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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Uma segurança pública na defensiva


A segurança pública no município de Caxias não pode continuar a ser ignorada pelas autoridades do Estado, e também pelas do próprio município. O alerta foi dado na Câmara de Vereadores, durante a sessão ordinária da manhã da última segunda-feira, 08/11, com vários parlamentares fazendo abordagem sobre o tema. 

A estratégia tecida na reunião teve como ponto de sustentação o posicionamento da classe política local em intensificar a pressão sobre as autoridades estaduais, Secretaria de Segurança e Governadoria, a melhorarem as condições de trabalho do 2º Batalhão da PMMA, sediado na cidade, mas responsável por nada menos do que seis municípios da área de entorno da Princesa do Sertão.

Há entendimento que é imperativo distribuir postos policiais na zona rural e investir em mais viaturas, principalmente motocicletas, veículos mais rápidos e utilizáveis em todo tipo de terreno, para barrar a ofensiva das facções criminosas que estão se instalando na região, oriundas de outras cidades onde essas organizações estão mais enraizadas, promovendo uma grande ofensiva em todo o leste do Maranhão.

Os noticiários dos últimos dias revelam grande número de assaltos a motocicletas, que são revendidas muitas vezes com preço a um décimo do valor real, tanto na zona rural caxiense quanto em outros municípios, com o propósito de levantar dinheiro para aquisição de drogas, que rendem mais para a marginalidade.

Em incursão pelo interior do município, guarnições do 2º BPMA recuperaram no último fim de semana cerca de 27 motos, mas o número desses assaltos já alcançou mais de 300 unidades, somente neste ano, de acordo com o comando da corporação.

Afora essas ocorrências, cresceu substancialmente os boletins policiais registrando arrombamentos audaciosos a residências e a comércios, assim como de assaltos pegadinhas, nos quais marginais roubam sem cerimônia pertences das pessoas em praticamente todos os pontos de Caxias, tanto à noite como à luz do dia, a maioria em duplas sobre motocicletas que, às vezes, também foram roubadas da população.

Na manhã dessa quarta-feira (10), na área da arquibancada do campo dos Caldeirões, um homem tombou morto e ficou jogado ao chão com as vestes ensanguentadas, após ser esfaqueado brutalmente. Sob registro da imprensa, quando a polícia militar afastava curiosos do local, tiros de arma de fogo eram ouvidos nas imediações, como a afrontar os agentes com o recado de que aquele bairro está sob a tutela dessa ou daquela facção que comanda a distribuição de drogas na área. 

Basta um olhar mais atento para descobrir-se que muitas moradias e prédios das comunidades do perímetro urbano ostentam hoje marcas grafitadas das facções que as dominam, estabelecendo um regime de alerta tanto para intrometidos como para os agentes da lei. Seu objetivo é fazer crescer o número de usuários de entorpecentes, principalmente adolescentes, que podem ser vistos nas praças públicas consumindo abertamente.

Nitidamente em desvantagem numérica para dar conta da diversidade de crimes no município, os policiais militares de Caxias fazem o que podem em sua rotina de trabalho diário. E a verdade é que não lhes falta empenho, embora seu aparato de confronto peque em quantidade para realizar um policiamento mais ostensivo dentro da cidade, sem falar nas cerca de 800 povoações rurais.

Como testemunha ocular de duas operações policiais com motocicletas no encalço de assaltantes, assisti como os policiais do 2º BPMMA estão preparados para a abordagem a esses marginais. Diante dos motociclistas da PM esses infratores ficam sem chances, quando identificados. O problema, no entanto, é que são poucas as patrulhas em circulação, e isso deixa brechas para a marginalidade agir praticamente em qualquer lugar.

Na sessão da Câmara, na última segunda-feira, o vereador Torneirinho (PV), que preside a Comissão Permanente de Segurança do legislativo, tornou pública essa grande lacuna que aprisiona Caxias no momento, e que deve se intensificar mais no período das festas do final do ano. O parlamentar pediu a união da comunidade, no sentido de pressionar as autoridades estaduais e do município, bem como os deputados caxienses na Assembleia Legislativa Estadual, para que alguma coisa seja feita em prol de Caxias.

Preocupado com o assunto, o presidente da CMC, vereador Teódulo Aragão (PP), enfatizou na sessão que o caso já vem sendo objeto de várias tratativas suas junto ao prefeito Fábio Gentil (Republicanos), e garantiu que o secretário de Estado de Segurança Jeferson Portela adiantou para os dois, quando de recente mudança de um comando policial em Timon, que muito em breve Caxias receberá novas motocicletas e viaturas para melhorar a segurança pública na área. Ele disse que o posto policial que está sendo construído no povoado Engenho d’Água, no segundo distrito, já faz parte dessa ação que está sendo implementada pelo governo estadual no município.

Autor da reivindicação do posto policial para o Engenho d’Água, o vereador Catulé, também na sessão de segunda-feira, chamou a atenção dos colegas, sugerindo que a essas providências seja acrescentado um redirecionamento no trabalho que a Guarda Municipal realiza atualmente em Caxias, o qual, a seu ver, é subutilizado. 

Com um efetivo de mais de 100 servidores, a corporação, que já iniciou processo para adquirir armamento, deve, para o vereador decano da CMC, também participar da segurança pública da cidade, se transformando num apoio valioso a todo o sistema, como já acontece em muitas cidades brasileiras. Mas, aí, resta a saber o entendimento que tem sobre a matéria o nosso poder executivo, enquanto nossa segurança pública trabalha na defensiva para poder corresponder aos anseios da comunidade.


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