e ele haviam se tornado próximos do presidente do PL maranhense, até então visto como um parlamentar que foi responsável pela eleição de mais de 40 prefeituras no interior, talvez acalentando a possibilidade de um apoio às atuais pretensões do primeiro mandatário de Caxias..

Contudo, relacionado nos desdobramentos da Operação Descalabro, da Polícia Federal, na qual é apontado como o grande suspeito de liderar uma fraude da ordem de 15 milhões reais contra o sistema público de saúde de vários municípios do interior, Maranhãozinho, para alegria de seus desafetos, de repente viu sua imagem arranhada nacionalmente. Na última quarta-feira, substanciando as acusações, a PF devassou imóveis de propriedade do deputado e de laranjas, pondo as mãos em vastas quantias de dinheiro vivo, assunto propagado em amplas reportagens pelas emissoras de maior audiência no país.

Para Fábio Cabeludo, o problema agora é saber se terá condições de seguir com o plano traçado, diante de um eventual comprometimento da imagem de Maranhãozinho, que poderia apoiá-lo na eleição da FAMEM, um palco sobre o qual, com toda a certeza, estarão atuando todos os agentes que almejam substituir o governador Flávio Dino no pleito de 2022.

Se mostrar habilidade, o prefeito caxiense pode obter até o apoio do próprio governador e seu grupo, para conter uma eventual iniciativa do senador Weverton Rocha (PDT) na FAMEM, ora abertamente em campanha à sucessão de Dino. É de conhecimento geral que o governador considera no momento o senador pedetista como principal responsável pela derrota do seu candidato (Duarte Júnior) à prefeitura de São Luís, fugindo de apoiar o grupo no segundo turno apenas para enfraquecer a posição do vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), seu concorrente mais direto na próxima sucessão estadual.

Como Rocha veio a Caxias para abrir campanha ao lado de Adelmo Soares (PCdoB) contra Cabeludo, e colocou suas emissoras de rádio e televisão a serviço dos opositores da gestão municipal, tem lógica o raciocínio de que nessa guerra surda do pedetista contra a candidatura do vice-governador Carlos Brandão, figura de proa do Republicanos estadual, partido ao qual  FG está atualmente filiado, o alcaide caxiense pode acabar se dando muito bem.

Enquanto isso, no cenário da política local, por enquanto (e agora mais ainda com o isolamento do prefeito por causa da covid) persiste o fato de ninguém saber ao certo quem estará à frente do Legislativo Caxiense, a partir de janeiro de 2021. Com a oposição enfraquecida (três vereadores, apenas), claro que a escolha terá que passar pelo apoio do prefeito, que tem a seu lado 16 vereadores na Câmara. Da sua preferência ele apontará para o conhecimento de todos qual o caminho que ele próprio pretende trilhar, enquanto hoje é a liderança maior de Caxias e de todo o leste maranhense.

Por hora, dois postulantes, de estilos e experiência bem distintos, desfrutam o privilégio de poder presidir a Câmara Municipal de Caxias (CMC) pelos próximos dois anos: o recém-eleito vereador Teódulo Aragão (PP); e o atual presidente da CMC, parlamentar com mais tempo de atuação na casa, vereador Catulé (Republicanos).

Teódulo, mesmo sendo um iniciante na política de Caxias, vai para a disputa com a credencial de fazer parte da família Gentil e de ter sido o mais votado na última eleição; enquanto Catulé, segundo colocado, carrega sobre os ombros o conhecimento da própria política local das últimas três décadas, além do fato de ter estimulado e concorrido diretamente para Cabeludo romper com a família Coutinho e chegar atualmente onde chegou, isto é, à liderança política do município.


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