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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Hora da razão prevalecer sobre o desejo, a ganância, as paixões...


As épocas de crise, sejam elas de caráter sanitário, como é o caso agora da pandemia do vírus covid-19 ou de qualquer outra natureza sobre esse planeta em que vive o homem, embora detestáveis pelos infortúnios que provocam na sociedade, por um capricho de quem nos criou, também são capazes de nos oferecer, junto com as desgraças, um olhar pausado para a dor e outro para os fatores e causas que estão por aí estabelecendo o caos e outras mazelas.

Sob a pressão da quantidade sempre crescente de infectados que acorre diariamente para os hospitais, os sistemas de saúde do país, públicos e particulares, estão à beira do colapso, praticamente sem condições de receber pacientes, inclusive enfermos de outras doenças, tal a avalanche de demandas por internação em todos os estados brasileiros. O país corre célere para liderar

Vivenciando um cenário em que o país corre célere para liderar negativamente a pandemia no mundo, de repente, as pessoas passaram a se aperceber que já não é mais possível ignorar a gravidade da situação e que urge fazer algo, as autoridades tomarem posição, serem firmes, para manter a vida social nos eixos. E é nesse momento que se percebe a quantas andam as coisas funcionando por todo o Brasil. É detestável dizer que vivemos em um país sem um projeto de nação, incapaz de prover as mais simples operacionalidades básicas para sua população.

Estamos sob o ataque de um furtivo e perigoso vírus letal, mas quando se ouve dizer que a hora é das pessoas ficarem em casa, para evitarem aglomerações, exatamente o campo de sobrevida e disseminação do vírus, é que se percebe o que está faltando para o brasileiro dizer, mesmo vivendo em um território pródigo de tantas riquezas que são invejadas por outras nações, que ele ainda não é um povo realmente civilizado e está colocado fora das benesses que a economia e a tecnologia proporcionam a outros povos da terra.

Na noite da última quarta-feira, 03,  no auditório da Prefeitura, o presidente da Câmara Municipal de Caxias, vereador Teódulo Aragão (PP), convocou seus parlamentares e produziu uma importante reunião com todos os segmentos da sociedade organizada de Caxias. A pauta do encontro foi discutir o que as autoridades, as pessoas, devem fazer, para não permitirem mais a expansão da doença no município. O vereador Teódulo repetiu o que fizera no ano passado o ex-presidente da casa, vereador Catulé (Republicanos), colocando o Poder Legislativo Municipal na  esfera de comando do combate à enfermidade.

Premido pelas dificuldades, incertezas e caos diante do que se enfrentava um ano atrás, Catulé acertou ao criar uma comissão especial de vereadores para acompanhar o trabalho do comitê de enfrentamento da doença em Caxias. Agora, Teódulo preferiu chamar as autoridades e a sociedade para dialogar, ouvir com ponderação e responsabilidade, as demandas e sugestões que o povo espera assistir traduzidas em decisões do Poder Executivo Municipal. Resultado: a reunião serviu para nortear o leque de informações que a Comissão Permanente de Saúde da CMC irá oferecer para subsidiar o novo decreto que o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) irá assinar contra a pandemia.

É certo que o prefeito não irá suspender as atividades econômicas do município. Ele deve acompanhar mais ou menos o que fez esta semana o governador Flávio Dino. No interesse de preservar a economia maranhense, ambos serão racionais se conseguirem fiscalizar as atividades da população, controlar melhor o fluxo das pessoas, impedindo a todo o custo as aglomerações, sejam elas públicas ou privadas.

Na reunião com os vereadores, o pastor Paulo Jorge da Silva, da 1ª Igreja Batista de Caxias, enfatizou que a sua congregação tem se mantido vigilante todo esse tempo. Segundo ele, até agora, nenhum membro restou infectado com a covid. “Façam o que estiver ao alcançe. Se houver a possibilidade de nos prevenirmos contra a doença, vamos tomar os medicamentos que os médicos estão receitando, respeitar o distanciamento entre as pessoas, usar máscaras e cuidar da higiene pessoal”, disse o religioso, refletindo que assim até é possível cumprir a realização de cultos, porque as pessoas, sobretudo em períodos como esse, precisam, mais do que nunca, manter o equilíbrio espiritual.

