Canção ao exílio
Em minha terra havia palmeiras e o canto dos sabiás.
nela, exalava o perfume dos jardins urbanos.
dela, ouvia-se a linguagem singela do cotidiano.
com a minha cidade crescia a romântica dos poetas...
a inimizade humana passava por sobre ela
em eólica turbulência rumo às outras plagas,
para derramar-se noutros cenários de ganância existencial.
à minha terra, na infância, ouviam-se sinfonias sabianas
nas manhãs iniciais de um futuro já desenhado ao abandono.
e, agora, quais árvores darão abrigo a outros pássaros canoros
para entoarem um canto de saudade?
Cachos de flores
(ode a Caxias)
Quem amou, verdadeiramente, te chamou de princesa
e quando quiseram arrancar de ti o sumo nobre...
não aceitou beber o cálice com teu sangue
quem ama, fielmente, te chama de lírica poesia
e quando querem declamar de ti o poema nativo...
atenta para ouvir os versos brancos do teu véu
quem nunca amará, em verdade,
te trairá sob cunho promíscuo...
e quando quiserem usufruir de ti
a beleza em ônus mercenário...
ofertará a plebe de teu reino
e te deixará órfã de viva natureza...
Pertencimento simbiôntico
O homem está dentro da cidade e carente dela
a cidade está fora do homem à agitabilidade dele
o homem deve estar na cidade
assim como ela deve estar nele
pois,
a cidade é o habitat social do cidadão
para o exercício munícipe de sua cidadania!
Espetáculo patrimonial
A cidade é o palco de estrutura em concreto misto ao homem:
pedra, areia, barro e ferro
nas vias, logradouros e edificações do teatro humano...
assim como o esqueleto é sua arquitetura
em complexo psicofísico do homem:
carne, osso e sangue e alma transeuntes
em personagens habitantes nas estéticas cênicas...
eis, portanto,
a novela trágica no gênero habitat ficcional
do ir e vir ao espetáculo e, ainda, seu meio social!
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