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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Sob o estigma da desordem


Andando por Caxias, na atualidade, o transeunte vê que a cidade secular está transformada, que os casarões históricos vão perdendo terreno para a expansão imobiliária, as ruas e as praças centrais são apinhadas de comércio informal, que não há praticamente espaço para o pedestre circular durante o dia, e que o lixo, invariavelmente, ou está amontoado ou espalhado nas calçadas.

Ah!, mas isso é inevitável, são as consequências do progresso, muita gente vai dizer. Penso que não! Se é uma cidade histórica com vocação turística, nossa urbe precisava estar mais arrumada, o asfalto das ruas impecável e sem a profusão de quebra-molas que estressam os condutores e fazem do ato dirigir uma cansativa e desagradável maratona.

A sinalização no trânsito, então, mais parece falácia. Não porque não exista, mas porque, sem fiscalização, ninguém a obedece e só pela providência divina os acidentes ruins não acontecem.

Enquanto isso, motos e automóveis se revezam ocupando espaços de estacionamentos permitidos ou proibidos a cada categoria, numa verdadeira miscelânea de desordem, a demonstrar que aqui é o império dos fora da lei e que a vontade do mais forte, quem chega primeiro, é a que prevalece.

Colocando-se esses fatores, fico a imaginar a impressão que leva o turista que nos visita. 

Se procura um serviço bancário, confortável em outras cidades, aqui terá pela frente um acesso dificultado, pois são pouquíssimos os caixas automáticos e o fato concorre para as poucas agências sempre estarem em regime de filas memoráveis no horário comercial. 

À noite, então, o perigo é a falta de policiamento ostensivo, facilitando a vida de assaltantes e de moradores de rua em busca de um bandeco para comer ou comprar a droga viciante que os consomem diariamente. 

Com medo da incursão de marginais, nem os hotéis da cidade, os balneários, disponibilizam esse tipo de serviço, e nos restaurantes, churrascarias, lanchonetes, idem. A ordem das coisas está tão invertida que nem nos prédios da administração pública, à exceção de um cash no Mercado Central e outro no Terminal de Passageiros, há essa facilidade para uma população que beira 180 mil habitantes.

Entretanto, ainda que já se alastrem em outras cidades brasileiras e mesmo na capital federal, nada é mais atestatório do clima negativo que paira sobre Caxias do que ver-se a profusão de cercas elétricas e concertinas cercando as casas residenciais. 

A cidade inteira mais parece um grande campo de concentração da época da segunda guerra mundial, e chega a ser hilário olhar-se os belos projetos arquitetônicos dos especialistas sucumbirem diante dos inevitáveis aparatos de segurança. 

Diante de um cenário como esse, é lastimável constatar que Caxias, tão decantada em verso e em prosa, está à mercê de um estigma que não tem a menor cerimônia de desafiar suas autoridades: a desordem. 


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