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Wybson Carvalho

Recanto do Poeta

Clemência ao Itapecuru


O rio refém

A parca víscera líquida sob a ponte

leva a magra lâmina doce ao destino corrente

para a imensidão gorda de boca gulosa

e estômago viciado à digestão salgada

Fome e sede do Itapecuru

Com quantos dentes mastigas as vidas

engolidas por ti no escorrego dessa garganta

de correnteza lenta de águas servidas

formando o esgoto com uma só víscera

que secará dia-a-dia

face à derrubada de tua cabeceira vegetal

expondo margens de areia quente 

sob mil sóis cáusticos

em contra partida

na simbiose maldita e mais rara

com agonia são retiradas de ti

vidas que saciam estômagos famintos

ao teu pasto serviçal de acasalados espíritos

em corpos vivos e armados com ferro e nylon

mergulhados na tua parca lâmina líquida

vestida e suprida de dejetos

que amputam os braços afluentes 

a oferecer veredas secas

à mesa de tua morte anunciada...

Mendigo

Em grito por água 

a voz rouca fugida da goela seca 

é a única canção da sede 

em quem estende a mão aberta

ao aceno por pão

para ocupar o vazio

habitat da fome.


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