Outro momento importante do encontro foi a palavra do empresário Ivan Ferreira, representante do Sindicato dos Lojistas de Caxias, o Sindilojas. Para o comerciante, há possibilidade de se conciliar os interesses da economia com as ações de prevenção à saúde da população. Em sua concepção, fechar o comércio só irá aumentar ainda mais os problemas da cidade, que já enfrenta crise de desemprego, e lembrou que as lojas de Caxias têm primado por garantir a segurança da saúde de seus clientes.

Para ele, o problema maior está na circulação de pessoas sem propósito algum, indo ao centro simplesmente para passear. “Se chegarmos a um consenso, o Sindilojas está disposto até a contribuir com serviço móvel de altofalante para instruir as pessoas ficarem em casa”, sugeriu, recomendando que as pessoas só saiam de casa para adquirir o necessário para manter o conforto e a sobrevivência.

Quando se analisa tal raciocínio é que se percebe o quanto os dirigentes do Brasil deixaram de fazer pelo progresso do povo ao longo da história, evidenciando que ainda vivemos sob os eflúvios de um regime colonialista implantado no século XVI. Em sua grande maioria, a população brasileira é constituída de pobres, tem baixos e vergonhosos índices de educação,  e em certos segmentos até se parece com o quadro atual da Africa do Sul, de mesmo modelo.

É nessa hora que se percebe que as crianças de famílias modestas vão à escola, primeiro, para se alimentarem; que não podem assistir suas aulas em casa porque os pais não têm condições de adquirir-lhes um computador, um smartphone, sequer um ponto de internet onde possam acessar o mundo digital no qual as aulas são ministradas em modo virtual. Imagine o quadro de pais desempregados e o desespero para sobreviver com os filhos. É nessa hora que o índice de criminalidade cresce e o trabalho é maior para a polícia, o ministério público, a justiça.

Ah! Quase ia esquecendo de mencionar as quilométricas filas bancárias de todos os dias. Sob o frio domínio do lucro a qualquer custo, o sistema bancário fecha agências, postos de serviço, desemprega funcionários e deixa o povo sem meios ao sol e chuva, à mercê, às vezes, de um único ponto de atendimento. A ação proporciona-lhe mais lucro, é claro, mas traz um prejuízo muito maior para a sociedade, favorecendo a aglomeração de pessoas e a sobrevida do vírus. E, assim, não há meio termo, porque já está às portas um novo cronograma de auxílio emergencial do governo federal.

Portanto, o que se assiste por todo o país, e aqui também em Caxias, é a prova de um modelo de vida que está sendo confrontado, não por revoluções populares, mas pelo concurso da própria natureza. De repente, o sistema controlador se encontra na posição de vítima, porque não tem condições de solucionar em tempo hábil todas as dificuldades que produziu.

Talvez seja por isso que certos grupos organizados prefiram mesmo ignorar os males provocados e a própria pandemia. Na verdade, eles se acham sem meios eficazes para modificar o quadro de uma realidade que foi sedimentada com esmero ao longo do tempo que existimos como nação. Contudo, estamos diante de um mal muito maior, que rouba vidas muito caras para todas as famílias.

Diante de tal realidade cruel, cujo infortúnio só pode ser dimensionado por quem já vivenciou em um familiar e na qual você também poderá ser a próxima vítima à procura desesperada de um leito de hospital, vê-se que é hora de ceder lugar à racionalidade que nos faz diferentes dos seres vivos em meio à natureza, e lembrar que sentimentos como ganância, desejos e paixões pessoais só nos aproximam mais do indiferente e forte coronavírus.


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