PUBLICIDADE

Responsive image

Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

O poeta e a poesia


Segundo o sábio professor, poeta e jornalista maranhense Alberico Carneiro, "se é atualíssima, ainda hoje, a teoria de Aristóteles sobre a arte da poesia ou da poética, apresentando-a como imitação, transformação ou mutação da realidade vista por outro ângulo, o poeta é uma espécie de mago, feiticeiro, bruxo ou encantador. Desse ponto de vista, ele, o poeta, pode transfigurar a linguagem da semântica, isto é: fazer com que as palavras, à maneira dos camaleões, passem por um processo mimético ou do mimetismo. E, assim, como camaleão, que, para preservar-se dos predadores mais perigosos, adapta à coloração da pele à cor do ambiente, para fingir e confundir-se com a paisagem, também o poeta faz com que as palavras imitem a realidade, procurando inseri-las no contexto semântico que corresponda à sua ambiência irreal."

O poeta português Fernando Pessoa traduz esse paradoxo ou ambiguidade aristotélica sobre o ato da imitação à realidade: - “o poeta é um fingidor/finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”.
Já o poeta ludovicense, Nauro Machado, outro ser humano-cultural incompreendido em seu tempo, se confessa e, portanto, explica: - “a dor de ser poeta/ do ser fatal/ a dor de ser feroz/ é instante só/ mas que no ser demora e dura e fere/ para que mais doa”.

E um poeta-camaleão, Salgado Maranhão, se faz poetar nas coisas: - “As coisas querem vazar o poema/em sua crosta de enredos, as coisas querem habitar o poema/para serem brinquedos. Chove nas fibras de alguma essência secreta e o poema rasga a arquitetura do poeta”.

E a poesia? “A é a arte da linguagem humana do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual da fala em recursos formais, através das rimas cadenciadas. A poesia faz adoração a alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico também. Há três expressões de poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas”.

Mas, poesia é, eminentemente, arte e exercício humano/espiritual. Quanto ao questionamento conceitual sobre esse contexto, temos a certeza: Bertoldo Breath se fosse questionado por alguém a respeito do conceito de o quê é a poesia, certamente o questionador já obteria sua resposta - “poesia é o próprio homem/trabalhador e, em realidade, há homens que trabalham dias e dias; esses são considerados bons / há homens que trabalham anos e anos; esses são considerados muito bons / e há homens que trabalham sempre; esses são imprescindíveis...”. Portanto, a poesia é um produto do esforço psicofísico humano. O mesmo questionamento, feito a Henfil, é claro, também, ele já nos respondera: - “poesia é arvore de vida e, em realidade, se dela não houver frutos, valerá o perfume e a beleza das flores; se dela não houver flores, valerá a sombra e o abrigo das folhas; e, se, dela não houver frutos, flores e folhas, valeu a intenção da semente...”. Embora a poesia, é claro, também, produto natural do esforçado cio da terra.


Comentários


Colunas anteriores

Poemas à poesia-musa

Lembranças  Eras tu e teu pensamento cruel e frio, pois, pensavas em todas as outras pessoas  - menos em mim... e, cruel e frio, ao silêncio eu pensava, lembrava e gritava a ti - pensas e lembras de mim - aí, então, sentirás meu pensamento só em ti...! Tripartite  do ser  O quê é para ser falado minha alma brada em voz.   O quê é para ser calado  minha atitude cala à...
Continuar lendo
Data:25/03/2024 16:53

Tripartite do ser

O quê é para ser falado minha alma brada em voz.   O quê é para ser calado  minha atitude cala à vós.    Ao quê não pode ser almejado  à minha razão desistiu de nós.
Continuar lendo
Data:18/03/2024 15:09

Poemas ao anverso do eu

Eu nenhum...!  Preso às más circunstâncias  escravizo-me em fugas à procura do meu eu... sem encontrar êxito ao afã,  multiplico as buscas pelo zero  à esquerda de mim... Procura inútil...!  Aprisionado sim,  mas - vez em quando -  fujo da cela que há em mim procurando encontrar a solidão que a fuga me faz... fugitivo me busco em outra ambiência solitária que essa...
Continuar lendo
Data:11/03/2024 14:43

PUBLICIDADE

Responsive image
© Copyright 2007-2019 Noca -
O portal da credibilidade
Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google:
A Política de Privacidade e Termos de serviço são aplicados.
Criado por: Desenvolvido por:
Criado por: Desenvolvido por: