Wybson Carvalho
Recanto do Poeta
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O poder
Poder é sempre um espelho
a refletir imagens:
reais – dos que o detêm para aqueles que o querem
irreais – daqueles que o querem, mas não o têm.
Iguaria real
Em mim há uma porção negra:
confusão de minha origem ao apuro da morte
- qual vela apagada à existência.
Opus caxiense
Caxias, palco invadido por claques outros
a marginalizar teus nativos artistas,
em teu...
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I
... apague a luz da noite na tua face ao fechar as duas estrelas luminosas dos teus olhos e repouse em um sonho a renascer...!
II
... amo o perfumado silêncio das flores nos jardins, pois ele me diz o que as almas calam em seus desejos ...!
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...ainda há um aroma de flores caídas no chão das manhãs, tardes e noites dos dias existenciais à pandemia.
...ainda há um ar velórico tal qual o ensurdecedor silêncio de finados sem o badalar dos sinos da Igreja de São Benedito, acordando o segredo de sonhos embriagados à solidão dos bares ao entorno da Praça Vespasiano Ramos.
...ainda há uma angustia com sensação de um medo...
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Enigma editorial
O verso apodrece
qual verme habitante
nas vísceras da fome
e o poeta se faz pecado.
é pois,
a angústia indigesta
sob a ânsia de vômito
em pedaços do verbo
derramado ao papel.
Opção
Fui, sou e serei
o filho não pródigo
sem casa para retornar
e
sob um sol de brasas,
outros passos levam minha alma
- queimada e acasalada –
nos dias sem querer descanso
e na...
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Quanto és bela, ó Caxias! - no deserto,
Entre montanhas, derramada em vale
De flores perenais,
És qual tênue vapor que a brisa espalha
No frescor da manhã meiga soprando
À flor de manso lago.
Tu és a flor que despontaste livre
Por entre os troncos de robustos cedros,
Forte - em gleba inculta;
És qual gazela, que o deserto educa,
No ardor da sesta debruçada exangue
À margem da corrente.
Em mole seda...
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Meu sol
Emersa luz de vida fugitiva
dos montes em véus escuros
e carregados de prantos posteriores
à rega temporária da terra cáustica
Vem e prepara a coberta de calor
que transforma em cinzas
os momentos matutinos e vespertinos
da agonia, diariamente, seca.
Não ir
Meus descalços pés andarilhos
levam meu corpo baldado e nu
ao caminho algum de repouso
no qual chego carregado de nada.
Ceticismo e...
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Sentença
Incriminar o errado
julgando-o seu
sob o domínio.
Possesso é, pois, o réu
em submissão contínua
a calar-se ante a verdade
dita nos momentos errôneos.
Possessiva é, pois, a juíza
sem dar de si
um mínimo perdão
incriminado à condenação.
Construção em nicho
de qual nutrição se serviu a raiz,
para edificar o ser...
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...que só minha solidão exista e me sirva de companhia entre outras pessoas;
...que só minha solidão exista e que eu tenha a coragem de ficar com o nada.
...que só minha solidão exista e que eu saiba me negar, e, mesmo assim, me sentir como se estivesse pleno de coisa nenhuma...!
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Quando a matéria inválida tombar
obediente à natureza cumprida
e imergir ao barro...
estórias de liberdade
serão tecidas sobre o ser
que não mais está cíclico ao meio...
livre é ser sem estar
e sido em sendo o verbo, ainda.
Fome
Ausência de iguarias
nos recipientes à mesa
do oferecimento aos desvalidos...
presença do vazio
nas vísceras do estômago
embrulhado pelo papel...
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...luz natural eterna e natural
o sol ilumina a criação, e, então, o homem e o poeta se completam ...!
Poesia imagética: David Sousa.
Poesia textual: Wybson Carvalho.
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