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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Confusão imprevisível


A campanha legalmente nem começou e as baixas já dão sinais de que serão muito sentidas durante o processo eleitoral caxiense, pelo menos dentro do seio do bloco governista. Primeiro, foram os disse-me-disse semanais, as reclamações, as denúncias pedindo correção de rumos, o cumprimento de acordos. Agora, tudo mais já evolui para o confronto direto e incondicional.

O quadro não é de confronto entre blocos ideológicos, partidários, refregas normais aguardadas de políticos que fazem oposição entre si. Não. Aqui em Caxias, a essa altura do ano de 2022, o que acontece é uma briga intestina, dentro do próprio poder que há cinco anos se formou em torno da candidatura do então vereador Fábio Gentil, para que assumisse o comando da política caxiense, que ficou acéfala após o passamento do ex-prefeito e ex-deputado estadual Dr. Humberto Coutinho.

É incompreensível a atitude do alcaide em não postular um mandato de deputado federal, senador, ou deputado estadual, agora, quando já se sabe que em 2024 ele não poderá mais se reeleger na prefeitura, salvo se uma mudança constitucional vier a alterar o cenário eleitoral brasileiro neste sentido.

Então, o que se assiste no momento é um digládio autofágico, no qual os vereadores da base do governo municipal divergem fortemente, e, ao que parece, sem retorno de posição, a favor da candidatura do secretário de Estado de Turismo Catulé Júnior (PSB) a deputado estadual ou da reeleição da deputada estadual Daniella (DEM),  apoiada com todas as letras pelo prefeito Fábio Gentil (Republicanos).

O fim de semana que passou foi marcado pelo entrevero que o ex-prefeito Paulo Marinho teve no departamento de tributação do município, ao solicitar a emissão de um DAM para a cessão de direitos de um terreno de sua propriedade, que foi interpretada como um protocolo de ITBI, cujo valor, exorbitantemente maior ao pedido, resultou numa demonstração de posicionamento político para que PM fosse atrapalhado de fechar qualquer tipo de negociação com a sua propriedade.

O fato gerou discussão no local, servidoras foram envolvidas e uma câmera de TV foi destruída, na tentativa de flagrar a presença do ex-prefeito naquele setor da prefeitura. Houve também muita exposição interpretada como agressão a mulheres por PM, exatamente perto da semana em que se comemora o Dia Municipal da Mulher (06 de março) e o Dia Internacional da Mulher, transcorrido na última terça-feira, 08.

Pontos de vista à parte, mas o fato concreto foi o prejuízo causado ao reclamante, em clara resposta às duras críticas que ele fez e vem fazendo contra a gestão municipal, em que pese seu filho, o vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PV), ser membro do governo. E ele mesmo, Paulinho, que já vem reclamando de ações que deixam de corresponder aos anseios da população, e mais ainda o não cumprimento de acordos firmados por Fábio Gentil nas duas campanhas que todos participaram juntos e unidos.

Como é de amplo conhecimento na cidade, Catulé Júnior, que na primeira gestão inicialmente ocupou a Secretaria Municipal de Governo, tinha acordo para o prefeito apoiá-lo a uma vaga na Assembleia Estadual, cedida em favor do ex-deputado Zé Gentil, que acabou eleito e veio a falecer posteriormente.

 O compromisso teria sido refeito para as eleições de 2022, mas alcaide já declarou apoio à reeleição da deputada Daniella sem nada dizer da pretensão de Catulé Júnior, ora firmemente atrelado ao grupo do governador Flávio Dino (PSB), que concorrerá a vaga no Senado Federal pelo Maranhão.

Enquanto isso o vice Paulo Marinho Júnior assumiu mais uma vez campanha para deputado federal, já que na última eleição ficou na condição de suplente e chegou até a ter mandato por determinado tempo. Com seu nome novamente lançado, eis que o seu fiel compromissado o deixa de lado e lança a própria filha, a secretária de Governo Amanda Gentil, para concorrer a um lugar na Câmara Federal.

Sempre que o assunto vem à baila, o prefeito desconversa, em claro movimento de deixar as coisas para mais pra frente, enquanto são cada vez mais fortes os rumores de descontentamento, e até de rompimento, nas bases do governo, inicialmente, com toda a certeza, por parte da família Marinho.

Mesmo sem nada declarar, o grupo de Catulé Júnior certamente não ficará calado se o resultado das eleições lhe for adverso. Os Marinho, idem. Mas o vereador Catulé (Republicanos), decano da Câmara Municipal, sempre que pode, afirma que jamais será subserviente à prefeitura, talvez respaldado no fato de que foi ele um dos precursores e idealizadores da aliança que pavimentou a estrada de Fábio Gentil ao poder caxiense.

Da mesma maneira que não correspondeu aos acordos com Paulo Marinho Júnior e Catulé Júnior, FG desalojou também o decano e experiente Catulé da presidência da Câmara Municipal, na última eleição. Em seu lugar, entrou em cena o vereador mais votado no pleito, Teódulo Damasceno de Aragão (PP), primo do prefeito, sobre o qual as vistas de olhos passaram a imaginar como sendo a mais forte candidatura à sucessão na prefeitura.

No entanto, assiste-se no momento à boataria de que TA já não seria o ungido para a sucessão municipal, e que a escolha caminha para batizar a cabeça do sobrinho Gentil Neto, o qual, segundo as vivandeiras de plantão, é quem o núcleo interno do poder e o próprio prefeito acham em mais condições de continuar as ações políticas de Cabeludo na cidade. 

Ocorre que este cenário é para ser considerado com o insucesso das candidaturas de Paulinho e Catule Jr. nas eleições deste ano. E aí, imagine o quadro com os dois eleitos e, por conseguinte, fortalecidos! Certamente toda a equação exposta terá que ser revista, até porque os dois jovens políticos há muito já dão demonstrações de que conhecem a seara em que estão pisando.

 É preciso considerar o fato de que Fábio Gentil, pelo andar da carruagem, ficará sem qualquer mandato a partir de 2024. E lembrar, também, que é preciso consultar o eleitorado, saber o que ele acha disso tudo que está ocorrendo presentemente em Caxias. 

Afinal de contas, são as pessoas que votam que moldam a política caxiense, não as que temporariamente estão no poder, já que vivemos em democracia e prevalece a vontade da maioria.

Quando a política vai se tornando complicada, o povo caxiense logo encontra um jeito de modificar a situação. Foi dessa forma que Aluízio Lobo foi destituído, depois Paulo Marinho e, por último, a família Coutinho. Isso sem levar em conta que ele tem demonstrado também um certo saudosismo de corresponder a alianças que são formadas em seu nome, para dar outros ares à vida da Princesa do Sertão Maranhense. 


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